Epílogo

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Alyssa p.o.v

Foi difícil eu me acostumar com a claridade, foi mais difícil ainda ouvir todos falando que eu estava morrendo, quando eu achei que não poderia piorar, Justin estava se despedindo de mim autorizando que desligassem meu pulmão de aluguel.

Eu tinha que tentar.

Dizem que quando estamos morrendo, nosso cérebro libera uma camada de endorfina pelo nosso sangue, todos os momentos vem à tona na cabeça, desde as memórias mais antigas até às mais recentes, enquanto por fora eu estava calma, por dentro eu estava  em um conflito interno.

Eu nunca pensei que estar morrendo fosse desesperador, talvez, não seja. Mais eu tenho vínculos que me prendem, eu sou mãe, filha, esposa… eu tinha que parar de tentar acordar só quando Deus me dissesse que acabou.

A sensação de estar morrendo já me atingiu várias vezes, quando eu tinha hábitos suicidas, morrer parecia um alívio. E eu sei por que apenas parecia ser um alívio… Naquela época eu estava quebrada e não enxergava amor de ninguém, pra mim a vida tinha acabado.

A grande diferença foi que aqui agora, eu não poderia me deixar vencer pela morte como eu quis em tantas vezes, aqui eu tenho três crianças e tenho Justin. Deixá-lo seria tão egoísta. Eu o amo tanto que se eu estivesse morta, eu estaria no inferno por ser tão fraca e egoísta. Eu não podia deixar ele, e eu não o fiz, eu lutei comigo mesma, tentei ignorar os fracos batimentos e apenas pedi, implorei pra que eu conseguisse abrir meus olhos.

Deus ouviu minhas preces, eu achei que não fosse digna de tal ato, mais eu consegui me vencer.

Eu estou viva.

- Aly?! - Justin diz parecendo não acreditar - Alyssa… - ele chora coçando os olhos - Você…

- Justin? - sorrio fraco puxando o ar com força - amor… eu te amo. - digo e ele vem até mim me abraçando com força, deixando-me inclinada para ele.

- Você está realmente aqui? - ele pergunta soluçando - você não me deixou? - passa as mãos no meu rosto com dificuldade por conta dos canos no meu nariz - você está se sentindo bem?

- Eu quero ver meus filhos - digo e ele assente secando as lágrimas - Não chora… - peço ainda com a voz fraca e os médicos apenas olham chocados - Você é tudo pra mim, eu nunca vou te deixar, ainda temos um longo caminho juntos.

- Eu não acredito - ele diz passando o nariz no meu - eu tinha perdido as esperanças.

- Eu não - sorrio fraco sentindo seus lábios nos meus, quentes e trêmulos - se acalme.

- Eu estou parecendo um veado, minhas pernas estão moles - ele diz e eu quase consigo gargalhar. - vou avisar à todos que você está bem.

- Senhorita? - o médico chama - como a Senhora acordou sendo que na mesma hora nós desligamos o pulmão artificial?

- Eu não sei - digo deixando uma lágrima cair.

- Sua força é admirável - ele diz e eu assinto ouvindo a porta se abrir com minha mãe entrando igual a um furacão.

- Amor! - ela me abraça e começa a soluçar, eu também ouvi tudo o que ela disse, ela chorou tanto quando eu não estava acordada que eu me remoía por dentro. Ela disse por uma par de vezes que queria estar no meu lugar.

- Filha! - Essa voz do meu pai encheu meu coração, pelo menos assim ele me vê, pelo menos assim Marcos lembra de mim e bom, eu não me importo, eu o amo.

- Ouvi você dizer que não era mais meu super pai - digo baixo enquanto ele me abraça - mentira. - ele ri secando o rosto.

- Vamos transferi-la de quarto, precisamos que vocês saiam. - Uma das enfermeiras diz. Aos poucos meus pais saem e eu sorrio tranquila.

My BossOnde histórias criam vida. Descubra agora