Acordo sentindo uma dor de cabeça que me faz dar um pequeno grunhido de dor. Ontem a noite foi louca, além da festa aqui no morro, eu fui pra festa no morro de um amigo meu Leonardo Vieira. Verônica estava ao meu lado, dormia profundamente, eu saí de fininho do meu quarto para não acordar ela não estava afim de escutar ela reclamando logo cedo. Entro no banheiro pra tomar um banho gelado para acordar, hoje eu iria para uma visita lá nas casas, ver como anda as coisas por ela. Entro na água e sinto minha pele se arrepiar.
Fazia alguns meses que não ia ver as pessoas lá na parte de baixo do morro, nosso morro e divido por duas partes. As partes dos meus meninos que ficava em cima. E a parte dos moradores que ficava em baixo, geralmente eu sempre vou lá ver como estão as coisas, se as casas precisam de reforma ou precisam de dinheiro. E mais um projeto social do morro.
— Amorzinho...! — a voz irritante de Verônica se fez presente em meu ouvido e eu instantaneamente reviro os olhos — Deixa eu entrar aí pra tomar banho com você bebê.
— Verônica me deixa hoje, vai pra sua casa. — digo e escuto a mesma bufar.
— Você tá me expulsando Victor ?
— Não... Eu só estou pedindo pra você ir embora. Só isso. Tenho certeza que mais tarde você volta — digo afirmando pois Verônica sempre volta pra cá depois.
— Tá bom amorzinho.
Escuto seus passos se distanciarem aos poucos e suspiro fundo. Conheci Verônica a cinco anos atrás, e desde então ela mora aqui no morro, ela havia separado de seu marido abusivo e estava sozinha, eu a acolhi e desde então temos um... lance. Ela acha que um dia a tornarei fiel minha, o que é um pouco improvável já que Verônica é meio que uma " puta ". Não que eu goste dessa palavra afinal eu defendo muito o direito das mulheres mas, Verônica e muita dada. Se alguém sorri pra ela, ela já quer dar a buceta. Eu não quero alguém assim.
Desligo a água e pego a toalha. Enrolo a mesma na cintura e destravo a porta e vou para meu guarda roupa. Escolho uma roupa mais de calor e de ficar em casa, uma bermuda jeans e uma blusa regata preta, coloco um chinelo havaianas. Estava quase pra dar onze da manha e eu precisa reunir os moleques para discutir o novo plano que irei montar para o morro.
Fazia anos que o morro vivia em paz, sem drogas, tiroteio, mortes os algo do tipo. Meus pais Fernando e Eloisa sempre cuidaram do morro mas, conforme a morte da minha mãe pelo pai do meu "rival" meu pai ficou sombrio e então declarou guerra com quase todos os morros do Rio. Demorou cerca de três anos pra mim manter a paz entre os morros. Mas só tem um que eu não fiz negócio... A Rocinha. O morro do Felipe. Aquele desgraçado matou a minha mãe junto com seu pai. Eu ainda vou matar aquele verme!
Estava descendo para o cozinha quando vejo Leia e sua filha Ana. Leia e mais ou menos minha governanta, ela trabalha aqui desde do meus nove anos de idade, ela e uma mãe pra mim.
— Bom dia Leia! — digo dando um beijo na sua bochecha. — Bom dia Ana.
— Bom dia tio Victor.
Todas as crianças da comunidade tinham mania de me chamar de tio, era algo legal de ouvir principalmente quando elas estavam felizes. Leia estava botando o café quando escuto passos vindo da escada.
— Bom dia gente linda! — Jade fala se sentando e bocejando.
— Bom dia Jade. — Leia fala indo beijar ela.
— Bom dia flor do dia. — falo e mesma mostra a língua.
— Você e aquela biscate da Verônica podia fazer menos barulho né ? — ela diz e eu engasgo.
— Jade tem crianças no recinto. — fala apontando para Ana que lia um livro de natureza.
— Tá... Mas e sério pai ela parece um gazela gemendo. — Jade sussurra pra mim e eu dou uma risada.
— Não posso discordar.
Eu e ela rimos.
— Bom gente eu preciso me arrumar pra ir pra escola por que hoje e prova né. — Jade fala levantando e me dando um beijo — Vai me levar papai ?
— Sim. Se arruma logo que ainda vou passar na casa de uns amigos meus.
Ela sorri e sobe as escadas. Jade é meu tesouro, quando adotei ela eu a fiz minha princesa, seus pais era do morro mas morrerem depois de uma invasão da Maré. Então quando eu soube da Jade tratei de adotar e cuidar dela como se fosse minha. Nunca tive filhos, não que não quisesse mas nunca achei a pessoa ideal para isso — ou talvez eu tenha achado e a deixei escapar entre meus dedos — esse pensamento me fez refletir em algo que fazia anos que não pensava.
— Pai, você não esqueceu que semana que vem tem a exposição ne ? — Jade fala me tirando dos meus pensamentos.
— Não filha, amanha iremos providenciar umas fotos para a sua exposição.
Ela sorri. Leia que agora estava olhando para mim sorria de maneira amorosa para Ana, logo depois olha para mim e parece que ela percebe o que esta acontecendo.
— O que foi Victor? — ela pergunta logo se sentando na minha frente.
— Pensamentos do passado vindo me atomentar.
— Que tipo de pensamentos ? — ela pergunta e pude perceber na sua voz uma curiosidade e também uma certeza do que era.
— Uma mulher... Do meu passado. As vezes acho que se eu não tivesse sido um grande babaca ela não teria me deixado e ido para o outro lado do mundo.
— Ela foi por que estava gravida e você disse para ela abortar. — Léia diz como se fosse a coisa mais óbvia do mundo.
— Eu fui um filho da puta com ela, mas... — eu não sabia explicar sempre que pensava nisso parecia que ela era errada, mas agora soa como se eu fosse o errado.
— Mas o que? Você sente falta dela ? Quer ligar para ela ? Saber como ela ta ? Você pode Victor, e só você querer.
— Como ? Não sei onde ela mora, o que esta fazendo agora.
— Victor pelo amor de Deus! Ela é uma estilista famosa, se manca meu filho!
Olho para Léia e percebo o que ela quer dizer. Jade começa a descer a escadas com o celular na mao. Jade sorri para mim, e percebo que seu sorriso de alegria. Jade para mim e minha princesa, a única pessoa que eu devo amar mais que tudo nesse mundo.
— Tchau Léia, tchau Ana. — Jade diz indo para a garagem.
— Boa aula minha linda. — Jade sorri e desaparece. Leia se dirige a mim agora. — Você sabe que não sera fácil né ?
— Sei, mas eu to determinado a fazer tudo que posso.
Leia sorri. Eu realmente estava determinado a fazer Pietra me perdoar por tudo, e talvez só um talvez mesmo, fazer com que ela volte para mim. Deixando a cozinha pude perceber que Jade estava olhando pacotes de viagem, o que me fez franzir o cenho.
— Ta olhando pacote de viagem para que em ? — pergunto entrando no carro e esperando o portão da garagem abrir.
— Então... Era para ser surpresa mas já que você já viu. Pai o que você acha de nas minhas férias a gente ir para Nova York ?
Olho para ela de maneira sorridente. Mas infelizmente eu não podia, o morro precisava de mim, e por mais que meu sub seja bom, ela ainda não esta preparado para comandar o morro.
— Jade eu... — mas então uma lanterna acendeu em minha mente. — Claro que sim filha!
— Sério pai? Nossa valeu! — ela pula para me abraçar e eu dou risada.
— Mas, só se você tirar notas boas.
— Pai eu sempre tiro notas boas meu amor — ela diz se gabando jogando seus cabelos encaracolados para mim.
— Ta bom nerd, agoara vamos que ainda tenho coisas para resolver.
Ela sorri. Ver o sorriso no rosto da Jade me faz refletir que eu sou um ótimo pai.
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A Filha De Um Traficante [EM REVISÃO]
Teen FictionAlice Clark Brandão sempre teve tudo que uma garota sonhava, pai maravilhoso, rica e amigos descolados. Ela estava feliz... Até descobrir que sua vida era um conto de fadas fictício e que seu "pai biologico " era traficante. É pra piorar ele era don...