Castigo

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- Camila? Aquela doida,que vive dando surtos e falando besteiras para os  outros ?

- Exatamente! - Olhei para Normani esperando ela continuar.

Eu não estava entendendo nada.Camila era uma menina jovem, tinha mais ou menos um ano que tinha chegado aqui,ela vive dando surtos de loucura dizendo que tem alguém à perseguindo,briga com todos, vive andando sozinha pelos cantos,e quando olha para você parece que ela à enxerga por dentro. Sei que ela é um enigma, ninguém sabe de onde veio, nunca vi ela sendo visitada, sempre pelos cantos, sozinha. Sozinha...

Como todos, como EU.

- Eles vão tirar ela da solitária - Normani disse receosa - Sim, Camila ficava em uma ala sozinha pelo fato de não se dar bem com ninguém.
- E Daí? ?
- Eles, vão colocá-la no meu lugar.
Não...
NÃO...
Não pode ser!!!

- Como você sabe disso?

- Hoje mais cedo os enfermeiros me tiraram do quarto para fazer alguns exames, pós castigo, você sabe como é. - Acenti com a cabeça e ela continuou.

- Enquanto eu estava deitada na maca sendo examinada eles comentavam sobre tudo isso, "Coitados da gente que vamos ter que aturar duas doidas no mesmo quarto" e começaram a rir.

Normani falou com a cabeça baixa,
dava para sentir o peso na consciência. A triste história de que vamos ser separadas.

Segurei na mão dela e olhei bem no seus olhos
- Vai dá tudo certo, não precisa ficar triste, se eu soubesse que isso ia acontecer...

- Não é só culpa sua nós estamos nessa juntas Lo. - Meu coração estava cada vez mais apertado de ver minha amiga daquele jeito. Parece que estamos sempre destinadas a sofrer, nunca se podemos dar um único sorriso por ano, que no dia seguinte já estamos sendo pisoteada pelo demônio! Foi nesse momento que eu vi que não mereciamos isso, somos pessoas normais que forom colocadas aqui por ódio da família, e eu iria fazer de tudo para provar aquilo.

- Mani - O sinal para voltarmos para os quartos tocou neste momento, nos levantamos e seguimos a fila.

- Fala Lauren!

Quando eu ia começar a falar um dos seguranças gritou.

- EI, VOLTA AQUI VOCÊS DUAS !

Fiquei paralisada como gelo. O que eu havia feito dessa vez?! Um deles agarrou em meu braço me levando de volta ao refeitório. Mas a Mani ficou para trás,eles não estavam falando dela, mas pela frente em uma das mesas percebi que a segunda era ninguém menos que Camila, também sendo puxada pelo braço. Eles nos colocaram sentadas de frente uma pra outra. Ela estava de cabeça baixa com os olhos desconexos. Confesso que estava com medo, eles poderiam fazer qualquer coisa com a gente.

- OLHEM PARA MIM ! - Um dos enfermeiros que acabava  de chegar gritou. Não tava entendendo a gritaria, acho que queria nos intimidar. Se é isso, conseguiu. Nós duas olhamos para ele. Eu estava com um olhar mais firme fingindo não ter medo, mas Camila estava tremendo e com o olhar perdido, eu sabia que ela também estava esperando por um castigo por alguma coisa que não fez.
Uma das cantineiras chegou com dois pratos daquela gororoba verde e os colocou na nossa frente.

- Bom apetite - Disse de uma forma sarcástica e com um sorriso de que estava gostando do que fazia.

- Vocês duas vão ter que comer tudo, aqui não tem desperdisso de comida.

- Eu não quero - Camila se pronunciou em uma voz trêmula e baixa.

- EU NÃO PERGUNTEI, EU ESTOU MANDANDO!! - Rosnou o enfermeiro que deu um soco na mesa causando um susto em nós duas. Ele virou para os seguranças e disse.

- Fique as vigiando, eu não vou gastar meu tempo com essas indelinquentes.
 
Uma raiva descomunal se apossou de mim me dando uma grande vontade de quebrar aquele prato na cabeça dele, mas foi quando Camila levantou a cabeça, com fogo nos olhos .

- Indeliquente é você seu merda! - Disse ela com a voz mais calma o qual os olhos dela não estava transmitindo. O enfermeiro de uma só vez deu um tapa em seu rosto e pelo barulho, pude perceber que não foi fraco. Pude ver lágrimas em seus olhos o qual ela não deixou escorrer.

- Só saiba de uma coisa.Vocês não são nada aqui, não são dignas de nada. Só de pena, e eu tenho dó de vocês. - Depois de ter falado isso deu meia volta e saiu.

Eu estava com muita raiva,muito ódio. Eu não poderia explicar a tamanha vontade que eu estava de quebrar tudo o que estava em minha frente - No meu sub consciente eu prometi que darei a volta por cima. Há se vou.

Destinadas a sofrer (Camren)Onde histórias criam vida. Descubra agora