"How can I say this without breaking
How can I say this without taking over
How can I put it down into words
When it's almost too much for my soul aloneI loved and I loved and I lost you
I loved and I loved and I lost you
I loved and I loved and I lost you
And it hurts like hell
Yeah it hurts like hell"Deixada. Abandonada. Sozinha. Sempre foi, mas depois de sentir o gosto da companhia, amizade... Como uma viciada, Lua ficou em abstinência.
Culpava Matt? Jamais. Culpava a si mesma, por se entregar, se abrir. O menino mal a conhecia. Esbarrara nela por acaso, e por pena deitara ao seu lado por uma hora ou duas na grama.
O que sentira por ele, amor? Talvez, mas não. Conforto. Não acreditava em amor à primeira vista. Não sentira paixão pelo companheiro, mas agradecimento. No pouco tempo em que passaram juntos se sentiu protegida, e agora sozinha.
Cansada do cansaço, Lua desafia seu corpo que apenas deseja ficar deitado, sem comer, sem pensar, sem dor.
Levanta o tronco e quando os pequenos pés descalços tocam a superfície fria do chão um arrepio energizante sobe-lhe pela espinha dorsal até chegar no topo de seu pescoço.
Levantou. Andou pelo quarto. Apoiou-se na sacada. Como seria fácil se jogar.
Não.
Afasta esse pensamento, mesmo quando todo seu corpo e mente doem como o inferno. Não iria fugir.
Não.
Nunca.
...
Será?
...
Fraca.
Um sussurro martela sua cabeça. Está nas suas veias. Por baixo de sua pele. Por todos centímetros do seu corpo.
Se contorce tentando expulsar esse invasor. Mas como fazer tal feito se o inimigo é ela mesma?
Gritando.
Lua grita. Berra. O mais alto que pode, até não poder mais. Quando as cordas vocais doem, os joelhos falham.
Lua cai no chão.
Olha em volta. Não reconhece o lugar. Sente-se como se não pudesse respirar. Essa casa já não parecia mais seu lar.
A porta do seu quarto é aberta bruscamente quando seus olhos sucumbem à escuridão.
Sonhou com o som das páginas de um livro passando, com um candelabro queimando e com o tilintar do ponteiro de um relógio.
Que nunca para. Preso. Fadado a repetir sempre. Nunca criar. Preso. Sem poder quebrar a redoma de vido que o envolve. Preso. Pois ele, afinal, não funciona sem ela. Escravo de sua função. Fadado a repetição.
Acordou e tudo o que viu foi um borrão branco.
Branco. E aparelhos.
Num hospital se encontrava a menina.
-Anh?
Sua cabeça doía.
-Você está bem, mana?
Rafael, seu irmão mais velho estava sentado na poltrona perto da cama aonde Lua deitava. Os cabelos castanhos claro - bem diferente dos pretos de Lua - estavam bagunçados como quem não tivera uma boa noite de sono.
-Ahn... Minha cabeça dói um pouco, mas aham, tudo bem. O que houve?
O irmão passou a mão por seus cabelos.
-Quando eu ouvi você gritando eu corri pro seu quarto pra ver o que tinha acontecido. Encontrei você caída no chão com vários cortes em toda a parte esquerda do corpo. Estava coberta de sangue.
Lua olha para seu ombro e vai descendo o olhar por seu braço, tronco e perna esquerda. Curativos por toda a parte. Não há dor mas sente os pontos.
-Como?
-Bem, quando você caiu, bateu com o seu corpo contra o espelho do seu quarto. Ele estava coberto com um pano mas isso não o impediu de se quebrar com o peso...
O espelho.
-Você também bateu a cabeça quando caiu, por isso a dor. Mas foi só uma pancada mesmo. Não quebrou nem nada.
Lua ficou sem palavras por longos segundos. Mas as encontrou para dizer o que importa.
-Obrigada.
Rafael sorriu.
-Sempre que precisar.
-Cadê os nossos pais?
Ele evitou o olhar dela.
-Trabalhando eu acho, mas vieram com você ao hospital.
Lua assentiu e começou a se sentir sonolenta. Deveriam ser os sedativos que deram para ela pensou a garota. O irmão percebendo que logo ela adormeceria perguntou finalmente o que estava preso em sua garganta.
-O que houve? Por que desmaiou?
-Eu...
Lua ia falar. Ia falar tudo. Mas as palavras se enroscaram e desmancharam antes que pudessem sair por sua boca.
- E-Eu não sei...
Mas ela sabia.
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Incógnita
General FictionPerdida, quebrada, sozinha. Como uma viciada, Lua ficou em abstinência. Era uma incógnita. Estas, que servem para serem desvendadas. Só que as vezes, é preciso se perder para se descobrir. E sobre estar perdida, de pensamento e de alma, Lua era p...