♣️ Lucky Strike ♠️

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Se perdera, perdera completamente a noção do tempo. Não sabia aonde estava, o que fazia, por que o fazia. Sua única certeza era a música. Regia seu corpo, sua mente, seus movimentos.

Uma música adoravelmente envolvente preenchia o recinto. Lua dançava de olhos fechados. Dançava, pois não podia mais pensar. Não podia se mexer se não fosse para seguir a melodia.

O que estaria acontecendo? Sua mente girava, seu corpo queria sucumbir, mas não parava um segundo. Não consegue se lembrar com clareza de como havia chegado a este ponto.

Bebida? Pouco provável, deveria ter apenas tomado um ou dois copos. Fleches invadem sua mente. Arquea as costas com as memórias que chegam doloridamente lutando com a música alta para receber atenção.

Merda.

A menina se lembra, finalmente. Havia um homem. Não muito mais velho que ela. Expressões vazias. Usava um terno, o que era incomum para a ocasião. Loiro.

Sim, ela se lembra, não muito detalhadamente, mas lembrava. Sua bebida fervilhava estranhamente quando os delicados dedos levaram o copo a boca.

Sim, lembrava. Sim. Sua cabeça borbulha em dor. Efeitos da droga que o homem deveria ter colocado em sua bebida.

Merda.

Sai cambaleando da pista de dança. Sua cabeça dói cada vez mais. Gradativamente. Se apóia no balcão. Quase cai.

-Água.

O barista a olha com um olhar malicioso, logo coloca um copo com um líquido transparente em sua frente.

Sem pensar, Lua bebe bastante do copo de uma vez. A bebida desce rasgando sua garganta. Quente. Tosse incontrolavelmente apoiando as mãos na mesa.

Vódka.

-Seu filho de...

É interrompida quando uma mão repousa em suas costas, um pouco abaixo de seus ombros. A menina se assusta com o gesto. Se vira pra olhar quem seria essa pessoa quando seus olhos encontram com os de um rapaz. Olhos azuis, o cabelo preto como a noite. Parecia ser mais pretos que os seus próprios. Ele olhava fundo nos olhos do barista.

-Eu ouvi a garota pedir água. - Disse firmemente o garoto.

O barista abaixa o olhar e em seguida traz um copo d'água. O rapaz aproxima o copo de seu nariz e em seguida o oferece a Lua.

-Pode beber, desta vez é água.

Lua examina o sorriso do rapaz, exita por um momento mas a dor de cabeça vence todas as desconfianças.

Bebe toda a água do copo, mas não se sente melhor. O jovem parece perceber o mal estar de Lua. Seus olhos se reviram em preocupação.

-Não acha melhor sair daqui? Eu te acompanho até sua casa.

Lua só consegue assentir com a cabeça.

Está tonta.

Acompanha o estranho até a saída da boate, sabe que não deveria, mas o que poderia fazer? Ficar na boate até desmaiar e ter seu irmão obrigado a vir aqui resgata-la? Não era uma opção.

Anda com passos firmes, usa toda sua concentração para reparar em todos os detalhes do indivíduo, um golpe em falso e Lua sairia correndo. Não era um plano sólido mas era um plano.

Camisa social azul marinho, desabotoada em cima. Cabelos bagunçados. Calça jeans preta, desgastada. Sapatos pretos também.

Suas mãos estavam fechadas, ambas. Parecia tenso. Seria este um motivo razoável para desconfiar do rapaz? Não achava que sim, então continuou seguindo o indivíduo.

Quando finalmente abre a porta da boate e pisa os pés para fora raios de sol refletem cegamente em seus olhos. Já era de dia. Como poderia? Mais confusa que nunca Lua olha para o rapaz que a acompanhava. Ele nota a confusão da menina e faz um simples comentário.

-Dia bonito, não?

Lua não responde, apenas passa as mãos pelos olhos a fim de se acostumar com a estranha claridade. 

-Para qual direção é a sua casa?

A garota olha a seu redor para se familiarizar com a sua localização. Recobra, em fim, a consciência de que sua casa era, de fato, muito perto dali.

-Logo ali - Aponta a menina - Depois do parque -Acrescenta.

O garoto assente com a cabeça. Seus lábios se contraem um pouco, Lua observa as feições do rapaz. Sérias, concluiu.

Foram andando silenciosamente em direção ao parque quando Lua quebra o constrangedor silêncio com uma pergunta que certamente deveria ter sido feita á muito.

-Desculpe, mas qual é o seu nome?

O garoto abre um leve sorriso com o canto de sua boca e olha no fundo dos olhos de Lua quando vai responder a pergunta. De um jeito quase... Sensual.

- Leonardo. Mas pode me chamar de Leo.

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⏰ Última atualização: Sep 23, 2017 ⏰

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