O fortão abriu a porta da casa e fez um gesto para gente entrar, olhei para trás e vi que Christopher também estava com medo. Mas eu pisquei tirando o foco e quando eu o vi já estava confiante como sempre. Então ele perguntou:
--- Wolf tem mais pessoas que nem nós? Tipo, anormais...
--- Sim há mais anormais como vocês...
--- Não sou anormal---assegurei com raiva dessa palavra--- sou uma pessoa comum que saiu do hospital.
--- Ah, então deixe eu te testar para ver se você é normal mesmo, mas lá dentro.Eu não entendi o que ele quis dizer em me testar. O meu mundo estava de cabeça para baixo e eu tinha que encontrar as respostas das coisas que aconteceram comigo.
Entramos e Wolf foi rápido, me pegou pela cintura e me colocou em uma cadeira normal, tirou uma corda do bolso e me prendeu na cadeira. Resisti, fiquei balançando a cadeira, berrando, porém quando olhei para Christopher, ele não se mexeu, ficou parado olhando com pena e então gritei para ele com raiva:
--- Você tinha razão!! Você devia estar envergonhado, eu acho que eu levei três tiros a toa!!!
Wolf saiu e voltou, agora estava com uma panela de água fervendo na minha frente. Pensei na dor que eu ia sentir com isso na minha mão. Iria chorar de tanta dor. Mas eu não fiquei com medo. Eu permaneci calma.
--- Você não está com medo--- disse Wolf--- nem tremendo...
--- Eu tenho que estar.
--- Mas não está --- se dando em seguida uma gargalhada--- Se fosse o Sr. Carter nessa cadeira... Já teria o soltado com seu poder persuasivo.
Ele derramou um pouco de água fervendo em minha mão, não senti nada continuei a não sentir nada, eu tinha que gritar, mas não saia. Depois que Wolf parou de derramar água vi a minha mão. Ela estava normal. Sem nenhuma queimadura se quer.
Christopher olhou para mim, admirado por eu não ter gritado de dor ou minha mão não ter ficado cheia de bolhas. Mas, olhou novamente com outro olhar como se disse-se: " cofie em mim e no Wolf, isso foi para o seu bem, não precisa ficar com vergonha ou com medo da gente."
Fiquei com ainda mais raiva dele depois disso, pois ele podia ter falado isso na minha cara, só que ele parecia ser tão sincero... Tão confiável... "Não, ele não é confiável, na verdade ele é persuasivo, manipulador..." disse meu lado negativo, e, dessa vez, o positivo não questionou, porque ele sabia que isso era verdade.
Tinha esquecido que o Wolf estava ainda ali na minha frente, com as luvas e tudo. Ele pigarreou e disse:
--- Srta. Magnus...
--- Annie, por favor--- pedi--- e não me chame de Srta.
--- Tudo bem então. Annie, sabe por que me chamam de Wolf?
--- Porque você é grande e forte?
--- É, além disso. --- falou dando meio certo em minha resposta--- Já ouviu a histórias de que lobos e cães vêem, farejam e sentem quando a pessoa está com medo, triste, feliz, alegre e outros sentimentos?--- Perguntou e eu assenti--- Pois é. Eu, além de farejar os sentimentos das pessoas, posso facilmente identificar os poderes dos anormais... Para ser mais educado: desumanos.
A palavra ecoou pela minha cabeça. Muita coisa estava acontecendo hoje, não estava conseguindo processar mais nada, o estranho era que parecia que eu estava cansada. Mesmo tendo dormindo até hoje, parecia que ia desabar a qualquer momento. Mas também sabia que eu tinha que descobrir o que estava acontecendo com a minha vida e o que aconteceu em Agosto. O que fez eu não ser mais quem eu era antes.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Os Desumanos
Fiction généraleANNIE está perdida nesse mundo. Ela não consegue enxergar as coisas como eram antes, aliás, ela descobriu que é uma Desumana, um ser que tem as mesmas necessidades que os humanos só que com poderes junto no pacote. Mas não sentir dor... Ela não faz...