IV Annie

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Wolf encerrou a reunião, ele viu que estávamos exaustos e que a qualquer momento desabaríamos. Todos se levantaram e foram direto para seus quartos. Kate me levou para o meu. Ele é bem simples, possui poucas mobílias, mas não me importei, pois pra mim, já era o suficiente.

Ela me deu boa noite e fechou o porta como se fosse a minha mãe. Quando esse pensamento passou pela minha cabeça tive um ataque de pânico. Respirei várias vezes para tentar me acalmar, e fiquei andando pelo meu quarto. Podia sentir meu coração bater de forma muito acelerada. Minhas mãos tremiam e eu não sabia o que fazer. A pergunta não parava de girar pela minha cabeça: '' Meus pais sabem o que aconteceu comigo? ''.

A impulsividade atacou, e sai do meu quarto desesperada em busca deles. O corredor onde se encontrava os quartos parecia não acabar nunca. Os meus pés tocavam a madeira gelada rapidamente querendo a saída.

Distraída e em pânico esbarrei em Alex que saía do seu quarto " por que eu sempre esbarro em alguém? " perguntei para o além.

----- Ei Annie para onde você vai assim? Não pode sair de noite é muito perigoso.

Respirei e continuei seguindo o corredor, ignorando-o completamente. Ele segurou meu braço e eu comecei a me espernear como uma criança. Agora nesse momento queria os meus pais e queria abraça-los. Sei que pareço infantil. Mas estou um mês sem ver eles e nem sei ao certo se sabem que eu estive em um hospital. Talvez eles achem que eu estou morta. Pensando nessa situação começo a chorar.

---- Ei calma aí, eu sou tão feio assim? ----- perguntou Alex preocupado, apalpando o seu rosto ---- É o meu nariz não é?

Ele tirou uma risada de mim. Parei de chorar aos poucos, sentei no chão do corredor ao lado de sua porta. Ele também sentou, seu olhar parecia confuso e queria uma resposta. Olhei para ele e perguntei.

----- Meus pais sabem o que eu sou? Onde estava?
----- Bom é difícil de aceitar no começo...

----- Meus pais estão mortos? Aqueles cretinos o mataram? Eu não consigo acreditar!---- colequei minhas mão em meu rosto.

----- Não não! Não é isso. Seus pais estão bem. Eles recebem um telefonema dizendo que está morta. Quando adolescentes são levados para serem testados eles ligam mesmo se estiver viva ou morta.
Me senti aliviada. Para mim, estava tudo desabando, meu mundo já não era o mesmo e pensar em meus pais foi mais sufocante do já estava.

Olhei para Alex com os olhos apreensivos, mais calma agora. De repente me levanto e continuo andando, olho para trás e digo:

----- Estou aliviada por saber que eles estão bem, mas eles não sabem que eu estou viva. Eu tenho de ir Alex, obrigada por me acalmar.

Ele girava a cabeça rapidamente de forma negativa e começou a correr atrás de mim. E eu corri também.

----- Ei você não pode ir ----- gritou Alex apressando o passo.

----- Eu não vou ficar aqui se eu não avisar os meus pais que estou a salva. Não tente me impedir.

Por um momento olhei para trás e vi que ele tinha parado de correr. Satisfeita continuei, para caso de ele voltar.

Quando olhei para frente eu esbarrei em algo. Não uma pessoa, nem um móvel ou parede. Não tinha nada na minha frente.

Caí no chão com a pancada e me levantei. Estendi a mão para frente. Eu tocava em algum tipo de parede invisível. Alex e seu campo de força.

----- Boa tentativa----- debochou----- O papai aqui é poderoso.

Eu ri baixinho. Como ele podia ser tão humorístico por tudo?

Sem perder o foco e o meu objetivo, questiono ele:

----- Por que você não me deixa? ----- falo indignada ----- São os meus pais! Você nunca sentiu isso? Achar os seus pais de qualquer maneira?

Olhei para ele, seus olhos piscaram como se estivesse lembrando de algo e seu sorriso vacilou. Tinha lembrado de algo ruim, algo que ele tentou disfarçar quando olhou fixamente para o seu tênis. Alex levantou a cabeça rapidamente e seu sorriso já estava lá de novo. Travesso e malicioso como sempre.

----- Annie escute você não sabe e nós não sabíamos também. Bom, nossos pais entregaram a gente.

Continuei séria, não entendia o que Alex queria dizer com entregar. Ele percebeu e continuou.

----- Todos nós fomos levados para serem testados. Todos os adolescentes de São Francisco são levados para serem testados, cientificamente.

----- Eu ainda não entendi. Eu sou nova nesse mundo.

------ Bom o caos já existe há muito tempo nesse mundinho que se chama lar. Vivemos praticamente em paz certo?

----- Sim ----- arqueei com os ombros ----- hipoteticamente falando sim, vivemos em paz.

----- E existe esse caos, que quer a Terra. Para ser mais um lugar de caos. ----- por um momento ele caiu na gargalhada ----- Tipo a gente vai ter um caos pai e o caos filho se o jogo virar. Meio que Caos I e Caos II

----- Alex Foster, o idiota que acha o fim do mundo uma comédia.

----- Desculpe, foi um momento idiota meu ------ ele deu um olhar infantil ----- de vez em quando eu tenho um ----- e deu uma piscadela.

----- Assim você me deixa desesperada ----- ri ----- que não aconteça de novo na minha presença.

----- Eu não acreditaria nisso.

----- Ah, por favor, continue ------ pedi.

----- Certo... Bom e os humanos não querem o caos e sim a paz.

----- Quem escolheria o Caos? ----- zombei.

O sorriso de Alex desapareceu por completo. Ele pareceu ser atingido pelas as palavras que saíram da minha boca. Por que ele sentiu? Eu olhava para ele e sentia uma ponta de medo ao observar seu rosto. Era frio, melancólico e sombrio. Nunca esperaria esse olhar de alguém tão alegre como Alex. Pude sentir meus pelos arrepiados atrás da nuca e um nó na garganta se formando. Tossi para falar algo, tinha que falar. O clima estava tenso.

------ É, até que e engraçadinha a piada que você fez do Caos I e Caos II ----- forcei a risada para ter achado graça ----- Mas enfim continue.

------ Ah sim ----- ele voltou novamente ao Alex feliz e alegre ------ Certo... Como eu já disse trezentas vezes, o Caos quer a Terra ----- ele arrumou a postura e fez a pergunta ----- Senhorita Magnus, qual é a forma mais comum utilizada para conquistar territórios?

----- Guerras.

------ Exato!

----- O que você quer dizer com isso?

----- - Annie, você é parente distante de Percy Jackson? ----- perguntou chamando-me de lerda por isso fecharam a cara fingindo estar brava ----- Não? Porque está lerda para compreender o que eu estou falando. Enfim, na maioria das vezes guerras são vencidas por causa de armas ou um grande exército. É nós desumanos somos a arma do caos. E para o caos não destruir a Terra por mais algum tempo, os espertos dos humanos fizeram um acordo com o rei supremo de caos. O caos não ataca a Terra agora porque ele não tem exército suficiente para exterminar os humanos. Então eles estão levando os humanos, adolescentes, para fazerem testes. Testes para ver se eles conseguem de alguma forma dar poderes desumanos, o que nós somos no caso. Somos feitos ou descobertos para fazermos parte do exército deles. Annie, eles fazem uma troca. Vida agora, morte futura.

O meu queixo caiu. Eu não sabia o que dizer. Estava chocada com o que ele acabou de me contar. Não queria acreditar no que ele disse. Mas eu tinha. Não importa o quão horrível parecesse, sabia que era a verdade.

Respirei fundo e fiz a pergunta que temia a resposta.

------ E os adolescentes que são levados para os testes mas não são Desumanos?

-----Mortos, ----- respondeu ----- todos estão mortos.

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Os DesumanosOnde histórias criam vida. Descubra agora