Capítulo 1 - Caio em um buraco.

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No meio do caminho, começou a chover.

Apenas revirei os olhos e continuei pedalando.

Respirei fundo. Resisti ao impulso de parar ali mesmo, no meio da chuva, e quebrar aquela bicicleta estúpida. Até que não seria má ideia, não é mesmo? Afinal, minha mãe teria que me buscar da próxima vez. Eu simplesmente amava chuvas de verão que não atrapalhavam o meu caminho. Mas aquelas que só aconteciam por que você implorou de joelhos aos céus para não acontecerem, eram deploráveis.

Raios chicoteavam o horizonte, cada vez mais perto, o barulho ensurdecedor prejudicando minha velocidade. Óbvio, a qualquer momento um raio poderia cair na minha cabeça ou atingir uma das milhares de árvores ao meu redor, e consequentemente me matar. Mas essa claramente não era minha maior preocupação. Chegar em casa o mais rápido possível era meu único objetivo.

Se eu estava preocupada com minha saúde? Claro que não.

Nas primeiras gotas de água que caíram do céu tive a certeza de que, por causa da imunidade baixa, ficaria doente. (Se aquelas não fossem minhas férias de inverno, não seria tão ruim ficar em casa por alguns dias, mesmo que doente. Eu evidentemente não sentiria falta da minha professora de semântica gramatical).

Meu maior receio era de que aquela maldita tempestade molhasse meus livros.

Depois de quase dois meses, Mari havia finalmente me devolvido minha coleção. Eu nem ao menos sabia se eles estavam inteiros, intactos e perfeitos. Preferi não conferir na frente de minha amiga, para evitar o soco que eu lhe daria no olho esquerdo caso algum livro estivesse danificado. Mas, pelo menos, eu tinha a absoluta certeza de que eles estavam seguros.

Bem, até aquela chuva estúpida começar.

Na simples hipótese deles estarem encharcados, eu faria o responsável pelas gotas de água que caíam do céu pagar o dobro do preço que me custou aquela coleção. Não me leve a mal, Não sou uma pessoa tão sentimental assim, por isso livros não passavam de um pouco papel e tinta, para mim. Eram substituíveis. Mas aquele pouco de papel e tinta havia custado aproximadamente 200,00 reais.

Cinco livros derretidos. Uma saga inteira destruída. É, isso não seria legal.

Eu realmente esperava que aqueles livros tivessem o poder de não se molhar na água, como o protagonista.

Avistei minha casa no final da rua.

Continuei pedalando, mais rápido desta vez. Adentrei o portão e desci da bicicleta.

Não tinha ninguém em casa.

Meus pais haviam saído em uma viagem a trabalho para a Argentina (Isso pode até soar meio superficial, mas na alta temporada as vendas de shampoos importados sempre aumentavam. Eles precisavam repor estoque). Minha irmã estava na casa de meus avós.

Diário De Viagem - Christina BeatriceWhere stories live. Discover now