Olá amores! Tudo bem? Maktub está saindo do forno e estou nos ajustes finais para a publicação. Resolvi colocar uma degustação de 10 capítulos enquanto o livro não sai no Amazon. Espero que gostem e se apaixonem por Gustavo e Juliana. Boa Leitura! bjks no core
Gustavo
Peguei o trem no ramal Gramacho / Saracuruna, na estação da Penha, todos os dias regularmente às 7h há três anos. Achava mais prático ir até a Central do Brasil nesse meio de transporte e de lá pegar o metrô para Copacabana. Se fosse de ônibus levaria um século para chegar à agência bancária onde trabalhava como caixa. Por isso, apesar do aperto e desconforto, considerava a praticidade acima de tudo e preferia o meio de transporte mais rápido. Sei que parecia masoquista, mas do contrário teria que sair de casa mais cedo e perder horas no caótico trânsito do Rio de Janeiro. Quem mora na cidade maravilhosa sabe exatamente do que estou falando.
Durante os anos que andei de trem, sempre vi aquilo apenas como meio de condução e torcia para que a viagem não se prolongasse além do necessário. Afinal, ninguém gostaria de andar em um vagão apertado, com pessoas falando pelos cotovelos — algumas vezes vulgaridades —, sentir muitas vezes cheiros desagradáveis. Sim, pode acreditar! Muita gente não tomava banho pela manhã e você ainda tinha que suportar isso. Na volta era pior e o fedor, às vezes, se tornava insuportável. Contava os minutos para a viagem terminar logo.
Nas últimas semanas, minhas viagens ganharam uma motivação nova, desde que passei a observar certa passageira que pegava o trem mesmo na mesma estação que eu. Percebi que ela era metódica também e que sempre entrava no segundo vagão, talvez fosse pela pressa em descer ou apenas costume mesmo.
Eu a observava de longe, analisando seus traços delicados, a forma como se encolhia diante do tumulto e sempre tentava encontrar um meio de me aproximar. Às vezes percebia que a recíproca era verdadeira, pois nossos olhares se encontravam em intermináveis minutos, onde conseguíamos dizer muito sobre nós sem palavra alguma. Apesar de parecer tímida, ela adorava flertar comigo. Foram semanas de flertes, sorrisos e olhares encabulados, às vezes insinuantes, até que apareceu uma oportunidade para abordá-la.
Se eu fosse do tipo que atacasse, já teria mandado a real há muito tempo, para saber qual era a dela e quais minhas reais possibilidades. O problema era que eu não tinha muito tato com as mulheres e algumas vezes ficava tímido. Podia até parecer ridículo para um homem de 29 anos, mas era verdade. Muito complicado chegar da forma correta em uma mulher, sem ser ofensivo ou gay. Hoje, se você fosse muito educado, logo seria rotulado pela educação; e se chegava matando, também era rotulado de galinha e conquistador barato. Essa coisa de estereótipos era um pé no saco e as pessoas adoravam isso. Eu, particularmente, odiava rotular alguém sem conhecer o seu caráter. Sinceramente, ainda não consegui desvendar a alma feminina. Acreditava que a maioria dos homens também não. Acho que se houvesse um manual, 100% correto, o dono dele seria bilionário com toda certeza. Mulher era um bicho complicado, difícil de lidar. Uma cantada sutil era mal interpretada, mas se você fosse evidente sua cantada seria rotulada como clichê e passada. Sinceramente me sentia perdido.
Na manhã de quinta-feira, o trem do Gramacho estava atrasado e sabia que o do ramal de Saracuruna ia atrasar também. Quando chegasse, estaria tão lotado que seria impossível sequer segurar na porta. Seria mais um dia de atraso. Sinceramente, odiava isso! Achava uma falta de respeito com o trabalhador, mas, por falta de opção melhor, sofria com as pessoas que esperavam o maldito trem parar na plataforma. Deixei o que vinha de Saracuruna passar e esperei pacientemente o de Gramacho. Fazer o que, não é?
Quando finalmente encostou, consegui entrar e fui empurrando até conseguir um espaço para me encostar. O macete era observar as pessoas e tentar adivinhar quem desceria nas próximas estações. Assim você podia finalmente sentar um pouco e descansar as pernas. Às vezes, isso dava certo, outras não. Também tinha o fato de você já conhecer alguns passageiros e saber que ficar próximos a eles era roubada, pois também desceriam na estação terminal. Eu era bem esperto e intuitivo, assim conseguia, às vezes, um lugar para me sentar, mesmo que por pouco tempo.
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Maktub
RomanceVocê acredita em destino? Juliana achava que a vida dela estava toda planejada, mas levou um fora do noivo e agora está amargurada com a vida. O que ela não sabe é que o seu destino já estava escrito e o que o futuro lhe reserva era mais do que ela...