Capítulo 5

7 3 0
                                    


E ai pessoal? O que estão achando? Preciso de comentários para saber a opinião de vocês.

Quem puder deixar o voto também me fará muito feliz. Boa leitura. bjks no core


Gustavo

Seis meses depois...

A praia estava lotada nesse sábado de sol. Desde que minha mãe abriu esse quiosque em Copacabana todos os fins de semana são assim. Ela ganhou uma bolada de indenização, por conta do processo contra a empresa onde trabalhava. Recebeu todos os direitos e mais por assédio e danos morais. Agora, ao invés de curtir e usufruir do dinheiro, ela resolveu trabalhar por conta própria. Quem diria que dona Teresa viraria empresária? E eu estava aqui, dando uma força, como fazia em todos os finais de semana. Sabia que o movimento era grande e toda ajuda era bem-vinda, mas eu gostava. Via gente bonita, conversava bastante, ainda tinha o lucro de tomar banho de mar. A vida não é boa no fim das contas?

Ainda estava sozinho. A garota do trem me pediu desculpas algumas semanas depois, mas depois disso desisti das mulheres. Compreendê-las era complicado demais para a minha cabeça. Natália admitiu que gostava de me paquerar. Ela gostava de variar um pouco para quebrar a monotonia de um namoro de anos. Mas sempre que o namorado a pegava pulando a cerca dava merda, admitiu. Para o meu bem seria melhor nos afastarmos, palavras dela. Agora não queria saber de complicações. Só paquerava estrangeiras na praia, quando estava ajudando minha mãe, e continuava fazendo as mesmas coisas de sempre: bebia com amigos as sextas-feiras, jogava futebol as quartas-feiras à noite, domingo era dia de ir aos estádios quando tinha jogo do Mengão. Nas horas vagas, eu trabalhava. Aí vocês irão me perguntar: Você não tem vida social? Quer vida social melhor do que essa? Sem nenhuma perturbação me cobrando aonde fui, com quem fui, porque demorei e blá-blá-blá. Ser solteiro e convicto era bom pra caralho! Tudo bem que era solteiro apenas pelo fato de ser tímido, nerd e ter um péssimo papo, mas ninguém precisava saber. Fazia o tipo de solteiro convicto e pronto. Qual o problema disso?

— Mãe, vou aproveitar que o movimento diminuiu para tomar um banho de mar. Está muito quente aqui — avisei, saindo do quiosque.

— Não precisa ter pressa, filho. Os meninos e eu damos conta — incentivou.

— Não demoro! Só darei uma andada por aí.

Tirei o uniforme que usava, pois fazia questão de manter o padrão e respeito no quiosque da dona Teresa. Apesar de ser seu filho, me sentia melhor usando o uniforme, assim como os outros funcionários. Segui apenas de calção de banho para mergulhar.

A praia estava relativamente cheia naquele domingo. Muita gente vinha da baixada para se refrescar e tirar uma onda em Copacabana. Havia fim de semana que era difícil até para andar no calçadão. Hoje não foi uma dessas exceções. Muita gente andando e se aglomerando na areia. O mar, apesar as ondas, estava cheio àquela hora da tarde. Apesar disso, eu precisava realmente nadar um pouco e me refrescar.

Estava distraído, observando a beleza da mulher brasileira e todas as qualidades expostas, em biquínis cada vez mais curtos, quando me deparei com uma menina de aproximadamente quatro anos chorando. A pobrezinha estava sozinha. Havia se perdido dos pais.

— Oi, anjinho, você está pedida?

Ela assentiu com a cabeça.

— Como você se chama? — perguntei.

— Manuela — respondeu chorosa.

— Cadê sua mamãe? — inquiri, cauteloso.

— Não sei — ela me respondeu, esfregando os olhinhos. Fiquei morrendo de dó e pensando em como fazer para ajudá-la. Olhei para ver se tinha algum crachá de identificação e achei um.

— Olha aqui! Vou ligar para sua mamãe, vem comigo!

Ela negou com a cabeça, amedrontada.

— Minha mãe diz para não ir com estranhos — respondeu.

— Mas como vou levá-la até sua mãe? Vai ter que confiar em mim, princesa! — Pisquei para ela, que sorriu. Ela assentiu com a cabeça e me deu a mão.

Voltei para o quiosque, pus a menina sentada em uma das cadeiras e disquei o telefone. Inesperadamente apareceu no visor um nome: Juliana. Que estranho!, pensei.

— Alô, Juliana!

— Estou com sua filha aqui no quiosque da dona Teresa. É fácil de encontrar. Fica no posto 9.

— Estou indo para aí. Obrigada! — disse e desligou. Percebi que a voz estava tensa e fiquei pensando sobre aquela coincidência estranha, seis meses depois do que havia acontecido.

— Ela já está mais calma — disse minha mãe, que dava água de coco e um sanduíche para a menina. Pela forma como comia, estava morta de forme.

— Já falei com a mãe dela. Estará aqui daqui a pouco.

— Ainda bem que você a encontrou. Tem tanta gente má por aí, filho.

— Também acho — concordei, fitando a menina de cabelos caramelo, olhos verdes e pele branca.

— Manuela! — Quatro mulheres vieram correndo, entraram como um furacão no quiosque. Espantei-me com a cena.

— Tia Ju! — A menina correu até a tia e a abraçou, soluçando de tanto chorar.

— Oi! — cumprimentei e a senhora ao lado me olhou.

— É você! — disse, apontando-me.

Levei um susto com aquela atitude.

— Como? — perguntei sem entender.

— O anjo do banco. Você me ajudou quando me passaram um trote.

Sorri para ela, sem graça.

— Coincidência, não é? — Dei de ombros.

— Filho, a família da menina chegou? — minha mãe perguntou.

— Dona Teresa? É a senhora? — a moça, abraçada a garotinha, falou, olhando para minha mãe.

— Dona Juliana! Nossa!

Elas se abraçaram e fiquei ali, estupefato, olhando a moça do trem sorrindo para todos nós, com olhar conspirador.

— Pera aí, vocês se conhecem? — perguntou a mãe da Juliana.

— Ela foi a primeira cliente que tive quando saí do escritório, mãe. Eu estava com ela quando a senhora se meteu naquela enrascada no banco.

— E o filho dela me ajudou naquele dia.

— Não se esqueçam de mim, galera! — disse a moça do trem. — Fui eu quem dei o número do telefone da Ju para o Gustavo.

— Esse mundo é tão pequeno! — disse minha mãe e todos rimos. — Sentem-se! Comida e bebida por conta da casa!

— Que isso dona, Teresa! — Juliana falou, olhando-me de forma estranha.

— Temos que comemorar. Não é todo dia que temos coincidências como essas. O destino parece que conspirou para nos unir hoje. E quem é essa garotinha? — perguntou minha mãe.

— Minha sobrinha. Eu a adotei depois que meu irmão e minha cunhada morreram há três meses — respondeu, ainda me olhando de maneira estranha. — A propósito, essa é minha outra prima, Amanda!

— Fiquem à vontade! Eu estou indo para o meu banho de mar, mãe. Não devo demorar muito — cumprimentei todas, desviando os olhos de Juliana. Uma sensação estranha de déjà vu começava a me acometer. De onde eu conhecia aquela mulher?


MaktubOnde histórias criam vida. Descubra agora