"Leitosinha" virou "Aviador"

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P.O.V. Ben

- Mia...- E ela simplesmente me abraçou.Fiquei surpreso, pois em NY se alguém que te conhece em média à vinte minutos (o que no caso você poderia conhecê-la em uma viagem de metrô) e ela já saísse te abraçando, alguém já ligaria para a polícia pois achariam que estão te assaltando... Mas com ela era diferente, estávamos na mesma situação agora e ela chorava. Era estranho por meu coração doer tanto por ouvir o choro sereno de uma garota que conheço à minutos, mas era assim que acontecia dentro de mim. Tinha tanto carinho em seu abraço, tanta sinceridade que não pude me importar em reparar à quanto tempo estava no aconchego de seus braços. Sim, eu sei que EU que deveria passar a sensação de conforto para quem chorava, mas era impossível não senti-la. Não existe coisa no mundo que me doa mais do que ouvir alguém que amo chorar... Mas eu não a amo! Mal a conheço direito! Vou concertar: Eu me sinto muito DESCONFORTÁVEL quando alguém chora, nunca sei o que dizer ou fazer. - Eu sei que chorar "limpa a alma", mas... Eu não sei o que fazer quando alguém chora. Pare por favor.

Ela começou a rir fraquinho e eu a segui. Ficamos um no braço do outro por tempos, não estava nem aí para quanto tempo eu a abraçava, apenas queria curtir o momento... Ninguém fazia isso à anos. Desde que a minha mãe morreu todos da minha família simplesmente vivem como se a presença dela nunca tivesse existido, jamais falávamos sobre ela, éramos felizes como uma família normal constituída agora por apenas: Pai, dois filhos e uma filha... A "mãe" da história foi simplesmente apagada por quase todos, eu ainda não me conformava. Voltei de meus devaneios quando senti sua última lágrima pingar em meu ombro, foi quando a soltei delicadamente. Ficamos nos encarando com um sorrisinho de canto por longos minutos e como trilha sonora apenas o som de nossas respirações longas e espaçadas. Até que Mia falou desviando o olhar:

- Ben, estou com fome. - não pude deixar de rir com isso, gostaria de ter apenas uma parcela da espontaneidade dela.

- Ok, vou ver o que eu consigo com o que temos nessa loja.

Saí à procura de algo útil (ou pelo menos não estragado para comermos, mas nada.

- Mia, aqui deste lado não tem nada não passado.

- Sério? Eu também não encontrei nada.

- Vem cá! Encontrei algo que venceu pelo menos este ano. - ela foi até onde eu estava.

Quando Amélia chegou eu peguei o pote em mãos (era uma margarina de uma marca desconhecida por mim, se chamava "Leitosinha"), o recipiente não muito confiável se transformou magicamente em uma marca de manteiga gourmet muito usada em cozinhas de chefes profissionais. Eu arregalei os olhos e olhei para Mia que se encontrava perplexa.

- Meu Deus! Que incrível! - eu disse.

- A "Leitosinha" virou manteiga "Aviador"!- ela sussurrou.

- Amazing!

- Como fez isso?- ela disse finalmente olhando para mim.

Lost in loveOnde histórias criam vida. Descubra agora