Lost Between Letters

6.

Olho na direção da porta da cozinha sabendo que a qualquer minuto minha mãe apareceria ali.

"Põe a camisa." eu sussurro para Justin que me olhava com confusão, mas põe a blusa.

"Oi Harlow... e..." Minha mãe entra na cozinha e eu me viro de costas fingindo mexer em algo nas gavetas, sabendo que ela surtaria no momento em que visse o meu rosto.

"O que houve com seu rosto, querido?" Eu me viro nesse momento e vejo minha mãe de costas para mim analisando o rosto de Justin.

Ela vira a cabeça na minha direção rapidamente e volta a olhar para Justin, parece que leva alguns segundos até notar o que havia acontecido, então volta a olhar para mim.

"Meu Deus, filha!" Ela tira as mãos do rosto do Justin e passa a segurar o meu. "O que aconteceu?" Ela olha de mim para Justin.

"Sra. Green... Eu me envolvi numa briga e a Harlow tentou separar e..." Justin dizia tudo com o maior cuidado com medo do que suas palavras poderiam ocasionar.

"Tentou impedir a briga levando um soco?" Minha mãe o corta praticamente gritando e ele abaixa a cabeça. "Qual o seu problema, Harlow?" Eu não respondo.

"A culpa foi minha, sra. Green, a Harlow só tentou ajudar." Justin insistiu.

Minha mãe o ignora e vai até as gavetas pegando algo lá e depois até a geladeira.

"Senta aqui, Harlow." Ela indica o banco ao lado do Justin, que eu estava sentada antes dela chegar, e eu obedeço.

Ela passa uma pomada no rosto de Justin com cuidado, mas ainda assim ele faz uma careta de dor.

"Eu não sei o que vocês tem na cabeça. Se meter numa briga no segundo dia de aula?" Tento imaginar o que ela falaria se soubesse que aquela era a segunda briga de Justin na semana. "Põe o gelo no rosto, Harlow."

"Obrigado sra. Green mas eu já vou indo para casa." Justin diz se levantando do banco.

"Você não está em condições de dirigir, meu filho, já está ficando escuro e você pode dormir no volante. " Minha mãe diz pegando as chaves do carro em cima da bancada e segue em direção a porta.

"Não são nem cinco minutos até a minha casa" Ele ri e olha para mim. "A gente se vê amanhã?" Ele diz andando de costas até a porta para continuar mantendo o contato visual comigo. Ele esbarra na parede e se vira para ela dando tapinhas, como para se certificar que ela está realmente ali. "Se eu sobreviver até amanhã."

Eu sorrio para ele e assinto. O vejo entrar no carro junto com a minha mãe e fico me perguntando o que eles conversariam no trajeto até a casa dele, se é que conversariam.

Subo as escadas até o meu quarto e me jogo na cama ficando lá deitada por uns quinze minutos até tomar coragem de levantar para tomar banho. Ou melhor, ouço o barulho do carro da minha mãe estacionando e não queria ela reclamando no meu ouvido.

Ouço uma voz masculina e vou até a escada para ver quem era o dono dela, pensando que talvez fosse meu pai.

"Filha, o Ethan está aqui!" Minha mãe sobe metade das escadas e me vê parada no topo.