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"Sério que ela disse isso?" Eu me viro no banco do carona para poder olhá-lo nos olhos.

Ele dá uma risadinha antes de me responder.

"Juro. E disse que seu avô quase a expulsou de casa quando descobriu a tatuagem."

Nos encontrávamos parados no estacionamento por termos chegado antes do horário das aulas, Justin me contava a conversa que havia tido com a minha mãe quando a mesma foi levá-lo para casa, até o momento não havia sido nada demais. Penso se devo perguntar a justin sobre seus pais em relação às tatuagens, mas ele não pareceu a vontade quando eu os citei no dia anterior, talvez ele não tenha uma boa relação com a família, mas de qualquer forma, eu decido não tocar no assunto.

"Ela falou algo a mais?" Eu pergunto ao garoto que trocava de estação da rádio e olhava para mim para ver se eu concordava com a escolha da música.

"Não falamos sobre muitas coisas..." Justin parece tentar se decidir se falava tudo, ou talvez isso fosse só a minha mente querendo achar algo onde não há, e ele apenas analisasse a melodia da música para saber se devia passar para a próxima. "Sua mãe é bem legal."

"Acho que eu nunca vou fazer uma tatuagem." Haviam várias frases e desenhos que eu dizia que iria tatuar quando fosse maior de idade, mas ter aquilo gravado em mim para sempre não era uma idéia que me agradava totalmente.

"Por quê não? Ele me olha como se eu tivesse acabado de ofendê-lo, mas eu sabia que não era sério.

"E se eu me arrepender? Você não se arrependeu de nenhuma que você fez?"

"Hmm... Eu penso que mesmo que eu não goste dela agora, isso já foi importante para mim, entende?" Eu assinto e ele abre o porta-luvas tirando algo de lá. Justin leva meu braço até sua perna, que estava em cima do banco, e o apoia.

"O que você está fazendo?" Eu digo rindo.

"Não precisa ser permanente. Vai, me fala algo que você goste." Ele tira a tampa da caneta e levanta a manga do meu casaco, olhando para mim com expectativa.

Eu sorrio quando entendo sua idéia. Sempre quis tatuar algo envolvendo o espaço, com os astros, o cosmo, para que isso representasse minha crença no destino e na serendipidade. É isso que eu falo para Justin.

"Você acredita em signos?" O menino olha para mim segurando o riso e eu reviro os olhos.

"Algum problema?"

"Nenhum... Nenhum..." Ele começa o desenho sobre minha pele e a caneta preta fazia cócegas no contato. "Você é tão branca, vai ficar toda marcada quando tiver um namorado." Ele diz baixo como se tivesse pensado alto e eu sinto minha pele corar.

"O que te faz pensar que eu não tenho um namorado?"

"Você estaria nesse carro comigo se tivesse um?"

"O que? Mas a gente não está fazendo nada!" Ele ri.

"Tudo bem, só não mexa o braço."

"Você não estaria no carro se ainda estivesse com a Penélope? Desculpa perguntar isso..." Eu, certamente, sou a pessoa mais intromedita que Justin conhece, mas é mais forte do que eu.

"O carro é meu, então..." Ele ri e eu arqueio as sobrancelhas. "Ela não terminaria comigo se o irmão dela não tivesse visto a gente na festa, então certamente, eu não teria apanhado no corredor e nem teria deixado meu carro na sua casa."

"Certo... Ela não poderia dizer que estava bêbada e por isso ficou com você e não que foi agarrada?"

"Ela precisar estar bêbada para ficar comigo não é a melhor coisa para se ouvir, mas..." Ele dá de ombros. "Ela ficou nervosa na hora e nem pensou em nada. Acabei." Ele se refere ao desenho e eu puxo meu braço a fim de olhar melhor para o mini sistema solar que ele havia feito no meu antebraço. Antes que eu pudesse elogiar seu desenho, alguém bate no vidro da janela ao lado do motorista.

Lost Between LettersOnde histórias criam vida. Descubra agora