Capítulo Um

47 4 2
                                    

Yoongi

“A vida é injusta” quantas vezes mais essa frase vai ser dita por pessoas, que vivem uma vida perfeita? Quantas vezes mais, pessoas vão repetir essa frase, só porque queriam ir a uma festa e seus pais não deram a permissão? Quantas pessoas mais terão de aguentar a mesma situação pela qual eu estou passando? Quantas vezes mais terão de passar por isso em silêncio?
Minha vida é injusta. Eu fiquei dois anos longe de Seul, eu estava em Busan “aproveitando a vida” como um jovem deve fazer, e quando, a dois meses atrás, decidi voltar, logo de cara recebo a notícia de que minha mãe está com câncer de pulmão.
_Filho eu já disse que não precisa se preocupar com isso – Falou minha mãe se referindo ao fato de eu me oferecer para leva lá a um grupo de apoio que ela participa.
_Omma, não tem nem o que discutir – Respondi – Faço isso porque quero ficar mais tempo com você, é porque o Appa não poderá leva lá, não quero que a senhora ande de a pé.
Ela sorriu.
_Então apenas me deu um tempo para tomar um banho – Ela saiu da sala e subiu as escadas.
Peguei meu celular no bolso da minha calça, é vi que havia recebido mensagens de Jimin, ele havia ficado em Busan. Havíamos ido Jungkook, Jimin e eu, porém, só eu quis voltar. Era como se eu sentisse que algo errado acontecesse.
“Cara, sinto muito por sua mãe, espero que ela ainda viva por muito tempo. ” Uma mensagem inspiradora, típica do Jimin, ele faz o que pode, ele é um grande amigo, o tipo de pessoa que você precisa ter ao seu lado.
“Obrigado, também espero que ela viva muito tempo ao meu lado. Como está Jungkook? Vocês se resolveram? ” Respondi.
Guardei meu celular novamente no bolso, é subi as escadas indo até meu quarto, eu não estava com uma roupa muito adequada para se sair de casa, chegando no meu guarda-roupa abri sua porta, tirando de lá uma camiseta branca, uma jaqueta de couro preta e uma calça jeans azul marinho rasgada no joelho.
Quando terminei de me vestir, calcei um converse vermelho e penteei meus cabelos que estavam desarrumados, eu os havia pintado recentemente, agora estão pretos.
_Filho estou pronto – Mamãe apareceu na porta do meu quarto – Vamos porque está quase na hora.
_Vamos – Eu peguei as chaves do carro e meu fone de ouvido que estavam jogados sobre a cama.
Ao lado de minha mãe eu desci as escadas, ela estava tão magrinha, as vezes mesmo achando que eu não percebo, eu vejo suas caretas de dor, é já faz algumas noites que acordo com ela tossindo, quando vou até seu quarto, lenços de papeis sujos de sangue estão espalhados pela cama, meu pai está ao lado dela sussurrando algo, é sempre que eu pergunto se posso ajudar de alguma forma, ela me abraça e diz “Estou bem meu filho. Agora volte a dormir”
Que droga! Eu sei que ela não está bem, eu não sou mais uma criança, eu tenho direito de saber das coisas, quando pergunto mais sobre a doença, ou o que o médico disse, ela fala que eu não preciso saber “Não vou encher sua cabeça com isso”
Abri a porta do carro para mamãe e entrei logo em seguida, coloquei a chave na ignição, funcionei o carro e comecei a dirigir em silêncio.
Eu sempre digo que quero passar mais tempo com ela, porém, não consigo, é muito difícil me comunicar com a Omma, é como se ela não quisesse conversar comigo as vezes.
_Como é no grupo de apoio? – Inquiri obedecendo o GPS, que me mandou virar à direita.
_É divertido – Mamãe respondeu pegando um lencinho em sua bolsa e logo em seguida tossiu – Olhe para a estrada – Ordenou ela assim que eu virei minha cabeça para observa lá.
_O que vocês fazem no grupo? – Perguntei tentando não deixar o silêncio vencer.
_Contamos sobre nossas famílias, como anda nosso tratamento, como nós sentimos em relação a doença – Retorquiu ela
_Isso pode ser feito em casa – Comentei – Por que não me conta essas coisas para mim?
_Meu filho – Ela sorriu e acariciou minha bochecha com o polegar – Chegamos, você pode esperar no carro se quiser.
Assenti.
Mamãe desceu do carro e entrou no grande prédio branco. Eu tinha duas horas até que a reunião acabasse, o que eu faria nesse tempo? O que eu mais gosto de fazer, escutar música.
Coloquei meu fone de ouvido, e comecei a escutar uma música aleatória da minha playlist, me recostei no banco, subi os vidros e fechei meus olhos.
Eu acabei pegando no sono, algo que já era imaginável, acordei com um garoto asiático (obvio, eu estou na Coréia) muito bonito, parecia alto, era magro, tinha olhos castanhos, lábios um pouco grossos, sobrancelhas castanha-claras, e seus cabelos estavam tingidos de ruivo.
_Ei! – Ele bateu novamente na janela.
_No que posso ajudar? – Inquiri tirando os fones e abaixando a janela.
_Você me ajudaria tirando seu carro dessa vaga para deficientes – O garoto parecia nervoso.
_Me desculpe – Falei.
Liguei e manobrei o carro até a vaga ao lado, logo em seguida desci do carro e andei até o menino.
_Obrigado – Ele agradeceu – Agora quem pedes desculpas sou eu, perdoe me pela meio jeito rude – O menino sorriu, ele tinha um sorriso encantador – Sou Jung Hoseok, pode me chamar só de Hoseok.
_Eu sou Min Yoongi, mas meus amigos me chamam de Suga – Respondi – Por que está aqui inquiri?
_Meu pai é o dono do prédio – Retrucou Hoseok – E você? O que faz aqui?
_Eu vim trazer minha mãe – Eu disse passando a mão nos cabelos – Ela tem câncer no pulmão.
Ele não fez como as outras pessoas que dizem “Eu sinto muito”, “Essa doença é terrível” e “Estou torcendo por ela”, muito menos fez uma cara penosa e apagou aquele lindo sorriso.
_Temos um grupo de apoio para pessoas com parentes doente – Ele falou – Eu faço parte, minha avó morreu a três anos é o grupo me ajudou muito – Hoseok fez uma pausa e colocou sua mão em meu ombro esquerdo – Se quiser entrar e só conversar comigo, sou o responsável por quem quer entrar ou sair.
_Não, muito obrigado – Respondi.
_Eu de início também não queria – Falou – Pense na ideia, você não precisa passar por isso calado, muitas pessoas passam pela mesma situação – Hoseok alargou ainda mais seu sorriso – Agora preciso ir – Ele saiu correndo em direção a uma BMW X1 preta – Espero te ver aqui, mas não só por trazer sua mãe – Hoseok entrou no carro, que saiu em alta velocidade.
Eu me escorei no capo do carro, coloquei meus fones novamente e voltei a esperar minha mãe.
Isso seria o que eu faria duas vezes por semana, esperar minha mãe, mas desde que participar desse grupo ajude ela, eu não me incomodo.

Demon {Yoonseok}Onde histórias criam vida. Descubra agora