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You float like a feather In a beautiful world






Isak




Repouso a pílula em minha língua, ao que levo o copo até meus lábios, tomando a água em um grande gole.

Odiava aquilo. Odiava ter que tomar aquilo. Porém, como Noora dizia ''É para o seu bem, Isak...''

Eu odiava aquilo.

Mas infelizmente, ou, felizmente, aquilo era o que me mantinha ali, trabalhando e estudando.

Vivendo.

Aquelas malditas pílulas.

Fazia alguns meses que eu tivera meu último surto. Lembro de gritos e copos de vidro voando pelo apartamento, ao que eu berrava ''Eu a matei! Criança depressiva e idiota! Eu a matei!'' a plenos pulmões.

Ainda restavam os flashs de um Jonas e uma Eva apavorados, tentando desesperadamente me conter. Tentando desesperadamente me impedir de me matar.

Então, lembro de apagar.

Lembro de soluçar e a sensação forte de tontura misturada com tristeza me dominar.

Eu estava surtando.

A grande sorte era que Eva e Jonas sabiam como controlar isso por já terem visto um de meus episódios antes. Eles foram rápidos e espertos. Eles me ajudaram.

- Ok, Isak... Você abriu a janela do quarto hoje – Eskild diz, puxando-me para o mundo real e longe das lembranças, enquanto fuçava em seu celular atentamente.

Faço uma careta, não entendendo seu ponto.

- É...? – eu digo, quase num murmuro.

- Me diga – ele larga o celular em minha cama, cruzando suas pernas e levantando suas sobrancelhas várias vezes, com uma bela de uma expressão maliciosa banhando seu rosto inteiro – O que vai ter hoje, uh?

Meus lábios se partem ao que eu piscava, não conseguindo deixar de corar.

- O que? Não. Nada. – pigarreio – Não vai ter nada hoje, Eskild.

- É claro que vai! – uma segunda voz surge, e Noora brota no quarto, junto com seus lábios pintados com o vermelho mais forte e fios loiros escorridos pelo rosto.

Grande marca.

- Não vai. – insisto, quase parecendo uma criança emburrada.

- Você passou perfume – então, Linn surge também, com um enorme balde de pipoca em uma das mãos e a outra, totalmente cheia do querido milho.

Todos param para olhá-la, ao que o silêncio se restaura no quarto. Linn praticamente congela com a mão cheia de pipoca na frente de seus lábios e olha lentamente para o rosto de cada um de nós, em seguida, murmura com a boca cheia um ''O que foi?'' fazendo algumas pipocas saltarem da mesma. Faço careta, vendo meu colchão ser abusado pelas migalhas.

- Qual é o problema de eu passar perfume? Eu não posso? – pergunto, ignorando a garota da pipoca, que se sentava ao nosso lado.

- Você nunca passa perfume... - Noora diz, meio entredentes e com um falso sorriso.

- Sim, eu passo sim – insisto novamente, cerrando os olhos.

- Qual foi a última vez?- Eskild pergunta, soltando seu veneno.

- Ontem! – cuspo, jogando minha mentira na roda e me arrependendo um segundo depois, porque, uau! Eu era um péssimo mentiroso.

A risada de Eskild preenche o quarto e eu reviro os olhos, enterrando minha cabeça no travesseiro e bufando.

- Bzz! Errado. Errado. Errado. – Eskild imita a voz de um robô, ao que Linn não consegue deixar de rir junto.

- Vocês vão para o inferno – ouço Noora dizer, antes do rosto de Even aparecer magicamente em meus pensamentos, fazendo-me viajar para bem longe.




















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Não queria olhar o relógio. Não queria parecer desesperado.

Mas eu estava.

Estava tão desesperado, que minhas mãos suavam e meu coração batia acelerado, fazendo com que minha boca secasse literalmente.

Seria onze e meia? Onze e quarenta? Meia-noite e cinqüenta?

Era isso. Ele não iria vir. Provavelmente, Even estaria rindo de mim, junto com seus amigos clichês.

Droga! Even não era um clichê.

Um barulho estranho e constante se faz em minha janela, ao que meus olhos foram em um segundo parar na mesma, sem nem ao menos piscar. O quarto permanece em um silencio frio quando mais uma vez, o som que chegava até mesmo ser irritante, se fez novamente.

Enrolo minha língua para não gritar por Eskild, Noora ou Linn, apenas levantando da cama sem deixar de fitar a cortina branca sem graça e transparente de meu quarto, antes de andar de costas e devagar até minha cômoda, onde eu sabia que meu spray de pimenta estaria.

E lá estava ele.

Caminho lentamente até a janela com o spray na mão, ainda ouvindo o som que continha pequeno intervalos.

Que seja um esquilo, que seja um esquilo, que seja um esquilo, que seja um Esquiven?

E lá estava ele.

Even, não um esquilo.

Droga! Ele estava sendo clichê.

Demoro longos segundos observando-o de minha sacada, ao que sua velha jaqueta o engolia, os lábios vermelhos pelo frio o deixava com um ar quase puro, junto com a pontinha de seu nariz. O cabelo escondido por uma touca preta e o capuz de sua jaqueta deixou-o parecendo uma espécie de urso, ao que seus dedos enterrados nos bolsos e expressão debochada pareciam ser a cereja do bolo.

- Temos portas – murmuro, debruçando-me sobre a sacada – Meu vidro poderia ter sido detonado por causa de suas... – fito o chão, e noto pequenas pedras espalhadas pelo mesmo – Pedras...

Então, ele ri fracamente e percebo que sua risada era tão boa, que se estivesse à venda, eu a compraria por qualquer preço.

- Eu sempre quis fazer isso – confessa – A oportunidade estava ai e não ousei desperdiçá-la.

- Você é estranho – eu digo, antes de notar que o spray de pimenta ainda estava em minhas mãos.

Meu rosto esquenta e Even percebe, seguindo meu olhar e cerrando os cílios, logo depois de uma expressão desacreditada e engraçada banhar seu rosto.

- Isak, isso é... – ele se interrompe, balançando a cabeça – Oh meu Deus! Você pensou que fosse quem?

Tranco o maxilar e suspiro, tentando fazer o rubor em meu rosto passar.

- Um esquilo. – falo, como se fosse a coisa mais normal.

- Um esquilo? – ele pergunta, parecendo não acreditar, com seus olhos claros arregalados.

- Um esquilo. – confirmo.

- Você ia jogar spray de pimenta em um esquilo?

- Sim... – bufo, enterrando meu rosto em minhas mãos– Não! Não, claro que não... Eu só... Estava assustado.

Espio Even por entre meus dedos e o vejo franzir a testa para mim.

- Tudo bem, Isak – murmura – Eu não estava realmente falando sério, uh? Ok, se você quisesse matar um esquilo com um spray de pimenta, então, talvez teríamos de cortar relações.

Solto o ar pelos meus lábios, dando-o um meio sorriso aliviado e sem graça.

E ele realmente veio.

- Onde vamos? – pergunto, meio incerto.

Even pisca, sorrindo de lado e charmoso, antes de dizer:

- Apenas venha comigo.

Creep | EvakOnde histórias criam vida. Descubra agora