Jogando com o amor

Capítulo 4

Quando Brianna fugiu para outra ponta do país para ir para a universidade fora um alívio para ela, embora depressa se tivesse apercebido de que não podia fugir das suas origens, pois descobrira que só tinha talento para cozinhar.
Decidiu naquele momento que não deixaria que seus pais influenciassem a sua vida. Era por isso que precisava de falar durante dez minutos com Tyler Scott. Sentiu uma pontada de desejo ao recordá-lo a sair do nightclube, os dedos dele a deslizarem sobre as nádegas da mulher loira.
Pelo amor de Deus! O que fazia na cama a pensar na mão de um desconhecido sobre as nádegas de outra mulher?
Desligou o abajur. Estava quase a adormecer quando o telemóvel lhe indicou que acabava de lhe chegar uma mensagem. Agarrou-o, irritada. A luminosidade do ecrã magoou-lhe os olhos, mas leu as palavras com clareza. O seu currículo tinha causado boa impressão e convocavam-na pra uma entrevista para a vaga de hospedeira.

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Semanas depois... Macau, china.

O vestido vermelho até aos pés ajustava-se ao corpo de Brianna. Tinha um decote generoso e, no geral, deixava a descoberto mais do que gostaria. Mas, depois de duas entrevistas exaustivas, não ia queixar-se do vestido caro que indicava que era uma hospedeira.

Tentou que o vestido não se prendesse aos saltos ao dirigir-se para recepção do hotel, de onde a conduziriam ao seu destino. Levava uma mala pequena com mais dois vestidos igualmente caros que lhe tinham proporcionado.

Ja tinha chamado atenção de uma antiga estrela de rock quando desciam no elevador para o átrio do hotel. Chamar a atenção, mesmo que fosse a de um tipo quase cego, provocava-lhe muita ansiedade.
Tinha baixado a guarda com Bryan e tinha acreditado que tinha boas intenções. Pensar que ele assumira que aceitaria aquela proposta indecente por ser uma Forks tinha-lhe destruído a autoestima que tanto lhe custara conseguir quando se afastou dos seus pais.

Não era covarde, mas temia nunca ser capaz de julgar o verdadeiro carácter de um homem.
Afastou aquele pensamento, mas ocorreu-lhe de imediato outro igualmente inquietate.

E se tivesse cometido um erro ao ir a Macau?
E se Tyler Scott não aparecesse ou o fizesse e não conseguisse falar com ele?
Tinha de encontrar, sobretudo depois da chamada que tinha recebido na manhã em que assinara o contrato. Simon tinha vendido os seus vinte e cinco por cento do restaurante a outra pessoa. A voz era clara, mas ameaçadora.

– Entraremos em breve em contacto contigo para falar dos juros e dos termos de pagamento. –disse o homem ainda na chamada.

– Não poderei falar de nada até que o negócio esteja aberto. – disse Brianna.

– Então, menina Forks, é melhor que, para o seu próprio bem, o faça o quanto antes. –disse o homem com um tom ameaçador.

O homem desligou antes que ela pudesse responder. Bryan tinha vendido a sua parte a um agiota.
Assustada e zangada com ele, só leu as instruções sobre o seu futuro emprego depois de ter atravessado metade do Oceano Índico.
mas tinha chegado até ali e não ia dar-se por vencida perante a possibilidade de não encontrar Tyler.
A ruiva do nightclub virou-se para Brianna, mas Brianna mal olhou para ela.

Quando entraram na limusina que as conduziria ao seu destino, Brianna pensou que era melhor abandonar a busca e continuá-la em Las Vegas, falar com Tyler quando regressasse.

Mas se fosse a sua última oportunidade? Alguem viajava milhares de quilómetros para ir a uma reunião secreta podia desaparecer facilmente. O destino dera-lhe uma oportunidade e não ia desperdiçá-la.

Um buraco na estrada devolveu-a á realidade.

Apesar de um estilo como o de Las Vegas, a ilha minúscula de Macau possuía carisma e história. Brianna conteve a respiração quando atravessaram a ponte Flor de Lótus para tentar no Pensar, o seu destino final.

Quando pararam, Brianna saiu do carro. O estacionamento subterrâneo estava cheio de carros desportivos de luxo e limusinas, cujo preço conjunto equivaleria ao produto interno bruto de um país pequeno.

Dirigiu-se para os elevadores com um grupo de dezanove mulheres, vestidas como ela, e dez homens, vestidos com casacos vermelhos.
Seis guarda-costas entraram com eles nos elevadores. Quando as portas se abriram, apareceu diante deles um longo tapete vermelho e dourado que lhes dava as boas vindas.

Á volta de Brianna haviam homens de máscaras e smokings, e mulheres com vestidos e joias exuberantes que complementavam as máscaras maravilhosas. Havia menos mulheres do que homens, mas, pela sua atitude, pensou que seriam tão poderosas como eles.

Uma mulher alta, de cabelo preto e máscara, apresentou-se como a chefe das hospedeiras e fez-lhe um resumo das tarefas.

Brianna dirigiu-se para o bar da quarta mesa. Sentou-se um primeiro grupo de homens, todos de máscaras. Enquanto preparava os coquetéis e os levava a mesa, tentou advinhar se algum deles era o seu alvo. Nenhum era. Por fim, foram-se embora e chegou outro grupo.

Um homem de cabelo grisalho, o mais velho do grupo, chamou a atenção de Brianna. Estalou os dedos e pediu-lhe um copo de vinho tinto da Sicília. Ela franziu os lábios e esforçou-se para não reagir à forma grosseira como a chamara. Sentaram-se mais cinco homens á mesa. Só restava uma cadeira livre.

Atras do balcão, viu como jogavam e subiam as apostas. Começou a sentir um asco de medo ao verificar que o ambiente se carregava à medida que os convidados perdiam as inibições.

As luzes do teto diminuíram a intensidade. Abriu-se uma porta que havia ao lado do elevador e saíram dois homens. Irradiava poder. Mas, quando Brianna viu o segundo, sentiu um aperto no estômago.

A chefe das hospedeiras dirigiu-se para ele, mas o homem afastou-a com gesto da mão. Ao ver aqueles dedos, Brianna reconheceu-os. Com a boca seca, contemplou-o enquanto descia pela escada e se dirigia para a zona da sala onde ela estava.

Parou diante do balcão. Uns olhos cinzentos cravaram-se nos seus. A máscara que o homem usava deixava a descoberto a testa e a parte inferior do rosto, cuja pele morena fazia ressaltar o brilho do metal. Ela sentiu o desejo de lhe acariciar o queixo.

Ele examinou-a devagar e parou alguns segundos nos seios. Ela conteve a respiração enquanto o seu corpo reagia aquele olhar maléfico. Ficou com a mente em branco.