Capitulo 15

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  —Ótimo, assim podes falar enquanto preparas o café. Diz-me tudo o que devo saber.

   Ela fez-lhe um resumo rápido dos acontecimentos dos dois meses anteriores.
 
   — Portanto, entraste num concurso de de chefes de cozinha?
  — Sim, estudei culinária, além de gestão hoteleira. E tirei um curso de coquetéis.
  — É preciso estudar para preparar um coquetel?
  — Hoje em dia, é preciso estudar até para lavar pratos. Além disso, minha intenção é que no meu restaurante até pessoas com alergias possam beber um coquetel, por isso, devo saber o que faço.
  — Qual é o teu coquetel preferido?

    Ela encolheu os ombros.

   — Todos.
   — Diz-me. — disse ele num tom suave.

  Ela abriu vários armários até encontrar as chávenas.

  — Na realidade, não gosto muito de coquetéis.
  — Não gostas das tuas próprias criações? Então como sabes que não estás a envenenar as pessoas ?
  — Ainda ninguém morreu ao prová-las. E, para saber se são boas ou não, recorro à minha companheira de casa.
  — Queres que invista... Quanto te deve a minha empresa?
  — Duzentos mil dólares para ajudar a montar o restante é a fazer-lhe publicidade. 
  — Muito bem. Queres que invista duzentos mil dólares partindo da opinião que a tua companheira de casa tem do teu talento?

   Ela serviu o café e deu-lhe uma chávena.

  — Ontem à noite, desfizeste-te de trinta milhões sem sequer pestanejar e estás a cravejar-me de perguntas por causa de duzentos mil?
  — Ontem à noite era diferente — respondeu ele com frieza.

   Ela notou-o e mudou de assunto.

  — Ganhei porque milhares de pessoas votaram nos meus melhores pratos e coquetéis.

   Ele olhou-a de cima para baixo, parando nos seus seios e nas suas pernas.
 
  — Tens a certeza de que só votaram em ti por isso?
  — É uma estupidez que deduzas isso— afirmou ela, pousando a chávena na bancada porque as mãos tinham começado a tremer-lhe. Tinham ridicularizado muitas vezes a sua mãe por usar a sexualidade para aumentar as audiências, o que Brianna considerava humilhante.
  — O quê?— perguntou ele, sorrindo.
  — É uma estupidez a dedução machista que acabas de fazer. Estás a insinuar que votaram em mim porque tenho mamas?

   O sorriso apagou-se dos lábios dele.

   — E muito bonitas, por sinal.
  — Pois, mas havia mais duas concorrentes femininas.
  — Não me interessam as delas.

  Ela começou a soprar o café da chávena, até que reparou em como lhe olhava para a boca.

  — És realmente tão superficial?— perguntou ela.
  —  Sim.
  — Não és. 
  — Ofendes-me.
  — Ofendes-te a ti mesmo. És inteligente ou não serias multimilionário. Não entendo porque sentes a necessidade de acrescentar isso à equação.
   — Diz-me , porque é machista afirmar que gosto de um corpo atraente?
  — É machista quando dá a entender que cheguei onde cheguei recorrendo ao meu corpo. E estás muito enganado.
  — Muito bem.
  — Isso é um pedido de desculpas?
  — Sim, desculpo-me por ter feito comentários sobre o teu corpo.
  — Isso é tão mau como dizer " lamento que estejas magoada" em vez de " lamento ter-te magoado ".
  — Não nos armemos em pedantes. Apresento-te as minhas desculpas.
   — Tentei falar com o Stone, mas disseram-me está de férias é incontável.
  — Pois, e eu sou a rainha da Inglaterra...
  Ele voltou a sorrir.
  — Espero que não.
  — Não te desvies do assunto, por favor.
  — Stone está a fazer caminhada ao Amazonas e demorará três semanas a voltar.
  — Não posso esperar mais de três semanas, perderei tudo o que investi até agora no restaurante.
  — Quanto exatamente?
  — Bryan pagava a renda e eu usei meu dinheiro para redecorar o restaurante e comprar tudo que era necessário.
  — Quem é Bryan?— perguntou ele com uma voz dura.
  — O meu ex-sócio.
  — Não estávamos de acordo, portanto cada um seguiu o seu caminho.
  — Era teu namorado?

  Ela hesitou.
 
  — Quase. Conhecemos-nós na universidade, mas depois deixamos de nos ver. Há um ano, voltámos a encontrar-nos em Nova Iorque. Falei-lhe do restaurante e ofereceu-se para ser meu sócio. Tivemos alguma intimidade, mas esqueceu-se de me dizer que tinha uma esposa grávida. Estive prestes a ir para cama com ele. Quase conseguiu que fosse cúmplice da sua infidelidade.

  — Como é que descobriste ?
  — Dirigíamo-nos para um hotel em Las Vegas para passar um fim de semana romântico quando a sua esposa telefonou a dizer-lhe que estava prestes a dar à Luz. Eu confiava nele e, afinal, não passava de... — Brianna abanou a cabeça com aborrecimento e sobressaltou-se quando os dedos dele tocaram nos seus. Olhou para ele e vou que a contemplava com surpreendente doçura.

  Ficaram calados por alguns minutos. Quando ele acabou de beber o café, disse:
 
  — Até que não daria um  mau casal  " Brianna e Bryan" nomes quase idênticos. — disse ele, acabando com o clima que rolava.
  — Você é mesmo inacreditável — disse ela com frieza na voz.

  Ele percebeu, e tratou logo de mudar de assunto.

  — Então, a contribuição da minha cadeia de televisão é para acabar o restaurante.
  — Para isso é para cobrir as despesas da publicidade dos primeiros seis meses.
  —  Tens os documentos?
  — Aqui, não. Mas Nigel pode mostrar-tos.
  — A partir de agora, vou eu tratar disso, não ele.
  — O quê ?
  — De agora em diante, só lidarás comigo.

   Desconcertada pela decisão dele repentina, Brianna perguntou-lhe:

  — Então, vais dar-me o que a TSC me prometeu?

  Ele olhou para ela com olhos brilhantes.

  — No fim.
  — O que significa isso?
  — Necessito de provas de que és tão boa como dizes. Não apoio empreendedores medíocres.
  — És sempre tão ofensivo de manhã?
  — A frustração sexual não me faz bem.
  — Parece-te adequado mencionar isso numa conversa de negócios?
 
  Ele olhou-a nos olhos.

  — Seguiste-me milhares de quilômetros e conseguiste que te contratassem para aqui de modo fraudulento. Que direito tens a dizer-me o que é adequado ou não?
  — Não tive outro remédio.  Não posso tudo o que investi porque um dos teus empregados anda a caçar orangotangos no Amazonas.
  — Não há orangotangos no Amazona. No Bornéu...
  — Não disse no sentido literal— suspirou — O que importa é que a TSC acordou ajudar-me a abrir o meu negócio e, voltou atrás.
  — E estou a dar-te a oportunidade de resolveres as coisas.
  — E por quantos mais desafios terei de passar?
  — Contrato os melhores. Tem que haver um motivo para que Nigel se tenha atrasado no pagamento.
  — E achas que a culpa é minha. Só tens de as imagens do programa. Ganhei de forma limpa.
  — Já mo disseste, mas pergunto-me se haverá mais alguma coisa.  Se  é tudo legal, porque não contrataste  um advogado para que a minha empresa cumprisse o acordo?
  — Não tenho tanto dinheiro. Além disso, esperava que fosse mais razoável.

  Ele aproximou-se, olhando- a nos olhos. Os seus olhos brilhavam perigosamente de desejo, paixão e necessidade de ganhar a todo o custo.

Jogando com o amorOnde histórias criam vida. Descubra agora