Empatia é Fundamental?/@ElohCobain

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O que é empatia?

Acredito que a maioria saiba do que se trata, ou tem uma mínima noção. As definições vão da psicologia a sociologia, então para simplificar, empatia deriva do grego empátheia. Sendo assim, é sentir cognitivamente através das vivências particulares de outro indivíduo. É a habilidade de se colocar emocionalmente na mesma sintonia, estabelecendo uma conexão com o semelhante, ou mesmo em relação a determinada circunstância.

Não é necessariamente concordar com o outro. Alguém que nunca foi refém de um vício pode muito bem compreender o dilema. Por exemplo, uma imobilidade perante algum drama pessoal que o deixou dependente de alguém, ou mesmo em função de algo. Ou mesmo a mera analogia do cotidiano de outras pessoas e suas consequências. Se trata de pontes instintivas.

Por que é tão importante?

Steven Pinker, professor do Departamento de Psicologia da Universidade de Harvard e especialista em linguagem, citou certa vez: 'Boa escrita requer empatia'. Não estou aqui para pontuar nada, mas o cara tem gabarito e é interessante levar em consideração.

Sentimos empatia quase todos os dias, e como é notável, se trata de um sentimento inato em todos nós, e que deve ser explorado. É através dela que o leitor se sentirá íntimo da história, criando um elo que o levará até a última página. Considero uma ferramenta essencial. É um excelente meio de conquistar a afeição do leitor.

Já sabemos o conceito, e a relevância. Mas como aplicá-la?

Sendo o mais natural possível!

É algo tão lógico, que pode soar desnecessário elucidar. Mas às vezes, as coisas que aparentam ser mais óbvias, são as mais complexas. Quem as torna assim? Nós mesmos! Verá que não é um bicho de sete cabeças.

Vamos à alguns pontos:


1. Perfeição uma pinóia!

Boa pinta, inteligente, otimista, engraçado, confiante, leal, carismático, sincero, sensível, superprotetor, meigo, fofo, diplomático, articulado, intrépido, enigmático, sensual, amável, Deus grego/nórdico, e blá-blá-blá... Cansou? Eu também, e seu leitor também se cansará. Ninguém quer ler uma história que mais parece um manual da perfeição! Os leitores querem algo para se indefinicar. Querem rir da falta de noção do personagem, flagrar uma insegurançazinha, se familiarizar com os medos... Em suma, querem olhar e pensar:

"Muito eu!"

"Parece minha amiga Berenice!"

"Hahaha! Quem nunca?"

"Confesso que já fiz isso..."

Vão se identificar com as qualidades? Vão! Mas nem só de perfeição os terráqueos são feitos, na realidade, diria que pendemos mais para o lado obscuro. E não me venha com a desculpa de que seu personagem é intergalático, ou um ser mágico da Heneteriameiliopólitânia!

É claro que há um respaldo para a ficção, e é palpável que a gangorra penda mais para o lado favorável, mas não tente ludibriar o leitor criando um robôzinho perfeitinho. Não vai colar, e ele vai se encher rapidinho!

Somos seres errantes, e seus personagens não devem fugir à regra.

2. Obstáculos, infortúnios e injúrias.

O mesmo que serve para o personagem perfeito, serve para a vida perfeita. Não insira o seu personagem em um mundo pouco palpável. A vida precisa ser injusta e exigir dele emocionalmente. Precisa haver obstáculos, dilemas, cicatrizes, receios. É disso que somos feitos. Não precisa massacrar o personagem de todos os lados, mas ele precisa apanhar nem que seja um pouquinho. Faça o leitor querer tomar suas dores! Quem nunca precisou de um colinho? Todo mundo. Seu personagem também, ainda que seja forte. Um vislumbre de sucumbência ao menos. Óbvio que precisa coincidir com a índole do personagem. Se ele é durão, não irá desmoronar tão facilmente, dificilmente irá expor suas fraquezas à troco de nada, mas isso não significa que elas não existam. A não ser que seja um psicopata sem coração...

3. Empatia da empatia.

Se seu personagem não for um psicopata, ele também precisa sentir empatia. Ainda que ele seja o narrador da história, o mundo não pode girar em torno do seu umbigo. Mesmo que seus problemas sejam majoritários em sua vida e ele seja um puta de um egoísta, é importante que demonstre condoimento pelas pessoas que gosta, se sentindo conectado a algumas situações que não estejam necessariamente relacionadas à ele.

4. Conquistas, sonhos e objetivos.

Nem só de desgraça vive a empatia. Dê um sonho ou objetivo para seu personagem, ainda que soe absurdo idealizá-lo. Divagações irrealista e sonhos impossíveis, também geram identificação. Conforme for avançando, o leitor se sentirá conquistando aquilo também. Mesmo que soe uma besteirinha superficial, se soar importante para o personagem, o leitor se alegrará junto.

Personagem, leitor, e escritor felizes. Que maravilha! Eeeeee!

5. Não tenha medo do ridículo!

Seu personagem pode sim soltar uma piada sem graça. Quem nunca? O leitor dará risada, só de se lembrar que já passou por isso. Será um gatilho automático para gerar empatia.

Sabe aquela frase absurdamente dramática e teatral? Ela pode sim, ser empática! Pode até soar patética em um primeiro momento, mas admita, você já pensou em algo na mesma proporção. Tem muita gente que irá se identificar, tendemos naturalmente ao exagero, não se esqueça. Aposte nisso, sem medo de soar hiperbólico. Só não deixe a coerência de lado, ok? A sugestão é saber levar em conta o exagero, e explorá-lo nos momentos propícios.

O comedimento pode ser seu inimigo. Leve em conta que escritores precisam ser descarados, então não tenha vergonha. Seu personagem é seu personagem, você é você.

Tá, isso é tudo?

Calma gafanhoto, se trata apenas da ponta do iceberg. Porém, não cabe à mim, cabe à você destrinchar outras formas. Basta sincronizar o observador que há em você, apenas esperando um passe livre para agir como facilitador. Então se questione:

O que costuma gerar empatia nas pessoas?

Qual foi a última vez que sentiu empatia?

Quais acontecimentos despertam esse tipo de emoção?

Anote os pontos que observou. Se gerou empatia em você, certamente gerará em outras pessoas.

Leve isso à sério e certamente conseguirá cativar mais e mais leitores.

E para finalizar, não poderia ser diferente:

Paz, amor, e empatia!

Ateliê de EscritaOnde histórias criam vida. Descubra agora