Meu Protetor

Surpresinhas

 Acordo com a respiração pesada, minha cabeça estava prestes a explodir, olhei as horas, 4:30 da manhã.

- PUTA MERDA! COMO EU ODEIO ACORDAR DE MADRUGADA! 

 Agora vai ser um século pra eu voltar a dormir. Resolvo ir na cozinha comer algo e tomar um remédio, a dor tava insuportável.

 Abro a geladeira, nada que me agrade. Abro o freezer, tudo congelado. O jeito é me alimentar com biscoito mesmo, isso não vai me encher nem por 10 minutos, mas mesmo assim resolvo comer, ou era isso ou comia comida congelada.

 Pego meus "amados" biscoitinhos, preparo um leite quente e me sento na bancada para comer. Me perco em meus pensamentos, sempre vinha os tais olhos azuis em minha mente, e conseguia sentir o calor e a proteção do abraço ainda em mim, me arrepiava só de lembrar.

 Quando dou por mim, já estava dando umas 5 e pouca e resolvo subir, pra pelo menos dar uma cochilada até dar a hora de eu ir pra escola. Subo as escadas e ouço uma conversa vindo do escritório do meu pai, mas não era só uma voz, pareciam ser 3, estavam falando até que alto, pareciam estar discutindo, mas não conseguia entender todas as palavras. Provavelmente devem ser coisas bem particulares, pela hora que estão reunidos e o local né. Mas deixo pra lá, vou para o meu quarto, fecho a porta, quando a maçaneta deu o estralo de que estava fechada, a porta do escritório do meu pai é aberta, e claro, deito no chão para ver pela fresta, pq sou dessas. Vejo três sombras, paradas um pouco antes do meu quarto.

- Edward! Não podemos fazer isso! É a nossa filha! Nossa única filha!

- Eu sei Lilian, mas aqui ela corre perigo, vai dar tudo certo, mesmo com as consequências, ela vai ficar bem.

- Concordo com o Sr. Clark, Srta. Clark.- Sim, Charles sempre educado.- Aqui ela não estará segura, ela é a única herdeira de todo este império, não podemos deixá-la como está, é perigoso.

- Ainda não concordo com isso, Edward, mas é o que tem que ser feito.- E os três saíram.

 -MEU DEUS!- Corro pra minha cama, ainda extasiada com essa conversa. Não consigo acreditar.- O QUE VAI ACONTECER COMIGO AGORA? TO NA MERDA, TOTALMENTE NA MERDA. Agora que não consigo dormir mesmo.- É, eu falo sozinha, e muito, principalmente por eu ser filha única e meus pais estarem sempre trabalhando.

 Deito, fecho meus olhos e não consigo pensar em mais nada além dessa conversa, e quais seriam essas consequências??? Estou com medo, não sei se meus pais seriam capazes de fazerem coisas totalmente absurdas assim, mas pelo visto já estão decididos, e espero que seja só uma brincadeira de mau gosto, acreditando eu que não.

 Fecho meus olhos e no mesmo instante o despertador toca, 5:50.- DEUS ME ABENÇOE! NÃO AGUENTO!- Coloco mais 10 minutos de soneca, pq eu mereço depois dessa noite. E eu mal fecho meus queridos olhinhos inchados de sono e a desgraça do despertador toca de novo!- INSUPORTÁVEL!- Infelizmente, me levanto, vou ao banheiro fazer minhas higienes e desço para tomar café da manhã, mesmo sem fome alguma.

 Chegando no salão, meus pais não estavam, então perguntei Tereza (ela cuida da casa desde os meus 5 anos, é como uma mãe pra mim), e falou que eles saíram logo cedo pra resolver umas coisas em Bristol e que Charles me levaria normalmente hoje, mas nada mais que isso. Logo ela me deu um abraço apertado, falou que me amava muito e voltou a trabalhar.

- É, terei que tomar café sozinha, beleza.

Quando deu 6:40, já estava pronta, de roupa trocada, livros quase quebrando minhas mãos e mochila pesando toneladas nas costas, tudo uma maravilha! Charles já me esperava na porta com seu terninho, que fica um amorzinho nele, esperando só eu chegar para partirmos.

 O tempo todo ele puxava assunto da escola, como estavam minhas notas e coisas do tipo. Deixei ele ficar puxando a conversa o tempo todo, se não eu acabaria perguntando sobre ontem, e não vai ser nada legal ele souber que eu estava ouvindo tudo, ou quase tudo, não sei.

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 Quando deu exatamente 11:30, o sinal da liberdade toca, ele é, com certeza, o barulho mais irritante que eu mais gosto de ouvir. Saio e vou ao encontro do local marcado onde Charles sempre me busca, e nada dele. Espero quase 15 minutos e avisto o carro vindo uma quadra antes, espero impaciente, odeio esperar, ainda mais perto dessa escola com essas pessoas me enchendo o saco.

-Olá, serei seu chofer hoje, entre.- Não reconheço esse homem de lugar nenhum, ninguém me avisou que não seria o Charles que me buscaria, e não estou gostando.

-Ei! Nem te conheço! Não vou entrar, vou ligar para o Charles pra saber se ta tudo bem.

-Cala a boca e entra nesse carro logo, garota!- Me assustei, quis gritar, mas som nenhum saía da minha boca, ele acabara de colocar um pano no meu rosto, minhas vistas foram escurecendo, depois disso não vi nem senti mais nada.