Capítulo 13

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Tentei queimar o diário de todas as formas possíveis. Arranjei todas as suas páginas, joguei-as no lixo e taquei fogo. Na esperança de ter sumido com aquilo de vez, do nada ele surge novamente em cima da cama, ou do criado-mudo. Tentei jogar na água, jogar do prédio, rabiscar as páginas, picotar as folhas, mas de nada adiantava. Joguei o diário o mais longe de mim e deitei na cama, exausta. Matt, que evitava tocar em mim, se aproximou e deitou ao meu lado, de costas para mim. Estava definitivamente sozinha. Fugi de casa, da minha família amável e engraçada. Larguei a escola e todos os meus amigos. Meu melhor amigo pelo visto nunca mais iria tocar em mim novamente e meu diário estava mais pirado do que eu. Não sabia mais para onde correr. Não sabia sequer onde estava até que fui inundada por uma torrente de sonhos.

Uma mulher muito velha, com cabelos muito curtos e grisalhos andava na minha direção. À julgar pela sua expressão, não estava nada contente. Ela chegou bem perto de mim, olhou no fundo dos meus olhos e disse:

- Garota tola. A verdade está embaixo do seu nariz e você não consegue ver. Pare de ser tão cega e tão sonsa e olhe ao seu redor. Olhe de verdade, porque a pessoa que você mais ama é a que partirá o seu coração e mudará a sua vida. Cabe a você mudá-la para o bem ou para o mal.

Ela olhou fundo nos meus olhos mais uma vez e estalou os dedos na frente do meu rosto.

Despertei com um susto e me sentei na cama. Olhei o relógio e eram 4:30 da manhã. Matt dormia tranquilamente ao meu lado, enquanto eu levantava para lavar meu rosto suado. Andei descalça até o banheiro quando escorreguei e quase caí de cara no chão. Estava molhado, escharcado na verdade. Olhei as torneiras, e todas estavam fechadas, poderia ser algum vazamento, mas não era em certo. A água foi encharcando mais e mais o quarto e eu fui entrando em desespero. Quando a água atingiu o nível dos meus tornozelos, eu corri, escancarei a porta e corri mais ainda. Desci escadas, escorreguei, subi ladeiras e por fim estava perdida. Bastante perdida e confusa. Tinha perdido a cabeça. Estava no meio da rua e estava escuro.

Do nada voei e cai. Senti todos os ossos quebrarem e estava molenga como uma geleca. Meus lábios sangravam e de repente meus olhos arderam. A luz do carro ligou e alguém saiu correndo na minha direção. Ele falava comigo, mas só ouvia o zumbido de dor que vinha do meu corpo inteiro. Ele se aproximou e eu vi. Era ele. O seu rosto, o sorriso de completo maníaco não enganava ninguém. Alex, o garoto dos meus sonhos. O cara no qual destruiu minha vida estava agachado na minha frente. Tentei gritar e fugir, mas quando tentei me mexer, senti uma dor tão aguda nas costelas que perdi o ar por um momento. Ok, fui atropelada por um carro e agora o maníaco do Alex estava me pegando no colo e me jogando no porta-malas. Ele me dizia coisas que, para mim, não faziam sentido nenhum. Ele bateu a porta e tudo ficou escuro.

Arregalei os olhos mas não via nada. Tentei chutar o que estivesse ao meu redor, mas a dor nas costelas era tão forte que chorei e soltei uns gritinhos. O carro estava em movimento e a cada curva que ele dava, meu desespero aumentava ainda mais. Após algum tempo andando, o carro deu uma freada e eu bati com tudo na parede do banco de trás, fazendo minha dor triplicar de intensidade. A porta se abriu e Alex me pegou pela camiseta, me levantou no ar e me jogou em seus ombros.  Ele começou a andar e, depois de um tempo, chegamos à uma casa enorme e muito desgastada. Ele entrou na casa e me jogou em uma poltrona muito suja e empoeirada. Amarrou meus braços e pernas e saiu, me deixando sozinha no meio do nada.

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⏰ Última atualização: Dec 19, 2016 ⏰

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