Capítulo 2

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Não conseguia prestar atenção nas aulas. Minha cabeça ainda latejava e meu pescoço doía. Matt ainda estava em fúria com o Luke e eu temia o pior. Conheço o Matheus há 12 anos, estudamos juntos desde pequenos e sei que ele quer brigar com o "Rei" por minha causa, algo que eu não posso mesmo deixar que aconteça. O sinal tocou e eu despertei de meus desvaneios, peguei  minhas coisas e saí da sala de matemática para entrar na de história.

Andei pelo corredor e todos olharam para mim com surpresa e espanto. Achei estranho até que me lembrei das marcas no meu pescoço. Idiota! Como você pôde esquecer de esconder as marcas? Corri para o banheiro, entrei e joguei tudo para fora da minha mochila ate achar minha bolsinha de maquiagem. Passei corretivo, pó e base até as marcas desaparecem no meio de todo esses produtos, juntei as minhas coisas e voltei para o corredor. Nada está errado agora, eu consertei isso. É so fingir que nunca aconteceu.

— IZABELLE CASTRO!

Ouvi uma voz conhecida gritar o meu nome e me virei em direção ao som desejando que não fosse quem eu estava pensando. Quando me avistou, o Sr. Lopes fez um gesto com a mão livre para que eu fosse até ele, caminhei em sua direção de cabeça baixa e entrei na porta que estava aberta. Ele entrou e a fechou atrás de si, caminhou pela sala e sentou-se em sua cadeira, me olhou dos pés a cabeça e convidou-me a sentar na cadeira que estava na sua frente, fui devagar e me sentei com cuidado sem tirar os olhos do chão em nenhum momento.

— Notei que hoje você se meteu em uma confusão não é mesmo Srta. Castro? Briga com Lucas Berliotti? Não acha que está muito grandinha para este tipo de atitude?

Luke era o grande protegido do diretor. Ele era paparicado e recebia agrados dele todo o tempo, daí o nome "O Rei". Sr. Lopes fazia tudo o que o Luke o mandava fazer, desde colocá-lo no time de futebol até passá-lo em matemática. Já eu era descriminada e subjugada por ele e por todos, mesmo sem nem ter feito nada. Qualquer problema que ocorria naquela escola vinha com meu nome anexado a ele.
O diretor pediu mais explicações para o "inconveniente" que aconteceu entre Luke, Matt e eu na entrada da escola. Contei o acontecido mesmo sabendo que nada iria mudar e saí da diretoria em direção à minha aula de história.

— Izabelle, muito bom vê-la novamente na sala do diretor.

Virei-me e vi meu pai sentado na cadeira ao lado da porta da diretoria e meu estômago se revirou dentro de mim. Já sabia que esse noite seria a "Maratona de brigas do Sr. Castro à Izabelle". Saí andando na frente enquanto meu pai tagarelava sobre o quanto eu era uma filha horrível em comparação a Eva, minha irmã mais velha.

— Eva nunca recebeu nenhuma advertência, nunca precisou ir embora mais cedo por problemas no colégio, não tirava notas baixas. E agora olhe pra você Izabelle, não pode nem tentar ser como sua irmã? Nem pelo menos tentar?

— Sim pai, eu posso tentar.

Minha família amava me comparar a minha querida e doce irmã Eva, a filha perfeita, a aluna exemplar, a médica mais qualificada de Minas Gerais. Eles faziam questão de esfregar na minha cara o tanto que eu era horrível e o tanto que Eva era perfeita e incrível. Não vou dizer que eu gostava disso, mas ouvia tanto que acabei não me importando mais com os julgamentos e repressões.

Como consequência pela "desordem" na porta da escola, meu pai me deixou de castigo no quarto e sem nem reclamar apenas deitei em minha cama e deixei meus pensamentos me levarem. Dormi por algumas horas e tive o sonho mais bizarro de toda a minha vida.

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