Episódio XII

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No sol ainda manso da tarde, no esconderijo dentro da gruta, Cora preparava algo dentro de um dos quartos. Parecia uma espécie de feitiço perigoso.
Ao redor da mesa, velas acesas e livros de bruxaria. No final, Cora pinga três gotas de sangue que estava dentro de um recipiente e guarda a veneno pronto. Depois de recolher todas as coisas, Cora sai do quarto e anda pelo corredor extenso iluminado por velas presas nas paredes.
Uma voz rouca sussurra em seu ouvido e a menina paralisa no meio do caminho.
"O que pretende fazer com isso, minha rainha?"
Cora se vira rapidamente e questiona.
- Já disse que isso não é assunto seu! -
"Você nunca me escondeu nada"
A voz era mansa porém bem grave, era mesmo de se arrepiar, mas parecia que Cora conhecia aquele ser.
- Me deixe em paz! - A bruxa se vira e continua a andar mas dessa vez com passos mais rápidos.
"Quer mesmo que eu lhe deixe em paz, minha rainha?" E ela para mais uma vez.
- Leviatã, eu preciso de mais poder, me conceda! - Cora se ajoelha e levanta as mãos para cima.
Leviatã era um dos anjos caídos dos céus que foi salvo por Cora.
Em uma noite muito fria, no meio de uma floresta tomada por uma neblina densa, Leviatã aparece para Cora em forma de mulher e lhe oferece abrigo, a bruxa ainda era uma criança inocente e então aceitou. Desde então Cora compartilha seu corpo com o anjo do mal e ele em troca lhe oferece ainda mais poder.
As velas do corredor se apagam deixando Cora em um escuro total, mas pouco importava pois ela estava de olhos fechados.
O demônio então cria forma e toca com suas unhas enormes no peito da feiticeira. Cora grita e logo as velas se acendem e Leviatã some.
A bruxa se recupera ofegante do poder oferecido, se levanta e faz um sinal de agradecimento e continua a andar. Ao chegar em um salão com uma mesa grande, onde pratos, copos e talheres estavam postos, ela se senta.
- Eu coloquei a mesa hoje, o que achou? - Cizzo saía de outro corredor que também dava de frente para salão.
- Achei magnífico! - Cora derrama todo o veneno na taça de Cizzo que estava cheia de vinho e guarda o frasco vazio.
Logo depois da refeição Cizzo não se sente bem e resolve ir para seu quarto para repousar
De noite, toda gruta estava em silêncio e Cizzo já havia adormecido em seu aposento. Em um dos últimos quartos do corredor Cora fazia um ritual para manifestar Leviatã. O demônio aparece com sua forma feminina e com o corpo descoberto. Seios fartos e longos cabelos negros, pele bem clara, olhos avermelhados e uma boca bem carnuda. Leviatã era um demônio considerado um dia como o Príncipe dos Demônios e a encarnação do mal absoluto, seu domínio era o orgulho e a heresia mas ainda assim tinha um poder incrível.
- Saudades, minha rainha? -
- O feitiço deu certo, agora é só esperar meu irmão fazer o resto. - Cora explicou - Porém, ainda preciso de outro favor seu. - Cora quando invadiu a terra de Orium com Cizzo ela andou por lugares desconhecidos e encontrou relíquias que ninguém nunca acreditaria que existia ainda.
- O que deseja? - Leviatã parecia interessado, então perguntou.
- Encontrei vestígios do corpo de um soldado muito forte e queria saber se conseguia traze-lo de volta a vida. - Cora se levanta e mostra três dentes, um de ouro e dois naturais.
- Tudo é possível minha rainha... - O demônio pega os dentes e engole todos com facilidade - Parece pertencer ao sangue real da terra de Orium. -
- Sim, porque pertence ao próprio Lendário Orium esses dentes. - Respondeu a bruxa com um sorriso maléfico no rosto.
- Para isso irei precisar de um corpo para o meu ritual, traga pra mim! - Exigiu Leviatã.
Cora confirma com a cabeça, sai do quarto e vai a procura da vítima para o ritual.

Orium e a Terra Divina (Atualizando 2023)Onde histórias criam vida. Descubra agora