Orium: Kharos

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Poucos anos haviam se passado e como Universo havia dito, a ilha de Orium passou por uma grande e revolucionária mudança, com isso, os orianos passaram a conviver melhor com a maldição da bruxa Erith e começaram a despertar o amor um pelo o outro, mas é claro que nada disso teria acontecido sem a ajuda da herdeira real do trono de ouro, Ciz. A moça que agora já havia se tornado uma mulher madura e formosa, tomou para si a tarefa de ensinar o verdadeiro significado da palavra amor para aquele povo que antes parecia rebelde. A princesa ensinou as crianças da ilha a ler e a contar moedas de ouro, também educou os homens e as mulheres de Orium para que pudessem ter vidas melhores e ainda mais oportunidades de trabalho dentro do reino. Ciz fazia tudo aquilo porque simplesmente gostava e todo aquele gesto natural parecia ter despertado interesse no rei das terras frias de Hecathon, um lugar que mais parecia um deserto coberto de neve, as pessoas daquele lugar não tinham muita sabedoria e então o rei Heeron enviou uma mensagem ao reino de Orium solicitando que a princesa visitasse as terras de gelo para que pudesse trazer esperança àquele povo miserável, mas o rei Orium proibiu a saída de Ciz das terras divinas, como tinha prometido à seu pai. A princesa passou dias dentro de seus aposentos fazendo suas bagagens, em caixas de madeiras arrumou suas vestes mais quentes e cobertores de peles de urso para se proteger do frio das terras de Hecathon e ainda encheu mais quatro caixotes com livros que já havia escrito sobre cálculos e linguagens, ela não poderia negar o pedido de um rei atormentado, ela sairia na calada da noite usando um dos barcos grandes de seu pai para ajudar o povo sem esperança da terra fria.

Com a lua sobre os céus da Terra, a noite escurecida e cercada de neblina, Ciz acompanhada de alguns guardas reais foram em direção as terras frias do rei Heeron, como era um longo caminho, sair na parte da noite era uma atitude considerada perspicaz, já que chegariam pela manhã. Enquanto a princesa descansava dentro de uma das cabines para dormir, os guardas faziam a proteção do barco, mas algo tão impremeditável para os homens de armaduras de ouro surgiu furando as cortinas de neblina sobre o mar. Era um gigantesco dragão de extensas asas e de escamas escurecidas, uma espécie daquele tamanho e daquele tipo não era normal de se ver sobrevoando o mar, ainda mais na parte da noite.

Dragões, por mais que apresentassem um aspecto assustador, eram consideradas criaturas dóceis e habilidosas pelo fato de terem uma ótima facilidade de aprender truques e serem ótimos em ataques aéreos, mas apenas na presença do sol. A visão destes animais poderia ficar confusa na escuridão da noite e com isso, eles se tornariam criaturas desastrosas e sairiam destruindo tudo pelo caminho.

Alguns guardas tentaram acalmar a fera enfurecida enquanto outros protegiam a princesa que estava em uma das cabines na parte de baixo do barco, mas nada parecia surtir efeito. O rugido do dragão ecoou por todos os corredores do grande navio e despertou interesse na princesa, que conseguiu sair pela janela do quarto sem a menor dificuldade. Ela nunca havia presenciado uma cena como esta e tudo que tinha visto até agora foram apenas livros e tecidos para bordar. A criatura voava apavorada por cima da embarcação assoprando chamas para todos os cantos e Ciz sem pensar em como aquilo seria arriscado se aproximou do animal e tentou lhe olhar nos olhos e notou algo curioso, os olhos da fera ardiam em tom de vermelho, o que parecia estranho para um animal normal, mas aquilo não havia acontecido por acidente, a criatura estava sendo manipulada por magia negra e sua missão ali era ferir gravemente a herdeira das terras de Orium.

O animal estava prestes a fritar a carne de Ciz quando correntes de prata foram arremessadas sobre o longo pescoço do bicho, paralisando a cabeça e o tronco, e dos céus um guerreiro, cuja espada era tão longa quanto seu próprio corpo, perfurou um dos olhos do dragão e os lançou nas águas salgadas do mar. O monstro de imenso tamanho acabou voando para longe do navio e sumindo no meio da densa neblina.

A princesa estava paralisada com a cena que havia acabado de assistir, nunca havia vivido algo semelhante. Ao redor do navio onde estava, pôde ver se aproximar mais três embarcações desconhecidas e todas pertenciam ao bravo guerreiro salvador de sua vida. Quando o rapaz de longos cabelos acinzentados e de armadura prateada embarcou em seu navio, ele logo se curvou diante da donzela e beijou uma de suas mãos, um ato delicado para um homem de extrema brutalidade, mas como Ciz nunca havia sido tocada por nenhum homem, se sentiu lisonjeada e agradeceu envergonhada. O alto rapaz de aparência conservada disse que estava tarde para uma princesa como Ciz vagar pelo mundo e que seria perigoso ir por aquele caminho, a princesa explicou toda a situação ao estranho homem e no final acabou sendo convencida a voltar para Orium, onde seria mais seguro. Quando desembarcaram no porto próximo ao castelo, Ciz convidou o rapaz para que passasse uma noite com a sua tripulação ali no reino e ele não poderia negar, estava faminto e cansado.

Na parte da manhã, logo depois de ouvir sermões de seu pai sobre a sua aventura na calada da noite Ciz decidiu apresentar o corajoso guerreiro aos seus pais na mesa do café da manhã, o que para ele não parecia uma boa ideia, o rapaz estava embaraçado com a situação e os pais de Ciz não pareciam satisfeitos com o comportamento da princesa, mas depois de tanto clamar Ciz acabou convencendo o homem a se apresentar diante do rei e da rainha de Orium.

O misterioso homem era um viajante das terras distantes de Azhoir, mais conhecida como a Terra dos homens corajosos, seu cabelo acinzentado era um traço comum da família real, logo então, diante de Orium estava Kharos, o bravo príncipe de Azhoir.

Orium e a Terra Divina (Atualizando 2023)Onde histórias criam vida. Descubra agora