Um garoto, cabelos negros e um tanto longos, camisa de manga comprida preta com capuz e bolso, uma bermuda cheia de bolsos com cinto e um tênis um tanto grosso, despertou confuso pela manhã no que parecia um edifício com um buraco no teto que dava visão ao céu. Apesar de que aparentemente estava em uma casa ou apartamento, as paredes estavam cheias de musgo e rachaduras profundas, era inacreditável imaginar que o prédio ainda não havia caído. O garoto sentia uma enorme dor de cabeça, sua perna esquerda estava enfaixada e dolorida, na sua mão havia um facão, um pouco mais distante, em um canto da sala onde estava, tinha um mosquete muito velho, embora em aparentemente perfeito estado, com uma tira de couro para pendurar ao ombro. De repente uma ânsia desesperada por água o antingiu enquanto ele se erguia, desesperado os seus olhos buscaram por todos os cantos atrás de água, o lugar tinha pouca luz, apesar do feixe forte de luz solar que entrava pelo teto destruído, entretanto ele notou sua garrafa ao chão, era uma bela peça metálica, redonda e, apesar de parcialmente suja e riscada, ainda em um bom estado. Ele mal se importou com o quão bonita, ou mesmo suja, a garrafa era, se pôs rápido a tirar a tampa e virar a garrafa na sua boca seca, pra sua surpresa nem uma gota escorreu, trêmulo -de raiva e de sede- o rapaz arremessou a garrafa contra a parede, se arrependeu no momento seguinte, um ruído alto se fez por reação o garoto paralisou, olhou ao redor e pra seu infortúnio, notou que o cachorro antes adormecido próximo a ele agora estava de pé e rosnando ferozmente.
Erick -o menino- se quer moveu um músculo, sabia que um cachorro feroz não podia notar medo e nem movimentos bruscos em sua presa, caso contrário iria rapidamente trucida-lo.
No andar de baixo, Bartô, um homem alto, grisalho e de sombrancelhas grossas pareceu preocupado ao ouvir o soar do ruido vindo de cima. "O garoto!", seu pensamento foi rápido e seu corpo reagiu quase tão rápido ao começar a correr para a escadaria mal iluminada que levaria para o andar de cima. Com apenas uma lanterna em mãos o homem seguiu seu caminho escada a cima, até chegar na sala onde o garoto se encontrava.
Os dois se entre olharam, Erick passou o olhar do homem para o cachorro e em seguida para a arma no chão "talvez a faca de conta, mas...", ele sabia o que estava fazendo; já não era sua primeira vez. Entretanto em palavras cuidadosas e calmas, entendendo as intenções do garoto o homem vacilou:
- Calma, ... Ahrg!
Ele se espantou, era Erick que investiu em sua direção, usando o facão pra imobilizar a arma do oponente o colocando contra ela e avançando com a outra mão direto na garganta do seu alvo despreparado, em passos de recuo despreparado o homem caiu. Apesar da situação desvantajosa, Bartolomeu teve uma reação rápida, ao chegarem ao chão quando Erick, um tanto sem jeito, tentou lhe desferir um soco Bartolomeu bloqueou sua mão com o braço e torceu seu pulso, deixando ele imóvel pela dor, apenas gemendo conforme seu pulso era lentamente torcido.
- Ah, entendo. Bem ela parece inteira então que tal como agradecimento eu te ajudar a sair desse prédio horrível ?
- Claro! Muito obrigado! - o menino falou animado, com um sorriso em suas bochechas arranhadas e molhadas de baba de cachorro.
- Bom, antes é sempre bom vasculhar tudo. Nunca se sabe o que te aguarda no próximo cômodo então é bom saber o que tem nesse.
O homem e o garoto começaram a mexer em tudo no lugar. Até que perto de um canto na parede, de baixo de uma cama, o menino viu um livro de capa vermelha um pouco rasgada e uma pequena tela na frente. Quando o pegou para examinar, viu que o livro estava trancado por um sistema de metal, ligado a um leitor de digitais. Na capa estava escrito "para mim mesmo" o garoto resolveu levar o livro consigo, e após vasculhar um pouco mais o local ele encontrou um ninho de passarinhos, dentro de um velho forno quebrado, com um único filhote, tinha penas vermelhas como fogo. Ele parecia sozinho e com frio e assim que o garoto colocou a mão para aconchega lo, o pássaro se encostou como se fosse a asa de sua mãe.
- Sabe, se um bichinho como este gosta de você e você for capaz de cuidar de dois, eu te recomendo pegar eles e cuidar, foi assim que conheci Foxy e com treinamento certo esses animais podem ser muito úteis. Além de que esse bichinho é uma arara, elas são muito bonitas e pode ser uma ótima companheira.
- AAh! - o garoto se assustou com o homem que apareceu de repente, mas logo se recuperou - Claro... Muito obrigado!
O garoto então mergulhou sua mão devagar no ninho e pegou o pequeno pássaro que dava piados meio falhos e trêmulos de frio. O menino então o colocou no bolso de sua blusa de moletom.
- Olá amiguinho. - ele disse baixo para o pássaro que piou em resposta, fazendo o garoto sorrir.
- Melhor irmos nessa, não queremos estar fora de um bom abrigo de noite... - o homem disse preocupado.
- Você sabe onde tem um?
- Claro que sei. Minha casa!
- Ela é longe daqui?
- não muito! Conseguimos chegar lá em uma caminhada de meia hora ou quarenta minutos se nenhum imprevisto acontecer.
- Vamos?
- Já pegou tudo?
- Sim, senhor! - Respondeu o garoto animado
- Então vamos.
O homem pegou uma lanterna que estava em seu largo cinto marrom e uma arma parecida com um revólver de cano largo. Assim que eles saíram do cômodo estavam em um belo corredor, cheio de plantas o cobrindo, algumas com belas flores e o sol entrando por entre as folhas. Seguindo o corredor eles chegaram a uma porta que parecia levar a escadaria, o homem encarou o menino com um dedo a frente da boca com um sinal de silêncio
- A partir daqui eu preciso que você siga minhas ordens e faça menos barulho possível, a menos que eu mande entendeu?
O homem falou entre cochichos e o garoto concordou com a cabeça com uma expressão séria.
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Tribal - E
AdventureUma catástrofe em escala global altera todo o mundo que conhecemos... Cerca de 60 anos depois um garoto sobrevivente perde a memória e tenta se virar, mas logo percebe que tem uma missão maior que recuperar a memória. Créditos pela revisão: Gaby_Bri...