Capitulo 4 - B

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Um homem, com aparência de uns 45 anos trabalhava arduamente na construção de um muro envolta de um enorme terreno fértil. Outros cinco mais jovens que ele ajudavam na construção, mexendo cimento, cortando e pegando blocos, organizando espaço, enfim, serviços comuns de uma obra. Mais para o centro de onde estavam tinha uma grande casa, devia dar espaço de sobra para moradia de umas 30 pessoas, próximo a casa havia um lago e o resto do terreno estava sendo ocupado por plantações, o muro não parecia que iria demorar a ser construído, quando repentinamente o chão passou a tremer forte. Alguns blocos em que o cimento não tinha secado caíram e se quebraram ou se racharam, outras partes do muro criaram rachaduras. Um sino no topo dá casa tocou, todos exceto pelos que trabalhavam no muro, correram para a casa. Já os que ficaram faziam de tudo para evitar danos, salvar blocos e impedir o muro de cair.

- SEGUREM O MURO! RÁPIDO, SE ELE CAIR TODO O TRABALHO DE HOJE FOI EM VÃO!

Os homens obedeciam as ordens, seguindo o mais velho que falava os liderando enquanto segurava o muro.

- NOVATO! VÁ PEGAR OS CABOS DE SUSTENTAÇÃO!

- SIM SENHOR, SENHOR BARTÔ!

O homem mais novo soltou o muro e correu em direção a um armazém, próximo a grande casa.

- GEOVANNI, QUERO QUE VOCÊ LEVE TODOS OS EQUIPAMENTOS DE CONSTRUÇÃO PARA O ARMAZÉM, JUNTO COM GABRIEL E NÃO QUERO NENHUM DANO CAUSADO, ENTENDERAM!?

Mais dois soltaram o muro e começaram a coletar tudo, exceto por dois martelos, eles correram segurando as coisas por onde podiam, inchadas e pás nas mãos, colheres e cimento seco em baldes de metal enferrujado, enfim eles colocavam onde podiam e levavam. Ficaram assim dois homens mais velhos segurando o muro, um era Bartolomeu e o outro era Paulo, eles não pareciam que iriam aguentar muito mais tempo, ainda mais depois que começou a chover forte sobre suas cabeças suadas, entretanto o garoto chegou com vários cabos de metal e estacas, eles começaram a prender os cabos nos blocos e no chão com as estacas, assim os sustentando. Depois de prender todos e já ensopados pela tempestade eles se entreolharam sorridentes.

- CONSEGUIMOS! AGORA VÃO, VÃO, VÃO. PARA A CASA, RÁPIDO!

A comemoração de Bartô não durou muito tempo, a final ficar na chuva ainda poderia causar-los muitos problemas, como doenças. Todos alcançam a casa em segurança, logo na entrada lhe são entregues toalhas para que se sequem e troquem a roupa molhada, a casa toda parece se trancar, a umidade entra escorrendo pela madeira, mas nada que não desse para sobreviver, todos se aconchegaram em algum canto da casa, esperando a chuva passar para retornar a suas devidas funções.

Os anos passaram e isso se tornara comum, o muro finalmente foi erguido, mas precisava de reparos todos os dias devido aos terremotos, assim como a casa. Era comum, também, que outros sobreviventes acabassem entrando no ambiente e se juntando a eles, o único quesito era que oferecessem serviços em troca, logo eles tinham quase que uma sociedade inteira composta por 70 pessoas.

Em certo dia, enquanto Bartô fazia vigília no portão, (alterou seu cargo já que outro melhor e mais apito o substituiu) 4 sobreviventes se aproximaram, eles vestiam roupas boas, estavam todos bem armados e equipados e carregavam consigo algumas frutas e pedaços de carne frescos, provavelmente colhidos pela manhã. Ao ver as gostas de sangue pingando de um suculento pedaço de carne, Bartô sorrio, imaginou também que tais homens tinham intensão de se juntar ao grupo.

- Quem são vocês!? E o que desejam?

O homem grisalho no alto de uma torre próxima ao portão perguntou por hábito.

- Eu sou Gasper - disse o homem que parecia lidera-los - Esses são Pierre, João e Pedro. Queremos se possível nos juntar a vocês, mas nós temos um pequeno grupo conosco não muito longe daqui, será que tem espaço para todos nós aí?

O homem falava de um jeito gentil, como quem não queria causar incômodo, e isso Bartô admirava.

- Bom, nós temos cerca de 16 vagas aqui, serve?

- Claro, nosso grupo é de apenas 12 pessoas.

- Ótimo, sigam em frente e preencham a ficha na entrada, em uma ou duas semanas todos já devem estar alocados, mas pedimos que traga seu grupo antes de anoitecer, não atendemos pessoas quando anoitece.

- Não se preocupe, aloque um lugar para meus amigos e aceite esses alimentos como uma pequena oferenda inicial, eu vou buscar o resto do grupo se me permite.

- A vontade, tome cuidado, os caminhos aqui perto estão ficando cada vez mais selvagens e traiçoeiros!

Bartô o alertou de forma amigável

- Não se preocupe comigo, retornarei em breve com mais gente!

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- Assim Gasper foi caminhando por onde veio. Eu o observei confiante que esses homens seriam úteis para a situação atual, o que eu não esperava era que alguns anos depois, quando por voto popular Gasper assumisse o comando do casarão, como chamávamos aquela pequena colônia, ele se tornaria um ditador tirano, qualquer um que se opusesse a ele era aprisionado, torturado e por final morto!

Bartolomeu suspirou se lembrando de tais momentos tenebrosos e de tudo que passará até ali enquanto contava a história pro garoto.

- Depois disso eu me reuni com alguns opositores e nós fugimos, até hoje ele me observa, mas temos um tratado, por isso acabei me separando do resto do grupo.

Após ouvir atentamente a história, Enrique se levanta e encara o homem.

- Sinto muito...

- Bom... Depois de tudo que aconteceu garoto, eu resolvi que o melhor que posso fazer é ajudar as pessoas que encontro, como você, a Foxy e entre outros que já foram e vieram. Agora vamos seguir viajem, a gente já tá fora faz mais de duas horas e ainda não pegamos nada, quero ritmo acelerado, OUVIU!?

O homem voltou a falar agitado, cobrando o garoto que como sempre tentou demonstrar o máximo de disposição a quem tentava-lhe ajudar.

- Sim, senhor!

Assim os dois pegaram as coisas que tinham deixado no chão, para descansar enquanto Bartô contava a história, e se levantaram. Eles foram em passos rápidos, a final o tempo era precioso, e durante essa caminhada o garoto pode observar algo curioso, as casas mais próximas do sítio estavam "desaparecendo" como se fossem desmontadas bloco por bloco, mesmo achando isso muito estranho ele resolveu não atrapalhar o homem que estava concentrado em achar algum animal para caçar.

Após uns 30 ou 40 minutos andando ainda em ritmo acelerado, e já distantes do temeroso sítio, três dos quatro membros do quarteto se atentaram a um som estranho vindo de uma loja de conveniências em uma esquina próxima a eles, claro que quem não se atentou ao som havia sido Warm, que estava muito ocupado dormindo na sacola onde seu companheiro guardaria as coisas úteis que achasse, que até agora tinham sido duas pequenas baterias de relógio, algumas peças de roupas (que deixavam a sacola ainda mais confortável para Warm) e uma chave inglesa de cerca de 20 cm de comprimento. A loja era um tanto conservada por fora se comparada com outras construções da região e era pintada com um azul marinho, já desbotado e rachado.

- Quer entrar?

O garoto perguntou sussurrando para Bartô que respondeu que sim acenando a cabeça.

Tribal - EOnde histórias criam vida. Descubra agora