Capitulo 2 - R

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O homem e o garoto se encararam uns instantes mais, depois o homem forçou um pouco para a porta abrir ao abri-lá a escadaria tinha quase iluminação nenhuma, mas era possível ver que estava cheia de plantações e podia ver vagalumes brilhando, sem contar em um extremo silêncio. O garoto sentia o pequeno pássaro quieto em seu bolso, como se tivesse adormecido. Os dois foram descendo escada a baixo e fecharam a porta o que deixou a escadaria em uma escuridão total, o homem ligou a lanterna e isso os ajudou a se guiar. A cada andar que passavam, o medo aumentava, alguns tinham arranhões nas portas outros a porta estava arrancada o que era bom porque iluminava um pouco as escadas, outros a porta estava coberta por musgo. Todo o caso todo cuidado era pouco, pois o prédio estava todo rachado, mas antes que percebessem já estavam no térreo, o garoto animado foi na frente pra abrir a porta, e quando a abriu ficou pálido de susto, a final tinha visto bem próximo a porta o que parecia uma enorme, enorme mesmo, vaca musculosa, logo o homem colocou a mão na frente da boca dele, o impedindo de gritar, e o puxou de volta pra escadaria, fechando a porta devagar.

- Depois que eu atirar, corra! Corra na direção do sol, entendeu? -

O homem perguntou em tom sério, mas cochichando e o menino, claro, respondeu apenas acenando que sim com a cabeça

- Ótimo!

Após a pronúncia das palavras, o homem abriu a porta com força, mirando a luz da lanterna nos olhos da criatura, depois deu um tiro, a bala não causou nenhum estrago, porém fez muito barulho, o som espantou o bicho que saiu correndo desorientado para fora do edifício. O garoto sem pensar duas vezes obedeceu a ordem anterior do homem que também foi correndo atrás dele. A vaca correu na direção oposta e sumiu no horizonte. Assustado o pequeno pássaro no bolso do garoto acordou, ele o pegou e segurou delicadamente nas mãos de modo a não machuca-lo. Após algum tempo de corrida e mais cerca de trinta minutos o homem entrou em uma casa com portão destrancada, mas em bom estado a direita, ele chamou o garoto que entrou seguido pela cachorra, depois que todos entraram o homem fechou a porta, a trancando com diversas fechaduras.

- Você está bem, garoto?

- Sim, estou. Obrigado por me ajudar. Você mora aqui?

- Bom, sim eu tenho usado essa casa ultimamente, mas logo vou ter que mudar de novo, os recursos de água já tão acabando. Mas... E você quem é garoto?

Um ar de preocupação ressoou na cabeça do menino

- Eu... Não me lembro, eu apenas acordei naquele prédio, desorientado. Sempre que tento me lembrar de algo antes disso fico com tontura.

- Entendo, você deve ter batido a cabeça durante um dos tremores... - sugeriu o homem pensativo

- Tremores? - o garoto não tinha entendido

- Sim... Aah, claro! São terremotos, acontecem regularmente uma ou duas vezes por dia aqui, o chão e as casas e tudo mais, tremem...

De repente o garoto sentiu algo, como um estalo de memória. Ele viu a imagem de um homem que estava próximo a ele, o homem segurava a espingarda com a qual o menino acordou mais cedo, e parecia estar concentrado ou mirando em alguma coisa. Quando de repente tudo começou a chacoalhar. Depois disso o menino não conseguia se lembrar de mais nada. Com dor ele apoiou a cabeça na mão e se sentou.

- Está tudo bem? - o homem perguntou estranhando o garoto

- Sim... Eu só me lembrei de algo...

- Huum... Descanse garoto, pode se sentar no sofá ali.

O homem falou apontando e foi caminhando em direção a um filtro, onde ele encheu um copo de água e foi levando até o garoto que estava ja sentado ao sofá segurando o pássaro em sua mão e com a espingarda repousando a seu lado, o homem não pode deixar de prestar atenção na arma.

- Você sabe usar isso garoto? - ele questionava enquanto entregava o copo

- Na verdade não. - o garoto falou e se deliciou do copo dágua que parecia trazer vida a sua boca, que estava seca.

- Bom, amanhã pela manhã então vou te ensinar, essa espingarda hoje em dia é uma raridade, se trata de uma Winchester 22

O garoto ficou impressionado, mas sem entender.

- Winchester?

- Sim, era uma arma popular a muito tempo atrás! Bom, mas isso não importa. Se você quer sobreviver no mundo lá fora precisa saber das coisas! Eu tenho alguns livros que podem te ajudar, sabe ler?

- Na verdade... Sei sim, bom eu acho que sei... - O garoto se pôs a pensar

- Pegue! - O homem pegou um grande livro com palavras miúdas falando sobre física e outro sobre biologia e entregou ao menino - Aprenda estes, depois te dou outros.

O menino acenou com a cabeça e depois virou o olhar para os livros, ambos tinham capas grossas e empoeiradas, um tinha o título de "Fundamentos e artimanhas da mecatrônica" e o outro o titulo de "O estudo do cérebro". Curioso o garoto abriu o livro sobre o cérebro e se pôs a ler, sem que percebesse o dia passou.

Ao olhar para fora da casa pela velha janela rachada percebeu que o céu já estava coberto por uma escuridão completa e o cansaço o atingiu, o garoto bocejou e se espreguiçou, deitando aos poucos no sofá e sentindo suas pálpebras pesando, bem de vagar até que dormiu de vez.

O homem o observando, se lembrou vagamente de um passado distante, mas seu dia também foi cansativo e o dia seguinte vai provavelmente ser ainda pior, o homem então se levanta e alimenta sua cadela, que estava faminta, com um pedaço de carne crua que tinha caçado ainda mais cedo, pendura sua mochila em um gancho alto e vai em direção ao seu quarto, onde ele pega um cobertor e um travesseiro para o menino que logo se aconchegou. O pássaro, que escapara das suaves mãos do garoto pulou até seu pescoço, para se aconchegar quentinho e seguro. Assim todos os membros da casa acabaram dormindo.

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