Capítulo UM

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Imagine a cena: centro da cidade às três da tarde, com um engarrafamento terrível. O som das buzinas forma um coral em meio às ruas, junto ao barulho do comércio lotado e desesperado pelas vendas de final de ano. Nos carros, pessoas nervosas com o trânsito parado. Nas ruas, pessoas nervosas por não conseguirem entrar em seus carros estacionados. Um ladrão rouba a bolsa de uma mulher na calçada. "Socorro! Pega! Ele me roubou" é apenas mais um som em meio à orquestra urbana de todo dia.

Em uma rotina agitada como esta, com um cotidiano lotado de afazeres, é difícil vermos gente tendo prazer em coisas simples. É raro vermos os pais saindo com seus filhos para tomar um sorvete, os casais namorando nas praças, o vovô ensinando seu neto a soltar pipa em uma tarde de vento, um vendedor de algodão doce tocando sua flautinha e as crianças eufóricas procurando garrafas para trocar por aquele pedaço de nuvem colorida.

A inquietação e a rotina frenética fazem a cada dia com que os cidadãos tenham menos tempo para dedicarem a si mesmos, tornando o mundo em um lugar mais doente e passivo. Tempo para buscar a Deus? Ir à igreja? Que nada! Domingo é dia de acordar mais tarde, afinal se trabalha a semana toda por tanto tempo, que alguém aqui precisa de pelo menos um dia de descanso (até o Senhor descansou depois de criar o mundo todo). Acordar cedo no domingo talvez só vale a pena quando tem uma boa corrida de Fórmula 1 ou um esperado jogo de vôlei do Brasil na TV.

Marcos é apenas uma personagem, dentre tantas outras inseridas nesse mar de gente, cheio de problemas e sem nenhuma solução. A sua vida não tem nada de mais, se comparando com tantas pessoas que também trabalham para ter uma boa vida - casa, carro, mulher, filhos. Mas a história dele tem alguns pontos interessantes que ele mesmo diz serem cruciais para determinar quem ele é hoje.

Marcos é advogado. Orgulho de seus pais, foi o primeiro bacharel em Direito dos quatro filhos do casal. Sempre muito afeiçoado, ele chamava a atenção das mulheres onde passava. Seus cabelos louros-escuro e seus olhos esverdeados eram seu cartão de visita. A piscadela, sua arma secreta, fazia qualquer ser feminino praticamente se jogar nos braços do rapaz.

Marcos não era um cara que ligava para religião. Seus pais sempre o levavam à igreja aos domingos. Quando não ficava do lado de fora com os colegas conversando durante o sermão, escolhia suas pretendentes dentro da igreja e usava sua arma infalível para raptá-las e trocar quentes beijos. Era chamado por seus amigos de Lorde Marcus de Kisses, pois eles o viam como o cara que mais ficava com as meninas da igreja e do colégio, se tornando assim, o senhor daqueles que não tinham a mesma sorte.

O rapaz sempre acreditou que sua vida seria boa, graças a sua facilidade em adquirir conhecimento e sua habilidade em serelacionar com as pessoas. E assim, não medindo esforços, construiu uma carreira sólida, tendo conquistado muitas coisas através das influências que tem no meio dos magistrados e ganhando muitos casos consecutivamente. Ser a companheira de uma pessoa assim é um sonho para muita gente. E considerando Marcos, que mulher não gostaria de casar com um loiro de olhos verdes, que temum bom emprego, uma boa casa e um bom carro, além de ser bastante influente?

Lord Marcus de KissesOnde histórias criam vida. Descubra agora