3- Daiane

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Chegou Segunda feira e Minhas aulas começam hoje. Acordei Desanimada e fui fazer minha higiene. Vesti uma calça Jeans preta e uma regata verde-agua, coloquei uma sapatilha preta e peguei minha mochila. Sai de Casa e fui em direção a escola. Andei por uns quinze minutos até que vejo o prédio alto e com aparência de antigo mas que na verdade Não é tão antigo. Entrei e fui em direção as salas dos Segundos anos. Procurei meu nome na lista e achei na sala Do 2° Ano B.
Entrei e sentei na primeira carteira. As três primeiras aulas se passaram e chegou a hora do intervalo. Entrei no refeitório e sentei em um lugar distante, já tinha pegado o meu lanche e coloquei meu fone. Olhei em volta, vários alunos em seus grupinhos, sorrindo e se divertindo.

Sim eu tinha inveja, queria ter amigos, queria que as pessoas gostassem da minha companhia. Queria fazer o que eles faziam, mas eu  era diferente e não era legal como eles.
De repente eu observei um grupo, Reconheci um garoto, era aquele moreninho de óculos que estava roubando uns estudantes da escola do ensino fundamental perto da minha casa. Ele estava num grupo com outros garotos falando e rindo. Procurei pelo loirinho e não o achei ali. Quando vi que ele estava chegando aquela mesa. Ele estava com uma calça jeans azul e uma blusa branca. Cumprimentou seus colegas e sentou junto com eles.

Pensei em chamar a polícia, pensei em falar com a direção, pensei no que eles estariam fazendo aqui, pensei em tanta coisa que não deu tempo de fazer nada e o sinal tocou. Ainda receosa peguei a bandeja e a levei de volta. Fui pra minha sala e isso não saiu da minha cabeça. Eles eram tão cara de pau que apareciam assim na escola. Resolvi prestar atenção na aula, as aulas passaram tão rápido que quando vi já tinha acabado as aulas do dia. Peguei minhas coisas e sai junto com vários outros alunos. Uma multidão. Cheguei a saída e fui em direção a minha casa. Tinha uma praça em frente da escola e era lá que o Loirinho estava com seus amigos. Olhei de relance e fui embora rápido.

Cheguei em casa e fui fazer as tarefas de casa antes que minha mãe me matasse.

Fui no mercadinho perto de casa e comprei uns temperos que estavam faltando e voltei. Antes de abrir a porta novamente escutei uns barulhos vindo de dentro da minha casa. Não tinha ninguém em casa quando saí, então entrei pensando ser a Letícia ou minha mãe.

Entrei silenciosamente e fui em direção ao barulho, comecei a identificar que era a voz da Letícia, mas ela estava? O-que? Ela estava meio que gritando baixinho. Fui em direção ao nosso quarto e nem precisei entrar pra saber o que estava acontecendo. Fui para o quintal e esperei eles terminarem. Mas a minha curiosidade era. Quem era esse Garoto? Ela não namorava. Ah mas se minha mae soubesse ela ia matar a Letícia.

Entrei depois de não escutar mais nada e fui fazer a comida, quando um garoto, garoto não, homem todo tatuado apareceu na cozinha só de cueca. Fechei meus olhos rapidamente.

- Foi mal aí pirralha, não sabia que tinha alguém aqui.
Falou e percebi que sua voz era muito grossa. Falava na gíria também. Se tem uma coisa que não suporto é gíria.

Ele foi embora então voltei ao que estava fazendo. Ah mais se mamãe soubesse o que a Letícia tá aprontando. Ela vai levar uma surra.

Fiz o jantar e resolvi ir pra sala. A Letícia estava lá lendo alguma coisa. Sentei no sofá e a mesma parou o que estava fazendo e me encarou.

- Não aconteceu nada aqui hoje entendeu? Você não viu nada.
Falou me ameaçando.

Assenti e ela voltou a ler.

- Porque não conta pra mamãe? Vai ser pior se ficar escondendo dela. Não seria mas fácil se vocês contassem, aí poderiam namorar em paz.

Falei e ela voltou a me olhar largando seu livro ao lado.

- Acha mesmo que ela ia aceitar eu namorar com o Chefe da COC?

Quê?

- O Que é COC?

Fez cara de tédio

- Crime Organizado Da Vila Conceição. É umas das Facções daqui!

Me espantei e olhei pra ela assustada. Como assim o chefe? Facção?

- Você namora com o che-efe? Da Facção? Que?

- Sim, estamos nos entendendo.

Ela é louca só pode. Se envolver com um traficante, já basta nosso Pai na cadeia.

- Como isso aconteceu?

- Isso não é da sua conta e não conta nada pra ninguém, ou você vai se arrepender maninha.

Saiu da sala e eu fiquei sozinha ainda assutada demais pra levantar. Ela é louca. Namorar com um bandido, todo mundo sabe que a louca que se mete com bandido se quiser terminar vai é morrer. Aí Meu Deus que burrada que ela se meteu.

Resolvi deixar essa história de lado, afinal a vida é dela. Fui estudar um pouco e já era noite. A minha mãe chegou já perguntando se eu tinha feito tudo em casa, falei que sim e ela me mandou ir pro quarto pra não atrapalhar. Eu fui e deitei, mas nao dormir tão cedo assim. Voltei a pensar naqueles dois bandidos que estavam estudando na minha escola. Esse lugar está cada vez mas perigoso. Dormi pensando nisso.

•••

Acordei e já era quinze pras sete, ou seja, eu devia estar saindo de casa e não acordando. Sai correndo e Fui me arrumar nas pressas. Acabei colocando um shorts branco e uma blusa preta e a minha única sapatilha. Sai correndo de casa. Corri por uns oito minutos e cheguei na escola. Só que ainda tinha gente do lado de fora mais percebi que eles que queriam ficar lá naquela pracinha. Com certeza matando aula. E claro, eram aqueles bandidos e seus amigos. Corri pra dentro da escola e só pude entrar na segunda aula. Entrei e aulas passaram rápido. Cheguei no refeitório e fui buscar meu lanche, então foi como se tudo ficasse em câmera lenta, tropeçei e fui em direção ao chão dando de cara com a minha comida. De repente uma onda de risadas chegam ao meu ouvido. Todos no refeitório estavam se acabando de rir de mim.
Naquele momento me senti tão inútil, me deu uma vontade de sumir, de me matar, ou melhor matar todos eles. Mas o que eu fiz foi levantar, me limpar e levar a bandeja de volta à cantina. Segurei o choro e passei por aquela multidão que me olhava e ria. Segui para o banheiro e lá não aguentei mais  e começei a chorar.

Depois de uns minutos me recompus e deixei o banheiro e segui a secretaria, pedi pra ir embora e eles me liberaram. Pedi pra a Maria funcionária da escola que buscasse minha mochila na sala de aula. Ela buscou e eu saí da escola.

Vi a pracinha em frente e resolvi sentar em um banco. Olhei pro céu e começei a chorar, mais só desciam as lágrimas.

O que eu fiz de errado? O que eu tenho de diferente? Porque ninguém me aceita? Porque meus pais me odeiam? Porque minha irmã tem nojo de mim? Porque não tenho amigas? Porque todos me rejeitam? Porque a minha vida é desse jeito?

Porque eu nasci? Porque eu tive que existir? Pra sofrer desse jeito? Pra ser capacho de todo mundo? Pra viver uma vida de sofrimento?

Minha vida é uma droga, minha vida é um desperdício de tempo. Minha vida não é importante. Minha vida é insignificante. Eu sou insignificante.

Todas essas pessoas são felizes. São aceitas. São legais. Tem algo de especial. E mesmo que não tenham amigos tem sua família que os aceitam e os amam.

Agora eu?

Eu não sou Nada. NADA.

Comecei a chorar de soluçar mesmo. Sem me importar com as pessoas que passavam. Chorei, chorei.

Começou a chover e fui andando devagar pra casa. A cada gota de chuva que me molhava e cai sobre mim era uma derrota em minha vida. Era uma gota de fúria e fracasso da minha Insignificante vida. A chuva ficava cada vez mais forte e mais frio. E eu, não estava me importando. Aquele clima estava igual o meu coração. Turbulento e tenebroso. Frio e escuro.

Eu nao conseguia mas enxergar direito e estava um pouco tonta. Comecei a cambalear e a ultima coisa que me lembro é de cair no chão vendo a chuva que tanto parecia comigo ficar cada vez mais embaçada e então tudo escureceu.

Porque Eu te Amo Mesmo?Onde histórias criam vida. Descubra agora