Acordei com uma luz forte no meu rosto. E não reconheci aquele lugar. Um quarto pequeno com uma cama de solteiro onde eu estava e tinha uma televisão na frente em cima de uma cadeira. Um guarda roupa ao lado. O quarto era De um bege escuro quase marrom.Sentei e resolvi sair daquele lugar. Mas antes de levantar alguém abriu a porta. Parei imediatamente e olhei pra quem estava lá e pra minha surpresa era o loirinho da voz bonita.
Me assustei um pouco mais nao demonstrei. Ele chegou mais perto e passou a mão em meu pescoço. Nem ousei me movimentar.
- Não está mas com febre.
Falou tirando a mão do meu pescoço. Mas o que eu mais fiquei surpresa foi Saber que a sua voz era mais bonita ainda do que eu me lembrava.
- Está com dor em algum lugar?
Fiz que não e ele então sentou em um banco que até então não tinha reparado e começou a me encarar.
- O que foi?
Perguntei irritada por este me olhando daquele jeito.
- Eu que te pergunto. To passando na rua aí eu vejo aquela menina da minha escola que não fala com ninguém jogada na rua e ainda tá chovendo. O que aconteceu hein?
Perguntou com a Sobrancelha franzida.
- Bom, Não sei muito bem, só sei que eu estava voltando pra casa e estava chovendo aí comecei a sentir umas tonturas e cai no chao. Aí não lembro de mas nada.
Ele me olhou mais um pouco e saiu do quarto.
Que garoto estranho. Eu hein
Passou uns dois minutos e ele voltou e me entregou algo. Quando vi o que era me assustei e me irritei.
- O que tá insinuando com isso?
Ele riu.
- Nunca se sabe bravinha.
- Eu não estou grávida garoto.
Me olhou rindo
- Como sabe?
- Como eu sei? Eu nunca fiz nada não se você quer saber, então eu não estou grávida.
Ele me olhou surpreso mais ainda rindo
- Então quer dizer que nunca fez nada?
Olhei pra ele bastante tempo e fiz que não.
Ele então jogou o teste em um lixinho que estava ali.
- Onde eu estou?
- No Meu Quarto.
- Não me diga.- Falei irônica e ele riu mais uma vez.
- Tá na nossa sede Bravinha
Sede?
- Aonde?
- A sede do BVC.
Essas siglas estão começando a me irritar.
- O que significa isso?
Ele riu de novo e falou
- Bonde Da Vila Conceição. Ja ouviu falar?
Olhei pra ele assustada, sabia que ele era bandido. Mas outra Facção sério?
- Isso é uma facção né?
Ele gargalhou e confirmou.
- Conhece a COC?
No mesmo momento ele fechou a cara
- Claro que eu conheço, eles são de outra Facção, nosso rival, eles quer tomar nossa área mas não vamos deixar não. Conhece eles?
Fiquei um pouco receosa mais me surpreendi por querer contar isso a ele.
- Na verdade, descobri ontem que minha irmã está namorando com o Chefe deles.
Ele fez uma cara nada boa.
- Sabe que isso é um caminho sem volta né?
Assenti. Eu sabia sim. Mas ela sabia o que estava fazendo.
- Eu te vi semana passada assaltando uns garotos. Eu fiquei com medo. Mas agora está me ajudando. Porque?
Ele pensou um pouco.
- Sei lá.
Revirei os olhos.
- Esperava uma resposta melhor, pelo tempo que ficou pensando.
Ele riu de novo. E ficou sério.
- Eu fiquei sabendo o que aconteceu na escola hoje.
Abaixei a cabeça e recusei a vontade de chorar. Nao na frente dele.
- É sim. Alguém deve ter colocado o pé pra eu cair. Mas eu não me importo. São todos uns idiotas.
Falei com convicção que estava longe de ter de verdade.
- Eles não deveriam fazer isso. Bom eu sei que faço mal as pessoas mas tipo você nunca fez nada pra eles, só fica no seu canto. Isso é covardia mano.
Eu ri.
- Eu não quero lembrar disso por favor.
Ele entendeu e assentiu.
- Qual seu nome?
Perguntou.
- Daiane. Daiane Souza.
Ele riu e me estendeu a mão.
- Prazer Daiane Souza. Sou o Wesley Silva.
Apertei sua mão e sorrimos um pro outro.
- Bom acho que eu já estou melhor e posso ir pra casa. Antes que minha mãe chegue e me mate por não ter feito nada em casa.
- Eu te levo então. Está um pouco longe e está escuro.
Assenti.
Lembrei de algo e resolvi matar minha curiosidade.
- Meu pai foi preso outro dia. Ele era um dos maiores traficantes do País. Só fiquei sabendo no dia que ele ficou preso. O nome dele é Marcelo Souza. Conhece?
- Trabalhava pra mim. Ele é seu pai?
Assenti meio Triste.
- Ele sempre falou que só tinha uma filha que se chamava Letícia.
Falou confuso.- Ele me odeia, assim como minha mãe e minha irmã. Então é claro que nunca ia falar de mim.
Ele ficou meio sem Graça.
- Sinto muito. Nem sei o que falar.
Ri.
- Não precisa falar nada. Ja estou acostumada.- Falei levantando da cama.
Ele veio atrás de mim e fechou a porta do quarto.
- Vou ter que fazer uma coisa Daiane. Te vendar. Sou o chefe mas tenho que fazer isso okay.
Assenti. E ele me vendou e me levou pra fora da casa. Tivemos que descer uma escada e quase caímos.
Ele me levou pra fora de casa e me pôs em um carro. Passou uns minutos e ele disse que poderia tirar a venda. Percebi que estávamos na frente da escola. Fui o guiando até minha casa. Chegamos e não tinha ninguém em casa.
- Bom, Obrigado por tudo.- Falei antes de sair do carro.
- Que nada Daiane, gostei de você. Conta comigo pra o que precisar.
- Obrigada mais uma vez. Tchau.
Sai do carro e entrei casa. Arrumei tudo rapidamente e fui tomar banho. Me deitei na cama e adormeci na mesma hora.