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i met a stranger, simon.

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Era dez horas da noite e eu ainda me encontrava na bancada da Starbucks, eu só precisava limpar mais algumas coisas e estaria pronta para fechar tudo e ir embora. Minha mãe não me ligou preocupada com a demora, acho que ela já estava acostumada com minhas chegadas á noite, mas amava reclamar quando vinha me buscar "Você não deveria deixar Amy até essa hora da noite, você com certeza conhece a cidade onde mora" ela dizia a Greg, que somente assentia com a cabeça. Normalmente eu demoro mais para tirar chicletes debaixo das mesas, o que eu acho meio inútil sendo que não vai demorar um dia para voltar tudo de novo.

Ouvi o sininho da porta, o que me dizia que alguém acabou de entrar - e também me dizia que esqueci de trancar a porta de novo.

- Me desculpe, nós já fechamos. -disse pegando minha bolsa e indo em direção a porta.

- Você tem certeza que quer sair nesta chuva? - ele estava encharcado.

Olhei para a janela pela primeira vez essa noite, estava chovendo demais, como nunca havia chovido nenhuma vez em Nova Iorque.

- Merda - sussurrei e o olhei - Acho que vai demorar um tempo para diminuir, mas já que estamos em um café, posso te oferecer alguma coisa?

- Um café? Josh Walker, aliás. - estendeu a mão.

- Amy Steiner, muito prazer. - apertei sua mão e me virei para ir fazer os nossos cafés.

- Britânica?

- Acertou.

- Já fui para Londres uma vez, grande cidade.

- Eu morava lá, quando já se é acostumado nem parece tão grande assim - disse colocando a xícara de café na sua frente e me sentando. - Nova Iorque é maior, bem maior.

- Diz isso porque nunca a conheceu por completo. - ele sorriu.

- Cinco anos de experiência, e grandes visitas ao Brooklyn.

- Estuda na St. Joseph's? - parou de tomar o café e me olhou.

- Sim, faço o terceiro período de fotografia.

- Me formei a um ano, música.

- Era minha segunda opção, mas o mercado de trabalho é meio complicado, não saberia por onde começar.

- Trabalho em uma loja de discos, mas ando pensando maior. Mas e a Starbucks?

Esse foi o único e primeiro lugar que pensei em vir trabalhar quando me mudei. Eu sabia que teria que ajudar minha mãe com as despesas de casa, e pagar minha faculdade. Mas o cheiro de café e biscoitos saindo do forno sempre foram uma paixão, minha mãe é uma grande cozinheira, ela sempre fazia biscoitos, bolos e doces, e eu amava ajuda-la, apenas para ter aquele cheiro maravilhoso rodando a casa.

- Eu costumava ajudar minha mãe a fazer bolos, e sempre preparava o café da manhã de meus pais, acordava todos os dias às 6h da manhã para preparar tudo, e no final do dia eles me davam cinquenta reais.

- Como conseguia? Eu acordo sempre ás nove e continuo cansado e não querendo me levantar - ele me deu a xícara já vazia - Obrigado.

- Eu tinha treze anos com um sonho nas costas, eu precisava desse dinheiro.

Eu não estava mais no meu horário de trabalho, e estava presa dentro da Starbucks contra minha vontade, então deixei as xícaras na pia e mandei uma mensagem para Audrey, que pegava o turno da manhã, ela iria limpar essa bagunça.

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