i'm really a very happy, contented little person in spite of my broken heart
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Ela queria chorar. Não que isso fosse tal problema, porque chorar aliviava tudo. Costumava ter muitos amigos, mas sabia que só poderia contar com poucos, conseguia contar nos dedos, "um, dois" e só. Ás vezes ela chorava baixinho dentro dela, para não causar perguntas, para ser um momento íntimo, no qual se libertava de tal modo que tudo simplesmente parava de acontecer em sua volta. E ela queria chorar.
Ela se sentia triste, mas principalmente quando saia de casa com os amigos. Porque sempre gostou de conversar, mas preferia o silêncio. Seus amigos pediam bebidas - o que ela achava desnecessário, dizia que era perda de juventude, porque eles não bebiam só porque estavam em um bar e estavam todos bebendo, eles bebiam para ficarem loucos. E com isso, faziam tantas coisas absurdas que no outro dia mal se lembravam do que tinha acontecido. E ela sempre pensava "não terão o que contar para os filhos, ficaram muito loucos para se lembrarem de qualquer diversão que tiveram na juventude".
– Amy desce logo, você vai perder o metrô. - sua mãe gritava da cozinha.
Ela poderia ser considerada a pessoa mais atrasada do mundo, mas é claro, dormia tarde, acordava com 20 minutos para se arrumar, tomar café e pegar o metrô para ir a St. Joseph's College. Sim, ela ainda pegava o metrô, mesmo conseguindo um emprego em uma Starbucks no centro, ainda não era o suficiente para um carro e um apartamento - sua mãe se recusava a pagar qualquer coisa á ela, era um acordo idiota, mas quando Amy se formasse ela teria que arrumar sua vida.
– Tchau mãe, não volto para o jantar, Greg quer que eu o cubra por hoje. Te amo!
Ela tinha essa mania de descer as escadas correndo, pegar uma torrada, dizer coisas aleatórias e sumir, mal esperava a mãe dizer alguma coisa, porque ela tinha pressa, precisava chegar á estação e esperar Simon - ele conseguia estar sempre mais atrasado que ela. Eles se conheceram logo que ela veio para Nova Iorque, os dois eram da mesma turma, mas ele acabou desistindo de fotografia e - por sorte na mesma faculdade, conseguiu se encaixar no primeiro período de Design de moda. Amy era louca com fotografia, Se tivesse ficado em Londres teria tentado a University of the Arts, que sempre foi seu sonho - mesmo seus pais dizendo que não traria futuro, mas era boa no que fazia e era boa em se expressar.
Corria entre as pessoas, precisava chegar ao Brooklyn antes de nove horas ou ela estaria realmente ferrada com o seu professor de história da fotografia. Ainda era oito e vinte e cinco, Simon não poderia atrasar tanto dessa vez, ela precisava tomar café, ninguém gostava de como Amy ficava quando não tomava café.
– Amy, Amy! - era Simon. - Desculpe o atraso, tive que levar Levi em casa.
– Eu não acredito! Para isso você tem carro né, só para levar seus namoradinhos para casa. - ela gostava de fingir estar furiosa, ele amava. - Simon, eu não aguento mais correr igual uma idiota para chegar aqui antes de você.
Ela odiava beber o seu café antes de entrar no metrô, gostava mesmo era de sentar naqueles bancos super desconfortáveis enquanto ouvia Simon falar sobre as matérias que provavelmente estaria reprovado, "ninguém reprova em moda seu idiota, você deve ser muito burro mesmo" ela dizia.
– Ele não é um deles, okay? Levi é diferente - ele amava abraça-la também - Amy, você está gorda, faz bem se exercitar um pouco, pare de reclamar.
– Como assim diferente? Você está apaixonado? - ela decidiu ignorar o comentário sobre seu peso e focou em seu melhor amigo que está finalmente gostando de alguém.
– Não fale desse jeito como se eu fosse um monstro, gays também amam.
– Gays amam, mas você não. - ela dizia rindo e o empurrando para o lado.
– Já disse que você é a pior amiga do mundo? Porque você é e não irei sentar ao seu lado hoje, aproveite a velhinha com tosse.
Não era brincadeira, eles queriam que fosse. Todos os dias que vão pegar o metrô tem uma velhinha tossindo muito, depois de um mês descobriram que ela trabalha em um pet shop, ela deve ser alérgica a todo tipo de animal ou tem tuberculose porque não é possível o tanto que ela tosse.
"linha 21 com destino a Brooklyn em um minuto"
• • • • Amy • • • •
– Você vai para a starbucks mais tarde, não é?
– Infelizmente, por quê?
Já tínhamos passado do portão da faculdade, e estávamos no meio do pátio conversando enquanto íamos cada um para seu prédio. Eu gostava de estudar aqui, o local é enorme e apenas pelo pátio cheio de grama deixa tudo com um ar mais limpo. Há três prédios, o meu, que fica as turmas de jornalismo, fotografia, arquitetura e direito, e o de Simon, que tem moda, curso de modelo e outro de fotografia e o terceiro que deve ter apenas curso de medicina.
– Queria que conhecesse Levi, podemos sair, sei lá.
– Seria ótimo Simon, quero muito conhecer seu namoradinho, mas dias de semana fica um inferno pra mim.
– Sem problemas, vamos outro dia. - ele sorriu. - E ele não é meu namorado sua escrota.
–Ligue para ele no intervalo, vou falar o quanto você é agressivo.
–Vai tomar no cu - ele falava se afastando porque havíamos chegado em seu prédio o que significava uma Amy andando sozinha até seu curso.
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neighbourhood
RomansaDepois de um trágico acontecimento que causou a morte do pai de seu ex namorado, Amy se vê sem escolha e abandona o país, indo parar de Nova Iork. Lá ela se depara com outra chance de encontrar o amor e esquecer o passado, mas será que ela conseguir...