Drunk

Luís

Eu não sabia fazer um depósito.

Era terceiro dia útil, o HSBC estava sendo trocado pelo Bradesco e o banco estava uma loucura. Eu precisava pagar contas e fazer um depósito; você estava atendendo no último terminal, ajudando os idosos. Como o banco estava em transição, quando eu fui pagar a conta, o sistema da minha maquina caiu e eu te chamei. Seu perfume era inebriante e preencheu o espaço entre nós dois.

Você me explicou os motivos e eu me despedi e fui para outra filial. Lá, paguei todas as contas, porém não havia ninguém para me auxiliar em como fazer o depósito.

Voltei ao antigo HSBC e fui falar contigo, você me abriu um sorriso e me disse que eu havia lhe abandonado. Você me ajudou com o depósito e eu fui embora mais alegre depois daquele pequeno sorriso dirigido a mim.

Passadas algumas semanas, eu voltei ao banco e tive problemas ao fazer o depósito novamente. Haviam várias pessoas que poderiam tirar a minha dúvida, mas eu só queria falar com você. Quando te vi chegando, uma felicidade momentânea me invadiu e eu só conseguia pensar no quanto eu gostaria de sentar e ficar a tarde inteira conversando contigo.

Quando fui perguntar sobre o depósito, você me chamou de "meu anjo". Eu sei que foi apenas modo de dizer e que você deve falar isso para qualquer um, mas o modo como você foi educado me encantou e essas palavras me marcaram e me fizeram sorrir no mesmo instante.

Lembro-me de uma vez em que eu estava na fila e uma senhora começou a gritar com você pelo fato de que ela não tinha o cartão certo para fazer um saque. Você com toda sua calma e paciência, explicou que ela deveria passar pela porta giratória, falar com o gerente e depois, voltar ali. Ela saiu amaldiçoando até a quarta geração de quem estivesse na sua frente. Todos estavam rindo e você disse que tinha que tomar cuidado para não apanhar e não era porque você é um mau atendente e sim porque as pessoas não entendiam as coisas.

Uma das piores sensações para com você foi quando eu estava no ônibus, e ele parou na frente do banco e você estava lá fora, olhando o movimento; eu vi você e sorri na hora, porém você me encarou, me olhou no fundo dos olhos e não me reconheceu. Senti-me sem graça, pode ser que você não se lembrasse de mim, mas prefiro acreditar que não me cumprimentou porque não me viu.

Você desapareceu nunca mais te vi no banco e agora, ir lá não tem a mesma graça. Quando passo por ali, sempre tento ver se você esta lá dentro, mas não esta. Eu adorei falar com você, nem que fosse por apenas 2 minutos.

Eu quero te encontrar e dizer que você faz falta quero sentir seu perfume de novo.

"apesar de tudo, sorria."