Capitúlo 2: Retorno.

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Mirey não hesitou. Corre, sem pensar, em direção ao homem caído. O medo e a adrenalina a impulsionavam, mas sua mente ainda estava turva, tentando entender o que estava acontecendo. Ela rapidamente pegou o celular do rapaz que estava jogado no chão e, com mãos trêmulas, ligou para a ambulância.

— Preciso de ajuda urgente! Tem um homem gravemente machucado aqui em cima! — sua voz soava ansiosa e nervosa, mas determinada.

Após pedir ajuda, ela olhou em volta, percebendo que estava sozinha naquela parte do prédio. Não sabia o que fazer, então procurou por mais pessoas. Seu olhar se fixou em um lance de escadas à frente. Sem pensar duas vezes, ela desceu correndo, subindo dois andares até chegar ao restaurante, diretamente na cozinha. Gritou:

— Tem um cara lá em cima! Ele está muito machucado! Por favor, ajudem a trazer uma maca até lá em cima!

Sua voz ecoou pelo ambiente, fazendo com que todos na cozinha se virassem para ela. Alguns começaram a descer para esperar a ambulância, enquanto outros subiam para ver o homem ferido.

— Posso ajudá-lo com primeiros socorros — disse Mirey, desesperada, percebendo que a ambulância poderia demorar ainda mais do que ela esperava.

Ela se aproximou do rapaz e, com cuidado, começou a tirar a camisa dele. Logo encontrou o ferimento — um grande acúmulo de sangue em seu peito. Mirey sentiu um nó na garganta, mas manteve a calma. Ela sabia o que tinha que fazer.

Entre as pessoas que estavam na cozinha, havia um garçom que sempre carregava uma caneta no bolso. Mirey correu até ele e, sem pedir permissão, pegou a caneta emprestada. Rapidamente, retirou a tampa e, com precisão, enfiou a caneta no ferimento do rapaz, de modo a drenar o excesso de sangue.

 Rapidamente, retirou a tampa e, com precisão, enfiou a caneta no ferimento do rapaz, de modo a drenar o excesso de sangue

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O tempo parecia ter parado enquanto ela fazia o procedimento. Era uma técnica simples, mas vital. Se ela tivesse demorado mais um segundo, o rapaz não teria sobrevivido. Quando a drenagem foi concluída, Mirey respirou fundo, exausta, mas ainda em alerta.

Pouco depois, o socorro chegou, e o homem foi colocado na maca. Foi então que ele abriu lentamente os olhos e olhou diretamente para ela. Mirey estava apavorada, seus olhos cheios de preocupação, mas tentou transmitir-lhe algum tipo de conforto. Ele a observou com intensidade por um momento, antes de ser levado para a ambulância.

Quando ela viu o rosto dele desaparecer pela porta do veículo, um alívio fugaz percorreu seu corpo. Porém, ao se virar para observar melhor o prédio, ela foi tomada por um arrepio. De repente, sem mais nem menos, estava de volta ao seu quarto. Sentiu o ar faltar por um instante, como se tivesse sido retirada bruscamente daquele outro mundo. Ela se sentou na cadeira, tensa e sem entender nada.

— Isso... isso não pode ser real — murmurou para si mesma.

Com o coração ainda acelerado, ela rolou o mouse para baixo, tentando se concentrar, e percebeu que havia mais páginas na história. O que estava acontecendo? Não fazia sentido algum.

Foi então que algo ainda mais estranho aconteceu. A impressora, que estava desligada, começou a funcionar sozinha, imprimindo folha por folha da história, como se estivesse revelando cada momento que ela vivera. Mirey ficou paralisada. Ela se aproximou, pegando uma das folhas e lendo rapidamente.

Ela não podia acreditar no que via. Cada detalhe, desde o momento em que ela entrou na cozinha até o procedimento de primeiros socorros, estava impresso ali. Tudo, exatamente como havia acontecido.

Assustada, ela afastou-se da impressora. Ela sabia que a máquina não estava conectada à tomada e, mais ainda, lembrava que não havia comprado tinta nova. Como isso era possível?

A impressão continuou, imperturbável, até que todas as páginas estavam na mesa. Mirey sentiu o estômago embrulhar ao ver que a história continuava, ainda mais detalhada. Nas últimas páginas, viu que o rapaz acordara no hospital e começava a perguntar sobre ela aos enfermeiros e médicos.

 Nas últimas páginas, viu que o rapaz acordara no hospital e começava a perguntar sobre ela aos enfermeiros e médicos

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— Oh, meu Deus... — exclamou, o pânico se instalando em seu peito. — Ele está procurando por mim!

Mirey fechou os olhos por um momento, tentando processar tudo. O que ela deveria fazer? Como parar tudo isso? Deveria tentar voltar ao mundo onde ela estava ou seguir o caminho da história? A ideia de tentar se livrar da história a atormentava, mas sabia que não tinha respostas claras.

Respirou fundo, tentando se acalmar. O dia já havia sido demais, e talvez fosse melhor adiar qualquer decisão para o dia seguinte, quando sua mente estivesse mais clara.

Desligou o computador e observou a impressora, agora cheia de folhas. A curiosidade ainda estava em seu peito, mas ela sabia que não podia lidar com mais surpresas agora.

Cautelosamente, colocou mais folhas na impressora, por precaução. Não sabia o que mais poderia acontecer. O que mais a história tinha para ela? E o garoto... ele iria procurá-la? Como ela poderia resolver tudo isso?

Mirey pegou a xícara de café que ainda estava no mesmo lugar e foi até a cozinha, decidida a jogar o café fora. Seu corpo estava exausto, e sua mente ainda martelava todas as perguntas sem resposta.

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