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A melodia suave de um piano me desperta, sinto o corpo dolorido conforme esforço para me sentar entre os lençóis desarrumados

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A melodia suave de um piano me desperta, sinto o corpo dolorido conforme esforço para me sentar entre os lençóis desarrumados. O quarto branco em que estava era decorado com mobília da era vitoriana, a cama de dossel poderia ser facilmente confundida com aquele que ficava nos quartos do Sanctum, mas aquele era o quarto de hóspedes da casa de Ducke. O cheiro de ar fresco misturado com café traz vagas lembranças da reitoria onde Ezra morava, fecho os olhos momentaneamente contemplando a paz interior que estava sentindo.

Nua, caminho em direção à melodia curiosa, passo por várias portas fechadas no corredor e viro à direita entrando na sala de estar. Concentrado e de cabeça baixa Ducke move seus dedos habilidosos sobre as teclas do piano negro, seus músculos tencionam sob a camisa e calças jeans clara conforme se esforça envolvido pela canção, para minha surpresa ele estava descalço, um ato confortável para alguém tão polido como ele.

Uma brisa fresca entra varrendo as pontas das cortinas que cobriam parcialmente as grandes janelas de vidro, o choque térmico com minha pele quente fez os pelos do meu corpo se eriçarem e um suspiro inaudível escapar dos meus lábios. A falta de cor e decoração do cômodo deixou o ambiente melancólico, assim como a música que tocava.

— Sonata ao luar? Tem mais alguma melodia melancólica no seu repertório? — pergunto irônica abrindo um sorriso.

— Venha querida. — ele para de tocar e estende a mão mandando.

Revirando os olhos, vou ao seu encontro sentindo a madeira fria sob meus pés, Ducke abaixa a tampa do piano cobrindo as teclas e me coloca sentada de frente para ele.

— É uma música linda, não melancólica. — comenta se aconchegado entre minhas pernas aproveitando para apertar minhas coxas nuas.

— Está apaixonado? — alfineto correndo o risco de perder a língua se ele não gostar da brincadeira.

— Beethoven dedicou essa melodia para sua aluna, condessa Giulietta Guicciardi, por quem estava apaixonado. — suspira perdido em pensamentos. — Eu entendo sua dor de amar alguém longe do seu alcance. — Ducke afaga meu rosto com carinho.

Seus olhos claros se fixam nos meus e sinto toda sua dor e amor reprimidos para comigo.

— Ducke, por favor... — fecho os olhos e inclino a cabeça contra sua mão permitindo receber o carinho que fazia.

Já conversara com Ducke sobre isso, ele tenta de todas as formas me seduzir para que fique com ele, mas não posso, não consigo, minha alma e corpo pertence a Ezra e temo que só a morte possa nos separar.

— E se ele permitir, o que você dirá? — insiste contornando meus lábios com os longos dedos.

— Eu gosto de você Ducke, aqui posso ser eu mesma, não tenho que fingir, mentir ou medir minhas palavras e emoções. Mas com ele... — suspiro olhando para a parede além dele. — Eu me sinto em casa. Ele é meu lar, como a Alemanha é para você. — toco seu rosto o deixando tenso depois da minha confissão. — Gosto de estar com você quando ele me compartilha, mas é só isso que posso sentir.

TRILOGIA SANCTUM - A Tentação de Nina - LIVRO 1Onde histórias criam vida. Descubra agora