Firma Paulsen
09:30h
Rebecca Paulsen- Hoje fará sol na maior parte do dia... Menos a noite, é claro. - disse o meteorologista na rádio, dando uma risada. Patético! Estava eu subindo o elevador da firma do meu... Da minha firma. Não vou me acostumar com isso tão cedo. Quando a porta abriu, saí desfilando de dentro dele, olhando a parede lateral, aonde ficava o nome do sócio nominal.
- Finalmente esse Paulsen na parede tem um significado forte. - disse para mim mesma, me virando e esbarrando com Carl, furioso, segurando uma pasta.
- PRO BONO? - gritou ele, quando chegamos na minha sala. Coloquei minha bolsa na cadeira e fiquei parada ao lado dela, olhando-o reclamar. - VOCÊ SABE QUE EU NUNCA GOSTEI DE PRO BONO.
- Bom, Aver está com uma cliente no momento e você é o mais apto para o negócio.
- Eu... - começou a andar de um lado para o outro. - Eu dei uma lida no caso e... Não não não, não o quero.
- Mas o que houve com você? Maddie me disse que estavas louco para defender essa mulher do pro bono. - falei sorrindo, vendo sua frustração se transformar em um sorriso raivoso. - Eu-eu falei algo errado?
- Não não, irmãzinha. Falou super certo. - disse ele, saindo da minha sala pisoteando.Aver Donald
- Deixa eu ver se eu entendi... - disse ao meu cliente. Janak Nefertari, um ator indiano de Bollywood, estava sentado na cadeira em frente a minha mesa. - Você quer processar a Cyrus, uma produtora cinematográfica, porque seu figurino rasgou no meio de uma gravação e eles não cortaram isso do filme que o senhor estava gravando?
- EXATAMENTE. E no meu contrato diz que tenho direito de revogar a gravação caso algum defeito no cenário ou nas roupas ocorra.
- Certamente. Vou ligar para o advogado deles e propor um acordo. O que o senhor acha de...
- SEM ACORDO. - gritou Janak.
- Co-como é?
- Quero ir a tribunal. ISSO. QUERO IR A TRIBUNAL...
- EU ACHO... Eu acho que todos já ouviram, senhor. - disse, balançando as mãos. - É, vejamos, você pode conseguir uma boa quantia de indenização se propormos um acordo agora e...
- Você é meu advogado? - perguntou. O olhei confuso.
- Acho que sou, mas...
- Então trate de fazer o que eu mandei. Quero eles todos ferrados em um tribunal cheio de pessoas. Vou chamar meus amigos da Índia para assistirem. - disse, se levantando e saindo. Estava confuso até agora. De onde surgiu esse cliente? Acho que preferiria um pro bono...
- Parece que alguém está com dificuldades no caso. - disse Carl, entrando no meu escritório e sentando-se.
- O que você quer Carlos? Não tenho muito tempo agora, estou no meio de um caso.
- O ator indiano, eu estou ligado. Vim propor uma troca.
- Troca? - perguntei, interessado no que viria.
- É, uma troca. Eu estou com um caso pro bono sobre uma casa que pegou fogo, mas seu caso parece mais interessante para mim e percebi sua dificuldade... - disse, continuando. Comecei a rir. - Qual a graça?
- Você veio me procurar só para trocar um pro bono com um caso pago para não manchar sua incrível reputação de advogado bem pago.
- Eu nunca peguei um pro bono, e não quero começar agora. Por favor, faz isso por mim.
- Bom, normalmente eu não faria, mas como eu detestei esse cliente, eu aceito.
- ÓTIMO. - disse Carl, colocando a pasta do seu caso na minha mesa e se virando para sair. Ele trouxe a pasta com ele, que confiante.
- Como sabia que eu aceitaria? - perguntei.
- Bom, eu sei que você não gostou do cliente pois quando ele chegou na firma eu o dirigi até sua sala e... Bom, como a Rebecca me deu esse pro bono e você não tem problemas com isso, resolvi unir o útil ao agradável, te dar um caso chato porém lucrativo e propor uma troca que você com certeza aceitaria. Genial, não é? - disse Carl, saindo da sala. Comecei a rir sozinho.
- Realmente.Tribunal de Nova York
15:37h
Carl Paulsen- Gostaria de chamar a primeira testemunha, meritíssimo. - disse Veridiane Castello, a advogada de ataque. Eu estava sentado ao lado do meu novo cliente, Janak Nefertari. - Julian Cyrus, gerente de produção da produtora cinematográfica Cyrus.
- Onde está o Aver? - perguntou Janak, sussurrando.
- Eu já disse, eu sou seu advogado agora, e não ele. Aver está com um pro bono. - falei. Julian foi até a mesa de testemunhas e fez seu juramento. E então, Castello começou.
- Senhor Cyrus... Há quanto tempo você tem sua industria cinematográfica?
- Bom, tivemos alguns problemas no meio tempo de tudo, mas fazem 14 anos que a Cyrus Producers está de pé.
- E o senhor se considera um produtor de sucesso?
- PROTESTO. - disse, me levantando. - Relevância, meritíssimo.
- Tem relevância sim. Chegarei lá. - respondeu Castello, sem olhar para mim.
- Quero ver aonde isso vai dar. Prossiga, advogada. - disse o juiz Owen.
- E então... - continuou Veridiane.
- Sim, me considero um produtor de sucesso.
- E nessa sua carreira de sucesso que o senhor tem a 14 anos... Você já enfrentou problemas de figurinos rasgando como o que te trouxe aqui hoje?
- Não senhora. E é por isso que coloquei a clausula de defeito de figurino no contrato de Janak e no contrato de outros atores, pois sei que meus produtores nunca erraram em um fiozinho de costura numa roupa... E nunca errarão.
- Concordo. E esse erro não foi culpa da Cyrus, meritissimo. - falou Castello, desfilando até sua mesa e pegando uma folha. - Apresento como prova uma lista de elementos que constituem os figurinos do elenco do filme que o senhor Nefertari está incluso, e também um relatório de uma especialista em costura aonde ela diz, sob juramento, que os elementos da roupa rasgada não condizem com os presentes nos figurinos.
- PROTESTO. Não fomos avisados desse relatório. - disse. - Queremos um recesso para nos prepararmos contra isso.
- Dou-lhe 6 horas. - disse o juiz, batendo o martelo. Olhei para Janak.
- A roupa era sua?
- NÃO, ELES ESTÃO MENTINDO. - respondeu, desesperado.
- Beleza... Vamos dar um jeito nisso. - respondi, me levantando. Uma reviravolta surpreendente no meu caso.
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Paulsen - Advogados Ao Ataque (PAUSADA)
General FictionA renomada firma de advocacia Paulsen acaba passando por um momento muito difícil: a morte de Daniel Paulsen, seu fundador. Acompanhe o dia a dia desse escritório enquanto Rebecca e Carl, herdeiros de Daniel, fazem de tudo para continuar seu legado...