"Quando se diz adeus... ou não"

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Meu nome é Carl, tenho 16 anos e moro na torrente, 4ª casa de um modelo de sociedade que pelas aulas de história é bem diferente do antigo.

Segundo eles houve uma tentativa fracassada de criar em laboratório genes humanos. Genes que fizessem com que o DNA humano fosse modificado, fazendo com que pessoas nascessem com habilidades sobre-humanas para trabalhos específicos na sociedade em que viviam. Essas pessoas que foram usadas como cobaias, ganharam os dons que tanto os coordenadores do projeto almejavam, mas não foi do jeito que eles imaginaram. Uma guerra foi travada pelo Governo contra a raça que eles mesmos criaram, pois, o projeto havia dado errado. Os coordenadores decidiram elimina-las para fazer uma nova tentativa, já que haviam se tornado uma arma capaz de fazer muito mais do que imaginavam. Houve uma rebelião. Despertaram então, a ira do governo, assim começando o Massacre que seria lembrado por todos que nascessem depois daquilo.

E aqui estou eu, aprendendo tudo sobre essas pessoas que todo esse tempo tentaram nos eliminar por não as aceitarmos na nossa sociedade. Não concordo com o aniquilamento em massa dessas pessoas. Sempre achei que do mesmo modo que os coordenadores do projeto puseram esses dons neles, eles poderiam simplesmente tirar. Mas o nosso Mentor explicou que mesmo se o governo tentasse, não encontrariam cientistas que descobrissem como refazer o código genético de uma pessoa, por isso foi optado pelo extermínio daquelas poucas pessoas para que não houvesse um problema maior mais tarde.

O tipo de força que eles tinham como aliada não se tem nos livros de história, apenas conta-se, que eles eram tão poderosos que na briga contra o governo, devastaram meio mundo pela própria sobrevivência. Depois da guerra, os humanos que sobreviveram se dividiram em dois grupos: os que apoiavam o governo e os que não aprovavam o extermínio dos que possuíam o dom.

As vezes sou muito grato pelo fato de ter uma boa memória. Tenho muitas lembranças de quando criança que as vezes me pergunto como consegui guardar tantas. Nasci, cresci e até hoje vivo nesta casa. Nunca pudemos sair daqui nem visitar as outras casas. Disseram que existem várias delas por que algumas pessoas conseguem se adaptar melhor a elas. Só não entendo por que algumas pessoas não conseguiriam se adaptar a nossa casa.

Eu e os meninos mais velhos do meu dormitório tivemos uma conversa mais cedo com Helena, dirigente da nossa casa. Ela nos dissera que amanhã será o Dia da Certeza: o mesmo tipo de cerimônia que algumas pessoas de dezesseis anos foram ano passado representar a nossa casa. Infelizmente tivemos que novamente esperar durante meses a volta deles, assim como fizemos com os que foram antes, antes e antes deles. Até que desistimos, pois já se passava um bom tempo desde suas partidas. Fiquei mais triste porque Sthephan era um dos meus melhores amigos e acabei perdendo-o.

Helena pediu para que todos os meninos de dezesseis anos do meu dormitório estivessem acordados antes do sol, na manhã seguinte, pois o dia seria longo.

Ninguém teve coragem de perguntar muitas coisas sobre o porquê, pois é do aspecto de Helena não responder mais do que o necessário.

Nos deram bolsas para guardar todas as nossas coisas. Se bem que vai ser fácil, já que além de roupas que na maioria... na grande maioria... está bem, cem por cento delas são da cor laranja. Não possuo muita coisa de valor, além de uma pulseira que Helena me dera quando eu já tinha idade para escovar os dentes sozinho. Como sempre ela não me explicou o real motivo do presente, só o aceitei.

Nossa casa é uma construção majestosa no meio do nada. Quando se olha para fora, não se consegue ver nada além de um terreno estéreo com troncos secos que a muito tempo foram árvores, e uma estrada que se leva aparentemente ao... nada.

A coisa mais interessante por aqui é o lago que se formou lá nos fundos, que segundo Helena é até mais antigo do que a nossa casa. Felizmente uma enorme grade se ergue, nos separando da lava.

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