-Gatinho? Acorda!
Acordei com a voz calma do Rafael me chamando. Aos poucos fui abrindo os olhos e me lembrando de onde estava e em quais circunstâncias fui dormir, a noite tinha sido muito agradável. Ele olhava pra mim com um sorriso no rosto e todo molhado, seus cabelos pingavam água na minha testa.
-O que aconteceu? – Perguntei com a voz falha.
-Nada, calma. É que eu tenho uma palestra pra assistir agora e não queria te deixar acordar sem saber pra onde eu fui.
-Tudo bem, acho que vou pro meu quarto. – Respondi sonolento.
-Pode ficar se quiser... volto em umas duas horas.
-Não. Acho que também tenho palestra pela manhã e a Lorena deve estar preocupada.
Disse, mas meus planos eram somente ir pro meu quarto e dormir mais um pouco. Ainda meio tonto, levantei da cama e fui procurar minha roupa que na noite anterior tinha sido toda espalhada pelo quarto. Ele me ajudou e quando eu já estava devidamente vestido, fui jogado de novo na cama por ele.
-Você não disse que tem uma palestra agora? – Perguntei rindo.
-Sabe, gostei da sua vibe, Gatinho... A gente precisa curtir mais vezes.
Eu não sabia o que responder, nunca tinha recebido um convite nesse estilo, sobre os dois curtirem, e não somente ser procurando num momento de desespero. Concordei com ele ainda sem saber se falava sério ou não e decidi que o melhor seria esperar pra ver.
A luz do corredor cegou meus olhos quando saí do quarto junto com o Rafael, não tinha a mínima ideia que de horas seriam, mas o hotel ainda estava bastante vazio. Me despedi dele e segui tentando lembrar em qual direção ficava meu quarto, mal fiquei nele desde que coloquei os pés naquele hotel, se soubesse que seria assim teria pego um mais simples e economizado grana. Caminhava pensando nisso quando uma voz cortou o silencio:
-Rick, Rick?
A voz do Lipe me tirou dos pensamentos. Estava atravessando o hall do hotel e partia pra pegar o elevador quando parei subitamente ao ouvir sua voz, por algumas horas na noite anterior eu havia me esquecido da presença dele naquele mesmo ambiente.
-Que foi Felipe?
-Onde você passou a noite?
-Acho que isso não é da sua conta, né. – Respondi dando as costas e voltando a andar, mas fui segurado pelo braço e obrigado a parar.
-Você estava com aquele cara, né? Que foi, agora vai virar puta e sair dando pra todo mundo?
-Isso também não é problema seu. – Eu começava a ficar irritado com aquilo.
-Hahaha, já entendi, tá querendo me fazer ciúmes ficando com ele. Boa tentativa, mas não vai rolar e você sabe que vai sentir saudades de mim. E francamente, da vontade de rir daquele hippie que você arrumou, que cena mais patética aquela do pôr-do-sol... hahaha.
Meu sangue ferveu, pelo jeito que falou ele tinha visto tudo. Deveria ter ido nos vigiar, mas a troco de quê? Porque ele perderia seu tempo se havia uma série de pessoas atrás dele quando quisesse, como ele mesmo disse. Olhava pro seu rosto e não podia acreditar que aquilo estava acontecendo, minha raiva foi ganhando uma proporção tamanha que eu poderia apostar que estava ficando vermelho.
-Me solta! Pra um macho, você está muito tempo perto de um viado, olha o que o povo vai pensar.
Sacudi meu braço com força para que ele me soltasse. Saí dali andando a passos pesados e cheios de fúria, ninguém que passa uma noite tão boa, como a que eu passei, merece pela manhã se deparar com isso. Foi com esse pensamento que concluí meu caminho de volta.
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Será Que Vou Conseguir Te Mudar?
ContoHenrique, ou apenas Rick pros íntimos, sempre foi um garoto muito doce, delicado, sonhador e muito verdadeiro, porem, muito solitário e vulnerável devido a alguns acontecimentos. Desde a adolescência nutre um amor quase impossível por seu colega de...