Capítulo 4

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-Gatinho? Acorda!

Acordei com a voz calma do Rafael me chamando. Aos poucos fui abrindo os olhos e me lembrando de onde estava e em quais circunstâncias fui dormir, a noite tinha sido muito agradável. Ele olhava pra mim com um sorriso no rosto e todo molhado, seus cabelos pingavam água na minha testa.

-O que aconteceu? – Perguntei com a voz falha.

-Nada, calma. É que eu tenho uma palestra pra assistir agora e não queria te deixar acordar sem saber pra onde eu fui.

-Tudo bem, acho que vou pro meu quarto. – Respondi sonolento.

-Pode ficar se quiser... volto em umas duas horas.

-Não. Acho que também tenho palestra pela manhã e a Lorena deve estar preocupada.

Disse, mas meus planos eram somente ir pro meu quarto e dormir mais um pouco. Ainda meio tonto, levantei da cama e fui procurar minha roupa que na noite anterior tinha sido toda espalhada pelo quarto. Ele me ajudou e quando eu já estava devidamente vestido, fui jogado de novo na cama por ele.

-Você não disse que tem uma palestra agora? – Perguntei rindo.

-Sabe, gostei da sua vibe, Gatinho... A gente precisa curtir mais vezes.

Eu não sabia o que responder, nunca tinha recebido um convite nesse estilo, sobre os dois curtirem, e não somente ser procurando num momento de desespero. Concordei com ele ainda sem saber se falava sério ou não e decidi que o melhor seria esperar pra ver.

A luz do corredor cegou meus olhos quando saí do quarto junto com o Rafael, não tinha a mínima ideia que de horas seriam, mas o hotel ainda estava bastante vazio. Me despedi dele e segui tentando lembrar em qual direção ficava meu quarto, mal fiquei nele desde que coloquei os pés naquele hotel, se soubesse que seria assim teria pego um mais simples e economizado grana. Caminhava pensando nisso quando uma voz cortou o silencio:

-Rick, Rick?

A voz do Lipe me tirou dos pensamentos. Estava atravessando o hall do hotel e partia pra pegar o elevador quando parei subitamente ao ouvir sua voz, por algumas horas na noite anterior eu havia me esquecido da presença dele naquele mesmo ambiente.

-Que foi Felipe?

-Onde você passou a noite?

-Acho que isso não é da sua conta, né. – Respondi dando as costas e voltando a andar, mas fui segurado pelo braço e obrigado a parar.

-Você estava com aquele cara, né? Que foi, agora vai virar puta e sair dando pra todo mundo?

-Isso também não é problema seu. – Eu começava a ficar irritado com aquilo.

-Hahaha, já entendi, tá querendo me fazer ciúmes ficando com ele. Boa tentativa, mas não vai rolar e você sabe que vai sentir saudades de mim. E francamente, da vontade de rir daquele hippie que você arrumou, que cena mais patética aquela do pôr-do-sol... hahaha.

Meu sangue ferveu, pelo jeito que falou ele tinha visto tudo. Deveria ter ido nos vigiar, mas a troco de quê? Porque ele perderia seu tempo se havia uma série de pessoas atrás dele quando quisesse, como ele mesmo disse. Olhava pro seu rosto e não podia acreditar que aquilo estava acontecendo, minha raiva foi ganhando uma proporção tamanha que eu poderia apostar que estava ficando vermelho.

-Me solta! Pra um macho, você está muito tempo perto de um viado, olha o que o povo vai pensar.

Sacudi meu braço com força para que ele me soltasse. Saí dali andando a passos pesados e cheios de fúria, ninguém que passa uma noite tão boa, como a que eu passei, merece pela manhã se deparar com isso. Foi com esse pensamento que concluí meu caminho de volta.

Será Que Vou Conseguir Te Mudar?Onde histórias criam vida. Descubra agora