Capítulo 2 - Asas Brancas

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— "Ha ha ha! É meu!", gritava o velhinho de olhos brancos enquanto eu me contorcia de dor.

Observei o velhinho de olhos vermelhos (e chifres!) pelo canto dos olhos, e ele me observava com uma expressão de puro e absoluto ódio, como se eu tivesse levado um golpe de uma foice de propósito, apenas para irritá-lo.

— Maldito seja.. Mas não encerro por aqui, voltarei a lhe encontrar. E em um clarão negro, desapareceu.

Continuei deitado e gritando de dor (embora estivesse um pouco impressionado por ainda não estar morto), enquanto o velhinho de olhos brancos continuava a me observar atentamente, com uma cara de triunfo, tocou no meu ombro e disse:

— Eu lhe ofereço a cura para sua dor, lhe ofereço respostas para suas perguntas, lhe ofereço paz durante sua infelicidade, mas em troca, terá que me dar sua vida.

Achei que o velho estava louco (devia ser mesmo, quem acerta um estranho com uma foice?), mas o que eu tinha a perder? Já estava quase morto mesmo. Então, com a voz empastada, respondi:

— Pegue minha vida, faça o que quiser com ela.

Ele sorriu. E eu achei que tinha morrido, meus olhos fecharam, me senti frio.. Mas aquilo era morrer? Eu não achei tão ruim, de repente até parou de doer.. Então notei que eu não morri, e estava mais vivo do que nunca. Como isso tinha acontecido? Eu tinha certeza de que estava morto. Será que aquele velho era uma espécie de bruxo? Era loucura, mas.. Com a voz cheia de medo, perguntei:

— M-Mas, quem é você? Como fez isso?

Ele pareceu insatisfeito de notar o meu pânico, e respondeu:

— Por que sente medo, minha criança?

— Porque você fez algum tipo de bruxaria comigo, eu devia ter morrido!

E o velho riu gostosamente por alguns longos minutos, enquanto eu continuava tremendo de medo. Eu tinha prometido toda a minha vida para aquele velho, o que será que ele me forçaria a fazer? De repente, ele parou de rir e me encarou:

— Não sinta medo, minha criança, você agora está em um plano maior.

— Plano maior? Como assim? No que você me transformou?!

O pânico agora dominava meu coração. Ele respondeu:

— Olhe suas costas.

Eu virei, levei um susto e senti um pouco do meu medo abandonando o meu corpo, pois nas minhas costas, havia um belo par de asas brancas.


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