O homem com quem Anne Boleyn dançou naquele baile era o rei Henry VIII. Por muito tempo, Anne se negou a acreditar naquilo, e se negou a ser sua amante. Até que este conseguisse o divórcio com Catherine of Aragon, não se casaria com ele. Para tal, Henry teve que fundar a Igreja Anglicana.
Mas, ao contrário do que todos pensavam, Anne Boleyn entregou sua mão ao rei, mas não seu coração, já que ela tinha prometido não entregá-lo. Anne continuou com toda a sua paixão e adrenalina, mas não do jeito que era antes. Ela precisava ter cuidado com cada um dos seus passos, com cada um dos seus amantes, já que nem todos amavam a ousada Anne Boleyn.
Nem todos admiravam sua ousadia e originalidade. Nem todos admiravam a excêntrica rainha consorte da Inglaterra.
E tinham olhos em todos os lugares. Sempre observada, a cada lugar que ia. Se não fosse cautelosa, todos veriam tudo o que fazia, mas Anne Boleyn era esperta, cuidadosa. Manipuladora, conseguia esconder bem suas paixões.
Anne Boleyn era poderosa, era magnífica, mas não perfeita. Ela tinha defeitos, é claro. Os que a conheciam de verdade viam isso. Mas isso ainda a tornava mais fantástica.
Cada um dos seus amantes tinha lhe dado adrenalina, cada um tinha feito o coração de Anne bater mais forte, cada um a tinha feito voar, como naquele baile com Henry. Cada um tinha lhe dado aquela sensação de aventura, a sensação de poder fazer eletricidade.
Mas Anne não tinha dado seu coração a nenhum deles, tal como não deu a Henry. Cada um dos cinco amantes tinha sido uma diversão, tal como Henry. Ela se permitiu ter uma diversão, algo para lhe dar prazer, adrenalina, para estar extasiada.
Era apenas aquilo que ela queria, e não entregar seu coração alguém. Anne não queria para sempre, ela queria o momento. Anne apenas nasceu na época errada. Na época em que viveu, isso era pecado. Na época em que viveu, apenas o que era considerado certo era o para sempre, era o eterno.
Mas o momentâneo também é certo.
Se as pessoas ouvissem a extraordinária Anne Boleyn, seria diferente. Se as pessoas ouvissem de fato a maneira como ela pensava, o mundo seria melhor, seria mais... extraordinário.
Mas Anne Boleyn foi executada, perdeu sua cabeça no dia 19 de maio de 1534, fazendo do mundo um lugar um pouco menos extraordinário, tirando a luz de uma de suas estrelas mais brilhantes.
Tirando a adrenalina do coração da extraordinária Anne Boleyn.
E o seu último pensamento, sua última sensação, foi aquela que sentiu ao ver Henry segurando seu sapato.
A sensação de que queria mais.
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[SÉRIE MULHERES REAIS] Cinderella Boleyn
Historische fictieAnne Boleyn/Ana Bolena, executada por acusações de traição e adultério. __ - Anne Boleyn e o rei Henry VIII realmente existiram. - Nem todos os fatos dessa história ocorreram de fato - a história de Anne é uma das mais contraditórias, e existem mu...