Alice
Depois que passou o impacto inicial de me descobrir mãe de um pequeno bebê, além do amor incondicional que era claro para mimi, a certeza que eu deveria conseguir andar pelas minhas próprias pernas se tornou meu lema de vida. Eu já comentei que o Paulo me apoiou, mas eu acho que você não tem ideia do quanto.
Ele me deu casa, comida e me manteve por consideráveis anos letivos. Mas mais que isso ele não me deixou desistir do sonho de ser administradora. No início por mim eu só queria poder arcar com o meu aluguel e pagar as contas de casa, por isso queria a qualquer custo arrumar um emprego, fosse ele qual fosse. Ou seja, com um filho para criar, adeus universidade.
Só que neste momento foi a primeira vez que eu vi a versão realmente irritada do pai do meu filho, ele disse com todas as letras que eu devia muito a ele e que se eu não quisesse cortar relações com mais uma pessoa na minha vida era bom que eu sossegasse o facho e terminasse meu curso. Segundo ele a mãe do filho dele não seria uma zé ninguém sem formação.
Claro que estas palavras me magoaram, afinal, a mera lembrança de ter perdido o contato com os meus pais já era dilacerante, então imagina o que foi ouvir que o meu futuro não parecia tão prospero quanto eu desejava. O Nick tinha 3 meses e estava dormindo no quarto do apartamento que o Paulo mantinha para nós, mas pela primeira vez eu não me importei em não fazer barulho, eu gritei, xinguei, condenei o dia que eu tinha o conhecido, esbravejei que graças a ele eu era uma mãe solteira jogada no mundo e dependendo de um real e insensível estranho, que não se importava comigo e que tinha vergonha do que eu me tornei.
Ele ouviu tudo em silêncio, deixou que chorrasse como uma louca berrasse como uma maluca. No final ele disse que ele só tinha vergonha era dele mesmo, de não ter conseguido resistir aos meus olhos e simplesmente saiu. Ponto final. Eu fiquei atônita, não entendi bulhufas do que ele disse e após algumas horas queria me jogar embaixo de algum carro devido a vergonha decorrente do escandalo que eu tinha feito. Assim, se passou uma semana e eu já estava preocupada com a ausência do Paulo, pois antes do dia do meu colapso, ele não tinha passado sequer um dia sem ver o Nicolas.
Eu pensei, refleti e com menos de 20 anos tomei a decisão mais correta da minha vida. Me arrumei da melhor forma possível, coloquei a minha calça jeans preferida, uma camiseta branca de algodão e meu keeds inseparável. Amarrei o meu cabelo em um rabo de cavalo e finalmente me encarei no espelho.
Diante de mim surgiu uma menina, a mesma menina que há pouco mais de um ano sonhava em conquistar o mundo com os números, que se apaixonou a primeira vista por um cara lindo e mais velho e que hoje tinha somente um filho para chamar de seu.
Bom pelo menos eu tinha um filho, foi o primeiro pensamento que veio a minha mente.
Com a coragem que eu nem sabia que tinha eu fui até a casa do Paulo e quando ele abriu a porta eu vi uma expressão de alívio no seu rosto. Nem deixei ele falar e já fui dizendo que não queria ser sustentada por ele eternamente, que queria uma profissão, mas que devolveria tudo que ele estava gastando comigo no futuro. Agradeci pelo apoio e disse que só sairia da universidade formada. Ele como sempre mais contido, falou um mero "tudo bem" com um sorriso no rosto.
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Mãe é o Caralho!
AcakAlice no país das maravilhas? Não amiga, definitivamente não, mas isso não significa que seja tão ruim assim. Acho que já deu para notar que meu nome é Alice, tenho 25 anos, um filho lindo de 7 e com certeza muito azar no amor. Exatamente, grávida a...