49. tratar

1.1K 284 16
                                    

Hopkins abriu os olhos e a primeira coisa que viu, ainda zonzo, foi o cano de uma arma. Gemeu, sentindo a cabeça rodar e o cheiro de pedra e suor ao seu redor. A risadinha de Charlie explodiu em seus ouvidos antes de tudo entrar em foco.

— Peguei você, amigão. — Ele riu, mostrando os dentes. — Não mereço nem um obrigado por salvar sua vida?

Hopkins bufou e afastou a pistola de seu rosto com um tapa. Charlie estendeu a mão, o riso debochado cravado em seus lábios. Com um suspiro irritado, Hopkins negou a ajuda e ergueu-se sozinho, olhando com atenção para a sala circular em que se encontravam.

Era um pequeno salão oval com duas estátuas da águia de duas cabeças, uma em cada extremidade, ambas segurando o orbe e o cetro de ouro. Uma porta de pedra descansava ao lado da qual haviam saído. Hopkins suspirou. Aquilo de novo. Charlie levantou a lanterna para cada uma, soltando uma risadinha.

— E agora, Sherlock?

— Como você espera que eu saiba? — retrucou Hopkins, indo até uma das estátuas. 

Ele puxou o cetro de ouro para baixo, pensando ser uma alavanca como a porta da cripta, mas nada se mexeu. Irritado, empurrou a estátua e percebeu um pequeno movimento do cetro de ouro. Ao invés de puxá-lo para frente, puxou-o para cima. A porta começou a se mover, porém estacou. Charlie piscou para ele, incrédulo. 

— Puxe o outro cetro para cima, Charlie.

— Não... vai...

— Só puxar para cima!

— Pare de me tratar como um maldito idiota, Hopkins! — Charlie arfou, trincando os dentes e puxando o cetro, desistindo logo em seguida. — Essa porra está emperrada!

— Tente o orbe. Para baixo. Ao mesmo tempo que eu — retrucou Hopkins, sentindo o suor porejar pela testa ao se recordar daquela maldita frase.

Acima. Abaixo. Ele recolocou o cetro no lugar e mirou Charlie. Contou até três e moveram as peças ao mesmo tempo. Uma para cima, outra para baixo. As engrenagens ocultas ergueram a porta, e Hopkins sorriu, o suor inundando sua camisa ridícula de turista.

— E outro corredor da morte se abre diante de nós — brincou Charlie. Indicando o caminho com a lanterna, sorriu e estendeu a mão. — Primeiro as damas, Hopkins.

Parceiros? | ✓Onde histórias criam vida. Descubra agora