água suja,café e um pedaço de lua

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Eu tive meu infinito em apenas dias numerados
Eu abri meu baú  de ouro nesse último  mês
Eu mordi do fruto proibido e vi o paraíso
Eu beijei um cacto tão espinhoso e duro
E gostei da sensação de estar morrendo em seus braços
Eu sonhei   que estava apaixonada por um sapo
E ri ao acordar de cara com aqueles frascos
Avistei o azul e logo depois o vermelho
Aromas mágicos e batizados
Um arrepio tão sentido surgiu naquela manhã
Eu já não me lembro do nome do sapo ou porque o beijei
Mas eu ainda penso em seus olhos
Tão  escuros e profundos, como se fosse um abismo
Eu que nunca fui amiga do juízo
Me joguei
E ao abrir os olhos eu estava nadando naquela escuridão
Água suja, café e um pedaço  de lua
Ó céus por que me acordaste?
Eu estava no mar da depressão
Tão  acolhedora e fria
Eu nasci para explorar mundos  e dimensões
Por que não  aquele?
Por que o perigo me alcança
Trazendo o vazio que me engole para depois cuspir
E sem perceber ja é  noite
E eu tenho que deitar na minha pedra e dormir
Sem sonhar com meu sapo
Sem nadar nas profundezas escuras
Sem beijar meu cacto que machuca meu lábio
Sem aquelas poesias que me faziam sonhar
Agora o que resta são sensações antigas
Que me perseguem quando o sol nasce
Trazendo desespero e ansiedade
Trazendo um mar de saudade
Onde não  entro para não  me afogar
Nem chorar e me isolar
Tudo que me resta agora
São  flertes passageiros
Que vão  embora em um piscar
E se tornam eternos em meu olhar..

ESCRITORA: SANDRA AMABILE.

Enterrada No MarOnde histórias criam vida. Descubra agora