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Maria narrando:

Meses depois...

Pela décima vez eu estava indo pro hospital com dores, mais sempre diziam a mesma coisa, é alarme falso, mais dessa vez eu sinto que algo vai acontecer, minha filha vai nascer.

Logo cheguei e fui atendida, me levaram a um quarto pra ver quanto de dilatação eu estou, depois disso correram comigo pra sala de parto, nada pra mim fazia sentido depois de alguns minutos, só ouvia vozes, vi o Vitor ao meu lado e o vi segurando minha mão, mais não ouvia nada com nitidez, acho que era efeito da anestesia, apesar de eu não ter pedido para me darem, eu não estava pensando com coisa, ria do desenho de unicórnio no teto, mais minha filha ainda estava em meu pensamento.

Quando ouvi um chorinho, pra mim foi normal, eu estava sedada, não estava sã, é como se eu estivesse bêbada, perdida em um local com muitas vozes.

Me lembro de ter ficado horas assim, mais quando acordei e não vi minha pequena ao meu lado eu chorei, chorei de medo, chorei de ansiedade, chorei de raiva, eu só queria minha pequena Caroline comigo, nada fazia sentido sem ela.

Adentraram a porta com caras horríveis, como se estivessem prestes a me darem uma péssima notícia, os olhei e as meninas vieram me abraçar e choraram comigo, depois os meninos, e por fim meu namorado, e foi ai que desmoronamos juntos.

Maria: Onde ela está? Cadê nossa neném?

Vitor: Amor deu algumas complicações no parto e o cordão ambilical enrolou no pescoço dela, a última vez que a vi ela estava roxa, muito roxa, quase sem vida, mais estão fazendo o possível pra ela voltar pra gente- então voltei a chorar, com direito a soluços, gritos, o apertei o mais forte que pude, não aceitaria a perder assim, é minha neném, meu pinguinho de gente, não posso ficar sem ela, ela nem veio ao mundo direito, nem o conheceu, nem me conheceu, porque comigo? Porque?

Ele me deitou na cama e ficou ao meu lado fazendo carinho em minha cabeça, beijou minha testa, e tentava me acalmar com conversas aleatórios, mais não saia da minha cabeça que a qualquer hora alguém poderia vir avisar que ela se foi, e ninguém ao menos me deixou vê-lá ou abraça.

Não posso mudar o destino dela, mais eu quero me despedir, é minha filha, é parte de mim, ela ficou comigo por nove meses, não irei a deixar ir assim, nada pra mim faz tanto sentido quanto ir ver minha neném agora. Dormi com esses pensamentos.

......

Quando acordei não tinha ninguém no quarto, pensei em tudo, e as lágrimas reinaram em descer, saí da cama, não tinha ninguém no quarto, me levantei e fui atrás da minha pequena, fui no berçário, mais não a achei, a procurei em todos lugar, até que vi alguns médicos correndo, os segui, não podia ser minha filha, corri como nunca e adentrei a sala, todos os médicos olharam pra mim, quando vi Caroline sem vida entrei em desespero, corri até a cama e alguns médicos me pegaram e tentaram me por pra fora, me soltei e corri até a cama, abracei minha neném, não tinha a visto, mais coração de mãe não falha, peguei a máquina para tentar traze-la a vida, e fiz, uma, duas, três vezes, já estava quase sem esperança, quando fiz a quarta vez e me puxaram, mais agora era Vitor me debati em seus braços e ouvi um chorinho fino, Vitor parou e me soltou, eu corri até Caroline e a peguei no colo, a balancei e a mesma foi se acalmando no meu colo, mais ainda reclamava, todos bateram palmas pra mim, eu sorri e chorava, porque felizmente minha filha ta bem, eu quase a perdi, mais ela ta aqui comigo, eu a amo tanto, as enfermeiras a pegaram de mim dizendo que tinham que dar banho nela e por uma roupa, Vitor me levou pro quarto e me colocou na cama.

Vitor: Porque fez aquilo? Você sabe que poderia ter piorado as coisas?

Maria: Eu não ia perder a chance de tentar salvar a vida dela, era minha filha Vitor, eu não ia aceitar perde-la sem ao menos tentar, eu não conseguiria viver com isso, não ia aceitar perde-la sem ao menos ganha-la, não é justo eu ter a amado tanto na minha barriga e agora não poder simplesmente beija-lá e abraça-lá, ou ver ela crescendo ao meu lado e me chamando de mamãe pela primeira vez, eu não ia aceitar ficar sem ela- virei pro lado oposto ao dele.

Vitor: E não pensou nas consequências dos seus atos?

Maria: As consequências dos meus atos é que agora nossa filha ta bem, se eu fui lá é porque coração de mãe não erra, eu sabia que algo de errado estava acontecendo.

Vitor: Sério isso? Só porque os seus extintos disseram você foi? E se seus extintos errassem?

Maria: Eles não erraram ok? Se não está feliz por sua filha estar viva problema é todo seu, eu estou feliz, por não ter deixado tirarem de mim meu presente mais precioso.

.......

Amamentar minha Caroline pela primeira vez me dá alívio, saber que ela esta bem e comigo, me trás alívio, saber que todos estão aqui pra ver comigo esse momento tão marcante.

Depois de eu ter brigado com Vitor ele parou de me encher o saco, não estamos bem assim, mais só minha filha já me alegra, todos a olhavam mamando, e depois que ela terminasse todos a pegariam, até aquele pai dela.

Depois de todos a pegarem e perceberem que eu e o Vitor não estávamos em um bom clima eles decidiram nos deixar a sós com a pequena Caroline.

Vitor: Vai ficar de cara virado comigo mesmo?

Maria: Não sei do que você está falando!

Vitor: Sério isso? Vai fingir que eu não fui babaca e você não foi irresponsável?

Maria: Não vou entrar nesse assunto de novo, babaca você sempre foi!

Vitor: Porque fez aquilo?

Maria: Caralho Vitor, eu já disse, as pessoas dizem que é feio dar um presente pra outra pessoa que você ganhou, eu ganhei a Caroline, não ia dar ela para ninguém, é feio e eu sou egoísta.

Vitor: Aquele era o destino dela!

Maria: Agora você acredita em destino? Para de ficar arrumando argumento bosta, fala logo qual o problema em eu ter trago nossa filha de volta a vida, não é proibido deixa-la viver.

Vitor: Eu não sei, só não me sinto bem com isso.

Maria: O que você acha? Que nossa filha é um cadáver, que ela não ta viva? Pensa comigo, se eu não tivesse feito isso, os médicos fariam, e você não teria nojo.

Vitor: Não é nojo, é medo.

Maria: Medo do que? Os médicos fariam a mesma coisa que eu, não tem do que ter medo, vai dar uma volta e já procura argumentos melhores, se não quer assumir sua filha não assuma, eu assumo muito bem o papel de pai e de mãe.

Vitor: Também não é assim, eu tenho medo de algo dar errado no futuro, de ela ficar com alguma doença, não quero me apegar a ela para perde-la de novo!

Maria: Vitor para de pensar no futuro, vamos viver o presente- ele me abraçou e beijou minha testa e a da nossa filha.

...........

To chocada.

Beijão.❤

Netas em ApurosOnde histórias criam vida. Descubra agora