Luna Wonder

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Era um dos meus últimos dias que acordava naquela casa que sabia que brevemente não seria mais minha. Como isso doía para mim. Tantos anos passei morando ali, minhas lembranças circulavam naquele lugar. Minha infância agora ia ser deixada para trás e alguém mudaria totalmente aquele local que um dia já chamei de lar. 

Era meu último dia de aula, me despediria de meus professores e de alguns colegas meus. Com outros em especial, certamente, faria uma pequena reunião em algum lugar um dia antes de mudar de cidade.

-Luna! Acorde filha -Berrou minha mãe da cozinha, no andar de baixo.

-Já estou indo. -Respondi desanimada.

Eu não culpava minha mãe por nos fazer ter que mudar de cidade. Meu pai morreu faz dois anos e desde então cuidar de duas filhas tem sido cada vez mais difícil. Eu e Alice, minha irmã caçula de 11 anos, estamos tentando ser compreensivas o máximo possível. Não têm sido fácil pra ninguém. Sinto muito a falta de meu pai e por mais que eu não esteja nada feliz com essa mudança, sei que ele não acharia certo desacatar minha mãe.

Ela recebeu uma oferta de emprego num escritório em uma cidade bem afastada, e teremos que sair da capital para morarmos lá, já que ela está desempregada faz 2 meses.

Já fazia idéia de como isso iria ser o caos...

Afastei meus pensamentos e vi que estava atrasada para a escola. Tomei um banho rápido e me vesti o mais rápido que pude.
Desci correndo as escadas, cumprimentei minha mãe e minha irmã e me sentei para tomar café da manhã.
Depois de comer, peguei a bolsa e embarquei no ônibus.

Combinei de entrar mais cedo com a minha turma, e minha mãe ainda tinha que levar Alice para seu colégio. Não daria tempo de pegar carona com ela. No ônibus, já não havia mais lugar para sentar, então sem a maior paciência, pus a mochila no chão ao lado dos meus pés e segurei em uma das barras. Depois que o ônibus deu partida, percebi um garoto com mais ou menos 16 anos, com cabelos castanhos em um topete todo bagunçado e pele bem branca sentado na minha frente, escutando alguma coisa em seus fones de ouvido, mas o que mais me distraiu mesmo foram seus olhos, de cor castanho claro cheio de mistérios.

Aquilo me fissurou tanto que quando o ônibus deu uma parada brusca, de repende me encontrei caída praticamente no colo dele! Que vergonha! A garota que estava do seu lado, reclamou baixinho e se retirou logo após, vendo que havia chegado em seu destino, praticamente pisando em mim.

~Continua~

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