Capítulo sete

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Will

Estava decidido, iria assumir a paternidade do bebê de Luiza, no lugar do meu irmão. Talvez fosse uma grande loucura, mas eu estava certo da minha decisão, pois mesmo que aquele pequeno não tenha meus genes, ele tem meu sangue. E nunca se deve abandonar alguém da família, não serei como meu irmão ou meu pai.
E sei que posso contar com o apoio do meu amigo JP, que quando soube o que eu iria fazer, disse que me admirava mas ainda,e que ele me ajudaria sempre que precisasse.

Assim que Luiza acordou, aproveitei que estamos sozinhos para abrir o jogo com ela, só espero que Luiza me aceite e não ache que fiquei louco.

_ Então, qual é o assunto tão sério que você tinha que me dizer? Luiza pergunta, sentado do meu lado.

_ Quero ser o pai do seu filho! Sou direto.

_ Você não está falando sério?

_ Nunca falei tão sério na minha vida! Respondo, vendo a expressão de Luiza mudar.

_ Will, isso não faz nenhum sentido, ...não é sua responsabilidade e sim do seu irmão, que fugiu sem se importar com nada.

_ Por isso mesmo Luiza! ....não acho justo, você ter que encarrar tudo isso sozinha, e aliás esse pequeno faz parte da minha família, mesmo seu pai sendo um tremendo de um babaca, ele ainda é meu irmão! ..e tenho certeza que será bem mas fácil, enfrentar seus pais se eu estiver do seu lado como pai do seu filho. Luiza apenas me olha, com aqueles olhos castanhos, e parecia estar avaliando tudo que eu disse, e tudo que desejava, e que ela me aceitasse.

_ Não seria justo! ..você teria que largar a faculdade, e sua vida aqui na capital, para ir comigo para Campo lindo! Ela diz,com o olhar perdido.

_ Na verdade,eu já não vou a faculdade à dois meses! Luiza me olha confusa.
_ Eu resolvi largar o curso de administração e fazer educação física, senhor Alberto Miller descobriu, e cancelou toda verba da faculdade e das minhas despesas, ...ainda disse,que não me aceitava mais na sua casa. Então estou vivendo do dinheiro do carro que vendi, e ajudando JP com seus pratos feitos, que ele vende aqui no condomínio. Relato, o fracasso da minha vida.
_ Talvez eu não seja, o cara mas indicado para ser o pai do seu filho, ..mas estou disposto a tentar! A encaro, esperando sua resposta.

_ Tenho certeza que não poderia encontrar alguém melhor, ...mas você tem que ficar ciente, que não será nada fácil enfrentar meus pais, e também o peso de ser pais tão jovens.

_ Isso significa que você me aceita? Pergunto, um tanto receoso. Luiza apenas confirma com a cabeça, e eu num impulso acabo abraçando, e percebo que seus cabelos tem um cheiro bom de flores, oque me deixa embriagado.

_ Desculpa, e que por um minuto eu achei que você não fosse aceitar! ..e sinceramente eu já me sinto pai desse pequeno! Comento, então vejo que Luiza estava chorando.

_ Ei! ,eu disse isso, porque quero ser sincero com você, e não ti fazer chorar! Digo, limpando seu rosto.

_ São de alegria! ,...seu carinho pelo meu bebê, faz com que eu sinta mas confiante, me da forças. Ela sorri.
E é exatamente isso que quero fazer por ela, lhe dar forças, e ajuda-lá no que for preciso!

*****
Os dias seguintes, eu e Luiza tratamos de nos conhecer melhor, saber tudo um do outro, já que passaríamos por um casal de namorados, e não poderia ter falhas. E um pouco estranho revelar todos meus segredos para uma garota, já que sempre fui um pouco reservado, e nunca tive um relacionamento sério.

_ Então quer dizer, que você tem medo de tempestades? Luiza diz entre gargalhadas.

_ Medo! ,...na verdade ele tem pavor, pois se esconde debaixo da cama toda vez que há uma tempestade, mesmo eu dizendo que ali não é o lugar mas seguro! JP me entrega, e eu lanço um olhar nada cordial para ele.

_ Muito engraçadinho vocês dois! ...estou morrendo de rir. Digo irritado.

Agora sei porque nunca namorei, gosto da minha privacidade, e prefiro não revelar como sou, pois não tenho uma vida perfeita como todos acham.
Mas saber sobre a vida de Luiza, foi bastante interessante. Como descobrir que ela tinha medo de lagartixa, e que não comia salsicha ,depois que vio numa reportagem como eram fabricadas. Mas a relação que tinha com sua família, e que me deixou com uma pontinha de inveja.

Ela me contou que adorava conversar com a mãe, enquanto elas lavavam a louça, e também ouvir as histórias do pai de quando ele era criança. E na suas tardes de domingo,ela sempre assistia desenhos animados com seus irmãos gêmeos Guilherme e Julia, enquanto comiam pipoca com cobertura de chocolate. E esse gosto um pouco estranho, fez meu estômago revirar. Luiza me contou também, que adorava olhar o avô Jose trabalhar na reforma de móveis antigos. E assim entendi,porque Luiza tinha tanto medo de decepcionar sua família, eles sempre tiveram uma relação de amor e cumplicidade, e mentir durante esse tempo para eles não deve estar sendo fácil para Luiza.

Tudo isso, porque meu irmão e um egoísta que só pensa em si mesmo, e em como ser o filho perfeito para meu pai. Apesar de tudo, Luiza tinha uma família de verdade, a minha era apenas uma mentira para iludir a sociedade de Campo Lindo.

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