Capítulo 5

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Victória Lennox

Fui jogada em uma cela. Tudo bem, foi exagero. Fui guiada até uma cela. Eu não podia acreditar que isso estivesse de fato acontecendo comigo. Quando Eric abriu a grade da cela eu ainda achava que não era real, que era tudo apenas um sonho.

— Está esperando o que para entrar? — Disse ele bruscamente.

— Não...vão me fichar? Tirar fotos minhas ou coisas assim?

— Amanhã faremos isso, temos coisas mais importantes para resolver na delegacia do que nos preocuparmos com uma riquinha mimada. — Disse ele com desdém.

— Tenho direito a uma ligação. — Falei cruzando os braços no peito.

— Sim, você tem. — Disse ele impaciente. — Agora entre na cela.

— E a minha ligação? — Estava hesitante em entrar na cela, aquela cama não parecia nada confortável e aquela pia no canto, era encardida e nojenta.

— Mais tarde. — Ele fez sinal para que entrasse na cela. — Agora entra na porcaria da cela, você está me fazendo perder tempo Victória.

— Eu quero fazer minha ligação agora. — Exigi.

Ele riu sem humor, me segurou firme pelo braço e me fez entrar na sala. Desta vez ele me jogou ali dentro mesmo, quase tropecei em minhas botas, quando me virei para protestar ele já havia fechado a cela.

— Eu disse que quero fazer minha ligação agora! — Ele sorriu presunçoso. E ao mesmo tempo que eu queria arrancar aquele sorriso dos lábios dele com as unhas, também queria mergulhar na sensação que seu sorriso causava em meu corpo.

— Você terá a sua ligação, na hora que eu decidir que você pode ligar. — Disse ele colocando a chave da cela no bolso das calças e cruzando os braços no peito. — Quem manda aqui sou eu Victória, não é a fazenda Lennox em que você era a princesinha da cocada preta; aqui você me deve obediência e respeito. — Sua voz grave e forte deixou minhas pernas bambas, precisei me sentar naquele colchão fino e fétido; para acalmar minha respiração.

— Eu...

— Fique quieta aí. — Ordenou. — Logo lhe trarão o que comer. — E então ele saiu dali e me deixou sozinha com meus pensamentos.

Porque eu tinha que ama-lo tanto? Deseja-lo tanto... recostei-me na parede e dobrando os joelhos abracei minhas pernas. Duas lágrimas escorreram por minha face, apenas duas lágrimas gêmeas...salgadas...solitárias. Se fosse há alguns anos antes, eu estaria muito feliz em estar presa, eu queria viver a vida intensamente e fazer tudo o que sempre me disseram que eu não poderia fazer. Ser presa seria um item a colocar em minha lista de bobagens, algo que foi cumprido com êxito. Assim como ir a uma festa de cowboys, namorar dois homens ao mesmo tempo..., mas foi em uma época diferente, em que eu era estúpida demais para me importar com qualquer coisa.

Pensei na minha ligação. Eu não ligaria para os meus pais, saber que eu estava presa os deixaria malucos. Tampouco ligaria para Valentina, ela tinha a vida dela e era feliz; eu estava cansada de sempre ser cuidada por ela; ainda mais agora, se ela estava mesmo grávida. Ah um sobrinho, um bebê... eu estava tão feliz pela minha irmã. Ela não precisava de aborrecimentos.

Devo ter cochilado pois despertei assustada quando uma bandeja foi colocada dentro da cela. Uma mulher de cabelos louro escuro, olhos verdes e lábios em formato de coração. Havia deixado comida ali, o cheiro fez com que meu estomago roncasse. Ela escutou o barulho e sorriu.

Entre o ódio e o amor - Série Lennox - Livro 10 (Degustação)Onde histórias criam vida. Descubra agora