E se eu...

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Estava frio? Lógico que estava! Era noite, era o Colorado. Passava lentamente pelas ruas indo em direção a escola novamente.
Quando cheguei na porta percebi. 'O que eu estou fazendo aqui?', pensei dando um peteleco na minha própria testa. 'Escolas não abrem a noite!'.
Me sentei num banco e fiquei observando o nada.
Acabei tirando uma bebida quente de dentro da bolsa e encarando a escola, sentindo o cheiro de eucalipto. Meu celular tocou na hora transmitindo uma vídeo chamada da minha mãe.

               Vídeo chamada/ on

Minha mãe me encarava um pouco preocupada:
– Cassandra, tudo bem?
– Tudo mãe, e já disse que Cass é melhor.
Ela sorri de canto e chama o papai para a conversa.
– Veja Dick, olhe sua filha mais nova, me diga o que vê? – Ela pigarreou e estalava freneticamente os dedos para que ele respondesse rápido.
– Minha garotinha! – Exclamou ele com uma... Seria lágrima? Essa descia levemente pela sua face cansada de quem trabalhou a vida toda para manter sua grande franquia.
– Sim... Nossa garotinha. – Minha mãe passou da feição séria para uma amável, voltando rapidamente para o estado inicial. – Não Dick, seu acúmulo de gordura de frango, diga uma mulher!
Eles olhavam cuidadosamente para mim sorrindo e eu, sem querer me manti naquele pequeno círculo, onde pude me sentir em casa novamente.
– Bom, temos que ir meu amor, se cuide! – Mamãe disse, sabendo que iria desabar se isso durasse mais.

                Vídeo chamada/off

No momento em que eu sai do aplicativo, eu ouvi um grito alto vindo de um dos becos que dividiam a escola dos alojamentos, da biblioteca e do refeitório. Guardei o celular na bolsa e fui correndo ver o que era. A cena de um garoto segurando uma arma e outro encostado na parede, tremendo e tentando, mesmo que em pensamento, atravessar aquele pedaço de concreto que limitava sua vida.
Me escondi em algum canto para que ninguém me visse.
– Jay... – Dizia um gemido trêmulo e apavorado. – Largue essa arma! Vamos... Vamos conversar!
Nada de resposta, apenas uma puxada de gatilho.
– Então diga logo que é você que está me mandando essas malditas cartas! Está me assustando! – Uma voz mais alta e mil vezes mais apavorada disse em resposta depois de tanto tempo.
– Eu já disse que não sou eu cara, eu... EU NUNCA FARIA ISSO! – A resposta veio no mesmo timbre e terminou como um grito.
'Droga... Como assim... Perai, ele disse cartas?'. Não seria certo intervir. 'Que se dane! Não estou em momento de fazer coisas certas!'. Sai de trás da parede que me ocultava e gritei com todo ar dos meus pulmões:
– JAY! LARGA A ARMA!
Tudo ficou em silêncio. Pude ouvir a arma caindo levemente no chão e o barulho dela tocando o mesmo me tirou do transe. Ele com certeza estava assustado, afinal, ele não teria coragem de matar nem uma mosca.
Tendo tempo para isso, estudei com cautela a feição do indivíduo. Seu rosto não tinha uma forma muito angular, sendo meio quadrado, os olhos azuis tão grandes que pareciam saltar do rosto e os cabelos castanhos caiam com leveza pelo rosto dele, sua pele parecia clara demais, dando para ver a enorme espinha que se instalava em seu lábio inferior.
– Quem... Quem é você? – Perguntou o outro garoto meio desesperado, meio aliviado por ter sido salvo de uma morte, ou uma parcial morte.
– Eu, tenho recebido cartas também. – Tomei coragem de alguém para dizer.
Vulto. Foi o que eu virei após um movimento rápido de Jay que me puxou para não sei aonde, deixando um rostinho apavorado para trás.
– Oi... Para onde estamos indo? – Disse depois de um tempo caminhando.
– Você poderia simplesmente calar a boca? – Ele disse fitando seus passos com aqueles olhos gigantes e mentalizando uma rota desconhecida.
Acabamos parando na ponte que eu havia passado mais cedo. Ele me soltou, encostou na amurada e encarou o horizonte nada bonito de Grandom.
– Você então anda recebendo cartas? – Ele disse sem olhar para mim.
Fiquei em silêncio por um minuto fitando aquele par de olhos azul escuros se confundirem aos poucos com a noite.
– Sim, endereçados a Mellie, Mildred Ginger, que, pelo que eu saiba...
– Está morta. – Ele completou tirando um pedaço de papel do bolso.
Era exatamente igual aos que eu havia escrito mas com uma pequena diferença, eles eram endereçados a Peter.

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Olá meus moransangs! Olha eu aqui novamente! Espero que vocês estejam gostando da história. O que acharam do novo personagem? Digamos que vocês ficaram confusos ou receberam uma luz gigante sobre suas cabeças?
Não esqueçam de votar na história da Unnie ok? :3
Kissus Kawaii 💋
XOXO

Querida Mellie...Onde histórias criam vida. Descubra agora