...Pular da ponte?

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"Pet,
Faz algum tempo que começamos a namorar não é mesmo? Afinal, eu não costumava te dar muita bola até você... Bem, me salvar. Eu estava realmente assustada ao ver você segurando aquela arma, e sim, eu, de alguma maneira estava preocupada com a pessoa na nossa frente, mas o que eu podia fazer, você me defendia! Resolvi parar de reviver esse tipo de momento e ficar confortável em nosso presente.
                 Com amor,
                                        Sua Mellie."

Eu realmente me demorei a ler pois não estava conseguindo me concentrar com uma pessoa totalmente muda na minha frente.
– E então? – Perguntei.
Pelo pouco que eu conhecia aquele garoto (não mais que 30 minutos) ele parecia ser uma pessoa que pensava bastante em suas respostas é... Ele sentou na amurada da ponte e colocou as pernas em direção ao lago.
– E se eu pular daqui? Será que eu sobreviveria? – Ele indagou calmamente.
Eu estava totalmente em prantos. 'Droga de vida! SÉRIO QUE EU TERIA QUE ESTAR ENVOLVIDA COM UM LOUCO SUICIDA?'. Olhei para os lados e tentei responder no tom mais calmo que eu conseguia:
– Digamos que vai doer muito e não, você não sairia nem inteiro.
Os olhos que pareciam saltar para fora agora estavam arregalados, o que piorou tudo.
– QUE INCRÍVEL! – Ele disse colocando as pernas para o lado de dentro novamente e pisando no chão.
Depois voltou a encostar na amurada e disse:
– A algum tempo atrás eu realmente pensei na possibilidade de morrer, algo como "será que valeria a pena?". – Ele disse sem me olhar. – A propósito, qual o seu nome?
– Cassandra...
– Cass, a garota do balde de frango? – Ele completou me interrompendo e fazendo um perfeito "O" com a boca.
– Você estuda na mesma escola que eu? – Perguntei.
– Sim, sou do segundo ano, mas acho que você já ouviu falar de mim, Jackson... Jay, como quiser me chamar. – Lembrei de gritos de uma mãe na escola e muitas meninas comentando sobre um louco que subia no terraço para observar a vista em beira morte.
– Agora faz todo o sentido. – Eu sorri de canto.
Encarava silenciosamente o pouco movimento de carros e me surpreendi ao ver as horas.
– Meu Deus! Já é tarde, tenho que ir, amanhã tem aula!  – Disse já pronta para correr.
– Tudo bem. – Ele não tinha me olhado nos olhos nenhuma vez. – Mas agora somos uma equipe não é mesmo?
– SIM! – Eu gritei de longe e só consegui vislumbrar ele se distanciando para o lado oposto ao meu e uma senhora, um pouco mais velha que minha própria mãe caminhando lentamente em sua direção com um rosto de preocupação que parecia não desaparecer a anos.

Querida Mellie...Onde histórias criam vida. Descubra agora