Capítulo 1

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Stiles Stilinski saiu do quarto e percorreu o longo corredor, com a face corada pela raiva e as mãos cerradas em punho. Os ombros largos, um pouco inclinados para a frente, lembravam um touro pronto para investir.

A jovem criada Eleni, que caminhava em sentido contrário, assustou-se e espremeu-se contra a parede a fim de lhe dar passagem. Foi o tempo suficiente para sentir apenas a respiração forte e ofegante do patrão, que passou por ela como um raio.

Chegando às escadas, venceu os lances com incrível velocidade, só dando para se ouvir o som das solas dos sapatos de couro legítimo chocando-se contra o piso de mármore italiano.

No andar térreo, cruzou o hall e, após rápida pancada numa das portas, entrou no quarto da tia, esbravejando:

- Sabe algo sobre isso? - perguntou, exibindo o pequeno pedaço de papel que até então trazia apertado entre os dedos.

A irmã de seu pai, uma idosa solteirona, ergueu uma das mãos para pegar o amarfanhado papel. Depois o colocou sobre o colo e com os longos e pálidos dedos alisou-o de forma a poder verificar seu conteúdo. E com a voz estridente procedeu à leitura:

- Nosso casamento está acabado. Meu advogado entrará em contato para requerer o divórcio.

Cada palavra pronunciada pela tia tinha o efeito de flechas disparadas bem no centro do coração de Stiles.

Apenas três meses de convivência e Lydia sentenciara à morte o relacionamento, sem nenhuma outra explicação.

Nada! A não ser o pequeno bilhete posto em cima de um dos travesseiros da cama de casal. Como ousara?

- Ela desonrou o nome dos Stilinski! - exclamou Stiles com profundo desgosto.

Com muita calma, a tia, que já passava dos 70 anos de idade, largou o papel amassado em cima da pequena cômoda mais próxima e secou o suor dos dedos num lenço de seda. Em seguida, ergueu os olhos cansados, mas ainda mordazes, e declarou:

- Foi você quem desonrou o nome da família quando se casou com ela! - Alexandra Stilinski pronunciou aquelas palavras sem o mínimo de compaixão. E para pisotear ainda mais o amor-próprio do sobrinho, acrescentou: - Não passa de uma aventureira interessada num vantajoso acordo de divórcio. Um preço alto a pagar por uma tentativa frustrada de ter um herdeiro! - exclamou, e recostou-se na poltrona outra vez.

Após ajustar os óculos, apanhou o livro que havia abandonado na mesinha-de-cabeceira quando Stiles entrara e retomou a leitura, num claro gesto de dispensa. Porém, antes que o sobrinho saísse, aproveitou para avisar:

- Respondendo ao que veio me perguntar, informo que não sei nada sobre o motivo pelo qual ela o abandonou. Nós duas nunca fomos confidentes e jamais fiz questão de me tornar sua amiga. - E deixando escapar um sorriso de malícia, disse: - Se eu fosse você, examinaria o conteúdo do cofre de jóias para conferir se está faltando alguma.

Stiles mordeu o lábio inferior e girou nos calcanhares, saindo apressadamente.

As suposições venenosas da tia o atingiram em cheio. Mas não poderia culpá-la. Qualquer um pensaria da mesma maneira diante da inusitada atitude de Lydia.

Em segundos ele estava outra vez nos aposentos que dividia com a esposa, abrindo portas e gavetas. De vez em quando, olhava pelas amplas janelas e apreciava a vista da Acrópole.

Quando terminou a busca, concluiu que Lydia não levara nada além da roupa do corpo, do passaporte e de uma bagagem de mão. As jóias continuavam, todas, no cofre. Será que só o que lhe interessava era o acordo bilionário a ser obtido com o divórcio? As palavras da tia bailavam em sua mente.

Broken  (Concluída)Onde histórias criam vida. Descubra agora