Capítulo 2

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Lydia se aproximou da porta do lado do passageiro que Stiles mantinha aberta. Até mesmo na escuridão da noite podia notar-lhe as feições contorcidas pela raiva.

Ela engoliu em seco várias vezes. Era a primeira vez que o via tão zangado. Talvez aquela fosse a verdadeira natureza do homem que um dia tinha julgado tão gentil e amoroso, pensou.

— Entre logo! — exigiu ele, e depois, com uma entonação mais suave, prosseguiu: — Trarei você de volta logo pela manhã. Dou-lhe minha palavra. Até lá, é melhor deixá-los acreditar que estamos resolvendo nossos problemas.

— E por quê? Não são crianças para serem tapeados com contos de fadas!

— Vou lhe dizer o motivo — ele disse com impaciência. — Mas não aqui!

Lydia fez um biquinho de teimosia. Estava acostumada a ter tudo que queria no mesmo instante em que pedia porém Stiles não estava com humor para satisfazer-lhe o desejos.

Ela considerou a hipótese de sair correndo, entrar na casa e trancar a porta. Depois, acordaria os pais e perguntaria por que Stiles estava dizendo que eles estariam ameaçados de ficarem "sem teto"?

Mas para fazer isso, primeiro precisaria passar pela barreira humana bem na sua frente. E ele não parecia nada amigável. Ela não conhecia esse lado da personalidade do marido. Mas com certeza sempre existira. Aliás, muito bem escondida na fachada de um casamento perfeito, que tinha como único objetivo gerar um herdeiro para dar continuidade à linhagem dos Stilinski...

Stiles não faria ameaças em vão, ela considerou com desgosto. Ouvira falar da forma rude com que conduzia os negócios. Agora ela comprovava isso com as atitudes grosseiras que nunca observara antes.

Não poderia expor a família à fúria daquele grego poderoso.

Por isso, optou por entrar no carro. Mal se acomodou e ele bateu a porta com força. Ela sentiu o corpo estremecer. Precisava reunir toda a coragem para enfrentá-lo. Era a única chance de ajudar a família. E pelo menos, por enquanto, tinha a promessa dele de que iria ajudá-los.

A curta viagem até o centro da cidade foi feita em total silêncio. Ao contrário do que fizera com o motorista de táxi, ela não precisava indicar as direções para Stiles.

Ele dirigia através da estreita e sinuosa estrada com grande habilidade e parecia ter decorado o caminho da casa dela até o hotel onde havia se hospedado três meses antes, época em que planejou a desprezível trama de convencê-la a casar-se com ele.

Lydia amargurou-se por não ter tido a idéia de ir para outro lugar qualquer, onde ele não a encontrasse.

E, sem querer, contraiu os dentes com tanta força que até sentiu o queixo doer.

Teria sido muito mais fácil para esquecer o quanto o amava e deixá-lo livre para encontrar outra fêmea fértil que lhe desse o filho que desejava, já que esse era o único motivo pelo qual Stiles se casara com ela, concluiu em pensamento.

Porém, nunca imaginara que ele a perseguiria até a casa onde morava a família dela. Apenas daria de ombros e se asseguraria de que ela não recebesse nem um centavo da fortuna dos Stilinski por ter abandonado o lar. Com certeza, os advogados de notável competência que assessoravam o grego se encarregariam dessa tarefa.

Depois ele encontraria outra tola qualquer para produzir um herdeiro. E quando quisesse se livrar dela, promoveria um divórcio conveniente e requereria a guarda do filho. Uma pobre coitada como ela, filha de pais humildes, jamais poderia vencer os poderosos Stilinskis num tribunal.

Broken  (Concluída)Onde histórias criam vida. Descubra agora